8/29/2013

Lu Jardinadora - a gatinha punk

A Lu não foi a mais linda das gatinhas que eu já tive. Nem a mais peralta. Nem a mais próxima, no começo. O que ela foi, desde o começo, foi a Lu Jardinadora. Ela nasceu na casa das jabuticabas e, enquanto todo o resto da trupe preferia ficar pelos lados, nos terrenos vazios por perto, ela era a única que sempre estava na parte da frente, no jardim. Sempre foi mirradinha, herança da matriarca, Manuela, mignonzinho, como eu dizia. Por ser pequenina, aparentava uma fragilidade. Até que um dia descobri seu lado b. Indo pro trabalho uma manhã, eis que vejo a mocinha saindo da valeta, descobri que ela era uma esgoteira. Foi um achado pra nós e desde então ela virou a nossa gatinha punk, a felina underground da família. Ela era irmã do Lo, um gato sem vergonha, maravilhoso de lindo, preto também, que depois de uma briga simplesmente sumiu. A última coisa que lembro são seus olhões amarelos bordados, me olhando pelo vidro da janela e eu dando de dedo nele. Nunca mais o vimos. Por esta época ele andava atormentando as gatas, possessivo que só, achando que a casa era só dele. A partir do instante em que ele foi embora, a Lu começou a ocupar o seu espaço na minha vida, muito mais próxima de mim. A cada dia, ela ficou mais e mais e foi entrando para ala das “mais experientes” da família - era a sobrevivente, como a Tigra. Ela não foi escolhida por nós pra ficar na casa. Ela ficou. Desde 11 de outubro de 2001. Ao lado da Tigra e da Baby nesses últimos 4 anos virou uma das mais velhas da família. Aqui na casa do Abranches ela fez valer ainda mais o nome Lu Jardinadora, porque achou um cantinho, do tamanho dela, bem ao lado do portão, embaixo de um pequeno arbusto que lhe fazia sombra e a mantinha quentinha ao mesmo tempo. Passava horas ali, esparramada no cantinho dela. Perdi 'a' foto, dias antes de tudo acontecer tão rápido. Aqui na Casa do ABranches, alias, nesses últimos 7 anos, nossos laços se amarraram ainda mais e ela, visivelmente, foi se achando mais e mais a minha dona. Eu fui o tapete, o colchão, a cama dela, o travesseiro, a escada, o puleiro dela. De dia, ela ficava lá fora. Era chegar em casa e sentar em frente à televisão, que lá vinha minha pequenina, esticando suas patinhas em direção ao meu rosto, querendo mordiscar a ponta dos meus dedos. Com o sofá, ela parecia mesmo estar dormindo tranquilamente em cima da minha cabeça, dependendo do lado que se olhasse. Conversava comigo sim, com seu miadinho pequeno, suave como ela. Era a mais relax, me acalmava; ouvia música com a gente e dançava comigo – ela achou um jeito de ficar no meu colo, não importando o movimento que eu fizesse: ela se adaptava. Não tem como não rir, lembrando disso. Um riso molhado, mas é um sentimento bom. De repente, em questão de dias, começou a emagrecer. Mas, como sempre foi magrinha, demorei a perceber que não estava comendo direito, nessa correria. Minha culpa. Eu não percebi. E ela não reclamou de nada. Não teve dor, não se machucou. Nada. Quando notei a diferença comigo já era tarde. Simplesmente, no dia 15 de agosto, ela foi para o médico, pois por ser velhinha e gata, ele preferiu fazer exames. Ela não voltou. Foi o mesmo dia em que meu pai morreu. Em questão de duas horas, a entreguei para a clínica naquela caixinha que odeio e recebi uma ligação do hospital. A notícia sobre meu pai chegou antes; a dela só soube na manhã seguinte. Uma intoxicação a levou junto. Não teve como saber se algo que comeu, se envenenamento, e também não importa. Menos de 12 horas e ela não resistiu. As tristezas se juntaram e só sobrou o não saber o que dizer, essa sensação estranha de estar quebrada, zonza, meio grogue. E outro lugar vazio, agora no jardim. E essa vontade de chorar, chorar, de ter feito tudo diferente, de ter prestado mais atenção, que bate junto com a saudade... enfim, esses buracos que se abrem na gente quando a gente perde alguém muito importante. O amor dela por mim era perfeito. E ela não exigia (quase) nada. Só estava ali. E bastava ela estar ali para eu estar calma, tranquila. E para ela, bastava saber, parecia, que eu voltaria. Eu vou continuar voltando. Mas, aquela hora de não fazer nada, não vai mais ser igual. Vai faltar a Luluzeba sentindo um cheirinho bom no ar e chegando apressada para participar da roda. Vai faltar o peso dela passeando em cima de mim; não vai mais ter motivo pro Ivan zoar comigo por conta da gata “em cima da minha cabeça”. E aquele cantinho no lado do portão que sempre que saio atrai meu olhar – para logo lembrar que não, a Lu não vai mais estar ali. nada do que eu faça vai mudar isso. É ali que pretendo plantar uma flor bem linda pra minha pequenina ficar sempre por perto. No jardim que ela curtiu muito mais do que eu!

8/05/2013

Radiocaos no Parque S. Lourenço

Uma tarde linda, num dos parques que mais curto da cidade - difícil isso, com tantos lindos. Radiocaos deu ainda mais charme ao parque ontem, com convidados bacanas, boa música. Fiz alguns cliques!