7/10/2013

Tô com fome desde ontem (Ou Viva a Baixa Gastronomia!)

Não costumo escrever sobre gastronomia, mas lendo o caderno Comida, da Folha de hoje, fiquei cheia de vontades: de comer uma comidinha bem brejeira, calmante e, portanto, com sabor de "comer em casa". E também de escrever sobre o que penso disso tudo. Pra começar, seria bom se tivessemos, também aqui em Curitiba, opiniões especializadas mais críticas e não apenas essas impressões de 'release' cheias de frases de efeitos e termos estrangeiros, supostamente chiques (que eu acho de um colonialismo constrangedor, na maioria dos casos). Tá, tudo bem, como não acompanho disciplinadamente as publicações do ramo, posso estar perdendo algo e aceito de bom grado, indicações para leituras mais apuradas neste campo - embora, já confesse de antemão muito mais disposição para experimentar do que ler, neste caso. Não pretendo frequentar os chamados "espaços gourmet" de preços absurdos. Quando quero passear no outro lado, e se é pra pagar caro, tenho cá meus (velhos) endereços certos (de guerra, como o querido Old West, ao qual voltamos, eu e ivan, dia desses, depois de muitos anos. Não foi surpresa - mas sim uma imensa alegria - comprovar que eles continuam como eram nos anos 90. Prepare o bolso, mas saiba que vai provar pratos de alto nível e não enganações visuais que assustam o apetite e só apavoram o bolso. E tem ainda o ambiente - se é pra decoração ser tããão importante, que seja a luz de velas -, deliciosamente noturno, do tipo que dá vontade de chegar mais perto; e o atendimento simpático, gentil e eficiente sem ser ostensivo (odeio, quando ficam do meu lado esperando... e também odeio quando já escolhi e não aparece ninguém para anotar!). ******** Tá, mas quero mesmo é falar do dia a dia, porque ontem vivi um dia tragicômico em termos de comida, em Curitiba. E a culpa foi toda minha.***** Já faz tempo que me causa espanto a conformação das pessoas em relação aos preços abusivos cobrados por comidas absolutamente sem sabor, sem vida! Tão frias que causam um imenso desgosto ao (meu) estômago, coração e cansam a mente - sim, porque sempre fico pensando como é que pessoas inteligentes, com bom gosto como algumas que já conheci se deixam engabelar por essa falta... de tudo, né?! Eu sou mesmo é da Baixa Gastronomia. Adorei quando surgiu o termo, o blog, pois ficou evidente que era daquilo que tanto falávamos aqui em casa, gostávamos e procurávamos em Curitiba - em especial os maravilhosos PFs, que, parecia, tinham sumido do mapa para dar lugar aos tais "pratos executivos". Eu sempre lembrava é do "sortido" que servíamos no bar do 'seo' Perin láááá atrás... TEm outro detalhe, no dia a dia, eu até tento me conformar, mas em geral me recuso a pagar 9, 10 reais pela comida que tá rolando por aí - acabo preferindo lugares por peso (ok, Barcinski, hoje também concordo que é comida morrendo!) e como pouco. A não ser quando estou com muuuita fome, mas daí tenho endereço mais do que certo nestes tempos de BG: Nonna Giovana, na São Francisco, imbatível pra mim desde a segunda vez que entrei lá. E o pf da Ivete,na Mateus Leme e, principalmente, o pf dos chineses, na José Loureiro (neste, tem inclusive um 'meio-prato' com a quantidade ideal para a fome do meu tamanho. Ele me lembra o saudoso Ginjinha que, se existesse agora seria astro da BG também, alí pertinho da Gazeta). Esse virou meu triunvirato alimentar da região central de Curitiba. O único problema do Nonna, repito, é o tamanho dos pratos. Lá mesmo com muuiuita fome, não dá pra ir sozinha: é muita comida. e eu fico com peso na consciência por deixar comida no prato. Gosto muito também do velho amigo de guerra Mignon e do bar do Silvio, mas tenho ido pouco ao primeiro e o segundo também é muita comida para eu sozinha. É para dias com companhia. Só de pensar nesses lugares - em especial o Nonna - meu estômago já fica histérico. KKKKKKKK ************* Tudo isso para contextualizar o que significou meu dia ontem. Cometi um erro e não fui no PF por causa do horário - e porque agora que mais gente sacou o quanto é bom, sempre falta mesa nos horários de rush. Acabei, morrendo de fome, já no final da tarde, parando numa dessas franquias de grife de sanduíche. Conheço muito gente que gosta e não vou falar o nome, vou deixá-los deduzir porque é bem fácil. Tadinha da minha amiga que tava junto e do rapaz de me atendeu porque quando comecei a olhar os ingredientes já cortados na minha frente... e olha que eu fui discreta porque tô tentando ser menos bocuda! Mas, não tem jeito: como é que alguém consegue comer - e gostar - daquilo? O que pedi tinha churrasco no nome: um pedaço nojento (desculpe, mas esta é a única palavra que cabe. Me dá enjoo até agora pensar que comi aquilo. É que, de novo, to tentando ser menos intransigente e mais compreensiva com situações sem remédio para remediar. E,já que eu já sabia que não gostava, e mesmo assim decidi arriscar, eu que, ao menos, reclamasse pouco e saísse logo dali) "Aquilo" - o tal churrasco do nome - era um filezinho retangular disforme, que depois notei ser hamburguer, na verdade - nesses lugares a 'carne' é sempre hamburguer?. Carne 'vermelha' com uma cor escura mas meio esbranquiçada. Senti de longe que tava gelaaaado. Eu sei que fiz careta e foi nesta hora que pensei, de novo, desista que ainda é tempo, desista. O pão não era do dia - gente, tenho certeza disso, deu pra ver que era pão velho quando o rapaz cortou, tava borrachudo. ********* Bem feito pra mim, sei que deveria ter continuado procurando uma lanchonete para comer um belo X-Bife (hum, como o da Ivani, ali do lado do JE). Mas, enfim, o tempo me chamava e comi aquele negócio apesar da cara feia do meu estômago e do meu apetite, amuado pelo péssimo tratamento que dei a ele, exatamente quanto ele ressurgiu depois de outra temporada longe.******* Fui fazer o que tinha pra fazer e já a noitinha, bateu aquela vontade, ainda não saciada, de uma "boa porcaria" e resolvi (ah, tá bom, não sei o que me deu na cabeça ontem, tava com problema, confesso!KKKKK)encarar a batata-frita, única coisa que acho comível da mais famosa dessas franquias de fast food. Não é possível que eu esteja tão errada, mas alguma coisa está acontecendo. O brasileiro está percebendo o que empurram para ele moído no meio das fotos e propagandas alegres da turma? O clima era de total decadência, total mesmo, ali naquela lanchonetona da boca maldita. O negócio tá falindo e eu que não sabia, né? Só pode. Fiquei impressionada. salão enorme fechado, nem meia duzia de pessoas e uma meninada de funcionários toda cheia de risadinha, atrapalhada; cliente dando um toque de algo relacionado a higiene de um deles... e pra completar, até a famosa batata-frita tava uma porcaria - sabe quando não frita tudo direito e fica umas partes mais 'al dente'? Pode até ser que as outras lojas da franquia não estejam tão ruins, mas eu saí dali impressionada com o grau de ruindade que este tipo de comércio, como todo o peso de suas publicidades, foi capaz de chegar. Será que no mundo todo é tão abaixo da crítica assim? e pensei, rindo sozinha pelo calçadão em direção à Rui Barbosa para encarar a capoeira mesmo mal alimentada: viva a Baixa Gastronomia! Foi trágico, mas foi cômico. Escolhi o bom humor, depois das minhas péssimas escolhas do dia. Agora, esse papo aumentou a fome. Vou terminar meu almoço bem gostoso, bem caipira, colorido, fresquinho, quentinho e beeem brasileiro! Que eu mereço! Afinal, tenho muito trabalho pela frente e eu tô com fome desde ontem! (adri)

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