12/11/2013

Uma celebração da capoeira

É com muita alegria que faço parte dessa história: no sábado meu mestre de capoeira, Kinkas, recebe a corda branca uma honraria para poucos e muito merecida, porque esse cara dá até o sangue, se preciso for, pela capoeira. Admirei ele e contramestra Áurea logo que os conheci, há 13 anos. Ao longo deste tempo essa admiração só aumentou por notar a garra, a força desse casal que me emociona por sua dedicação a esta arte brasileira que me ensina todo dia a conviver com o diferente. Amo ser uma praticante de capoeira, mas estas pessoas do Grupo, vão muito além disso. A vida delas realmente é a capoeira, todos os instantes, todos os dias... Mestre Kinkas, criador do Grupo Força da Capoeira, recebe a Corda Branca, neste sábado, em Curitiba. Honraria é um reconhecimento pela dedicação à capoeira No próximo sábado, 14/12, capoeiristas de vários lugares do Brasil estarão reunidos em Curitiba para a entrega da corda branca a Joaquim Guedes da Silva Alcoforado Neto, o Mestre Kinkas, criador do Grupo Força da Capoeira, que atua há mais de 20 anos em Curitiba. A cerimônia faz parte da programação do Circuito Mestre Kinkas, evento que teve duas etapas preliminares em Recife e no Rio de Janeiro e encerra em Curitiba com uma extensa programação que culmina com a entrega da honraria. A Consagração da Corda Branca simboliza o reconhecimento pela dedicação à capoeira. No sábado serão apresentadas também coreografias de maculelê, frevo, coco, xaxado e caboclinho. Ao longo da semana, dois Batizados, várias rodas e cursos de capoeira estão acontecendo para marcar a data. Os Batizados são as cerimônias de entrega de cordas com as novas graduações para os alunos que treinaram ao longo do ano. Estão representados no evento os grupos Axé Liberdade, Volta que o Mundo dá!, Jogar Capoeira, Núcleo de Capoeiragem, Beribazu, Nagô, Capoeira Angola Resistência e Arte, Kauande, Centro Paranaense de Capoeira, Senzala, Malta Senzala, Moleque é Tu e Meia Lua Inteira. Entre os Mestres confirmados estão Birilo, Mula, Renato e Marco Angola (PE), Pequinês (GO), Xangô, Jorge e Portuguesa (RJ), Déa, Sergipe (CWB), os contramestres Carlos Ferraz (CWB), Douglas (PE), Carla (SC) e Renan (ES). Os cursos serão ministrados, nesta sexta e sábado, pelos Mestres Birilo, Xangô, Portuguesa e Pequinês. As inscrições podem ser feitas na hora, ao custo de R$65,00. Kinkas recebeu a corda vermelha, de Mestre, em 1996 em Recife, onde ele começou a praticar a capoeira, ainda na adolescência. Ele veio para Curitiba com a esposa, a contramestra Áurea, no final dos anos 80, e juntos fundaram o Grupo Força da Capoeira em 1993. Ao longo de duas décadas, Mestre Kinkas construiu uma carreira de respeito dentro da capoeira, com uma atuação diversificada em academias e em projetos sociais da prefeitura de Curitiba. Participou também de projetos do Ministério da Cultura e eventos internacionais. Atualmente, o Grupo Força da Capoeira tem professores nos bairros do Sítio Cercado, Uberaba, Santa Felicidade, além de atuar também no ensino infantil da capoeira em algumas escolas municipais da cidade. Um diferencial do Força é exatamente o ensino da capoeira para crianças, que terá inclusive curso voltado a capoeiristas que querem seguir este caminho, com dois especialistas no assunto, os mestres Xangô e Portuguesa, de Niterói, nesta sexta-feira. Um diferencial do Força da Capoeira é o ensino de danças da cultura popular como xaxado, coco, frevo, caboclinho, puxada de rede e maculelê, que sempre ganham coreografias especiais nesta época. Serviço: Circuito Mestre Kinkas - Consagração da Corda Branca. Dia: de 12 a 14/12/ 2013 em diferentes endereços ( programação em anexo) Consagração da Corda Branca: dia 14/12 às 15h30. Sociedade 13 de Maio (R. Clotário Portugal, 274 - Curitiba) Entrada franca para os eventos. Cursos: R$65,00 Informações: 41 99021814 (Rubí) e 41- 88490600 (Larissa) Forca.da.capoeira@gmail.com Links de vídeos com rodas do Grupo Força da Capoeira: http://www.youtube.com/watch?v=MiAJA0hQSYk http://www.youtube.com/watch?v=-b_u8_ta8P0

11/18/2013

Banda Imof faz show com convidados no Paiol e lança single pelo sistema "pague com um tweet"



Apresentação terá participações de Fábio Elias (Relespública) e Igor Ribeiro (Humanish);
a canção “Chuva” será disponibilizada para download gratuito através do "Pague com um Tweet", um sistema de pagamento que usa as redes sociais, além de distribuída em CD

A banda Imof lança no próximo dia 21 (quinta-feira), no Teatro Paiol, seu novo single, “Chuva”, em show que celebra o encontro de amigos e parceiros de longa data da cena musical de Curitiba. A canção que dá nome ao show e ao single é uma balada folk que marca a nova parceria de Ivan Santos, vocalista e compositor do grupo com o baixista Rubens K, e também apresenta uma prévia do EP “Um começo outra vez”, gravado pela Imof no estúdio Montana, e em fase de finalização.

O show terá ainda a participação de Fábio Elias, guitarrista e vocalista da Relespública, e Igor Ribeiro (Humanish), dois músicos curitibanos com quem Ivan mantém um produtiva relação de amizade e parcerias musicais desde os anos 90. Com Fábio Elias, ele dividiu os palcos em uma breve passagem como vocalista da Relespública, em 1994. Com Igor, fundou em 1997 a banda OAEOZ, que durou onze anos, lançando cinco discos.

“Chuva” foi gravado entre agosto e setembro de 2013, no Estúdio Montana, de Luciano Frank (ex-Copacabana Club), com direção musical de Aguinaldo Martinuci, guitarrista da Imof. A gravação, mixagem e pós-produção foi comandada por Fernando Lobo, baixista do grupo. Outras cinco canções inéditas integram o EP, que deve ser lançado no início de 2014.

No show, Ivan (violão/voz), Martinuci (piano/guitarra), Fernando Lobo (baixo) e Osmário Júnior (bateria), recebem o reforço de Fábio Elias em duas canções do novo EP: “Faz de conta” e “Sem acreditar”. Igor Ribeiro empresta seu sax a “Imperfeição” e “Histórias de um tempo fechado”, canções lançadas pela Imof em seu primeiro single, em agosto de 2012.

A apresentação começa às 20h30, com ingressos a R$15 (inteira) e R$7,50 (meia). O single será disponibilizado para download gratuito através do "Pague com um Tweet", um sistema de pagamento social, onde você oferece algo para as pessoas e elas pagam divulgando em sua rede social. Além disso, os cem primeiros que pagarem ingresso (inteira) ganham o exemplar do single em CD físico no dia do show, com direito a bela capa assinada por José Carlos Branco (andula). “Chuva” é um lançamento do selo De Inverno, criado por Ivan e pela jornalista Adriane Perin.

Nascida em 2012, a Imof tem em sua formação músicos experientes e com longa história na música alternativa paranaense. Ivan foi vocalista e compositor da banda OAEOZ, e é criador, junto com Adriane, do selo De Inverno e do festival Rock de Inverno. Osmário integrou as bandas CMU Down, UV Ray, Dive e Sofia; Fernando Lobo tocou com ESS, Tod´s e Goticos 4 Fun, além de atuar também como produtor, e Martinuci encabeça o projeto Stilnovisti, que acaba de se apresentar no Sesc Ipiranga em Curitiba e começa a preparar seu segundo álbum.

Serviço
Quando: Imof no Teatro Paiol: Lançamento do single Chuva
Quando: 21/11/2013 às 20h30.
Quanto: 15 ( cem primeiros ganham o single) e R$7,50
Onde: Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/n)

BAIXE PELO "PAGUE COM UM TWEET"




Para ouvir:



10/31/2013

ruas

O bairro tinha quatro ruas, todas com nomes de escritores,
mas ninguém por ali, sabia.
E a placa azul na esquina ficou pálida sem que os garotos a notassem.
E finca sua estaca na porta!
Toda manhã ela fazia o mesmo trajeto: saia de casa por volta das 8h, com um agasalho verde musgo.
Fizesse frio ou calor, ela com ele. Sempre. Combinando mais ou menos com a blusa ou camiseta.
Ela parava na esquina do ponto de ônibus, pois sempre havia algum conhecido para dizer bom dia!
Seguia, então, ao boteco da esquipa para o desjejum: café com leite naquele copo grande – mais café, que é pra acordar – e um pão d'água, ás vezes com mortadela, noutras só com a manteiguinha da casa – aquela que a patroa do boteco colocava na mesa de sua cozinha toda manhã.
Antes, o cheiro da lenha nem era algo pra ser notado, todo dia estava ali tomando conta de tudo; comum, forte – deixaria marcas que ela nem imaginava.
Nossas verdades e certezas impediram de conhecer os outros medos e inseguranças. E assim, seguimos longe, talvez mais do que gostaríamos e admitimos, daquilo que acreditamos.
E por isso ela não perdeu tempo pensando muito nisso. Só agora, que o tempo passou e ela vai sozinha tomar seu café da manhã, sem sentir o cheiro da lenha queimando no fogão de ferro, é que percebe.
Sentada no cantinho do balcão é a única mulher no lugar. Observa, tentando disfarçar, os movimentos. Martelinhos na mão, eles começam seu dia. E o deixam passar assim, sem uma razão aparente, só esperando que tudo escape entre os dedos e a lua anuncie que é hora de voltar para aquele silêncio. Não é um silêncio ruim. É só o silêncio de quem não quer dizer mais nada. De quem sente que não tem nada para dizer.
Na volta, com seus passos sem pressa, olha outra vez praquela velha placa azul com o nome do bairro e da rua. O número é mesmo. As pessoas não.


tudo errado

Às vezes eu penso que fiz tudo errado.
Você nunca?!
E um frio gelado,
com o dedo em riste na tua cara,
atravessa a sala.

sorrir

eu queria acreditar em você
conseguir,
olho no olho,
sorrir
mas esse meu peito espremido aperta a garganta
seca
a voz treme
e só o que resta é uma porta entreaberta
sorrateira,
apaga a luz depois de sair
fecho os olhos
eles ardem e doem...
deixa isso pra lá
agora, dorme!


arredia

Alheia aos dois ela dorme
e sonha entre histórias perdidas
nas noites arredias

em que se agarra nas canções

Enxurrada

Sil saiu caminhando na chuva em direção ao portão. Não havia mais nada a dizer portanto também não havia o que fazer naquela hora. Era melhor mesmo caminhar um pouco e deixar a chuvinha fina que ameaçava engrossar bagunçar as luzes fracas que iluminam o parque. Guardou o óculos no bolso, acendeu um cigarro e tentou puxar o gorro o suficiente pra formar uma aba de proteção. A imagem dele falando coisas que ela não entendia sobre coisas que não aconteceram, como se mesmo vivendo na mesma casa há 10 anos tivessem estado em terras distantes, confundia tudo que acontecera nos últimos 60 minutos.
Sil nem sentiu quando uma pessoa passou a seu lado apressada esbarrando na bolsa com seu computador, única coisa que pegara ao sair de casa correndo. Ao ver a máquina se espatifar no chão algo aconteceu e foi como se o mundo tivesse vindo abaixo, num dilúvio de frustração desencadeado por um estalo inesperado!
Largada na calçada deixou o corpo arcar e soluçou, tanto, que se sentiu sem forças até pra levantar. Então, ficou ali. Sozinha no escuro, a chuva colando a roupa no corpo; sentindo a voz e até mesmo os soluços sumirem enquanto a enxurrada deixava só aquele frio gelado.
Do mesmo jeito que veio, a tempestade foi embora. E ela recomeçou os passos de onde parou. Meia volta lenta observando a água correr pelos cantos da rua de paralelepípedo, marrom, grossa... naquela água suja da chuva formando minúsculas ondas deixou correr junto toda aquela confusão de pensamentos e simplesmente seguiu até o fim da rua. Sil estava sem um pingo de vontade de existir, naquele resto de noite.

10/03/2013

The Tumbling Tumbleweeds, Cowboy Junkies e eu



Meu primeiro contato com o Cowboy Junkies foi através dessa resenha da revista Bizz. Tempos depois, comprei o disco e foi paixão à primeira ouvida. Que embalou muitas madrugadas, desde quando eu ainda morava na garagem da casa verde em Ponta Grossa. Era um disco perfeito para se ouvir no fim de noite, quando os sentidos já estavam cansados pelos excessos e aquele som delicado, profundo e melancólico servia como moldura sonora para o alvorecer. Tempos depois a Adri comprou o Caution Horses, e desde então, seguimos a carreira dessa banda, que se tornou uma referência básica, e principalmente, parte indelével da minha memória afetiva.
Pois quis o destino que mais de vinte anos depois eu fosse convidado para participar de um projeto tributo aos Junkies. Algo que eu mesmo jamais esperava, e que me deixou absolutamente em estado de graça. Ainda mais partindo de um músico com o o JC Branco, cujo trabalho acompanho e admiro desde os anos 90, com o Woyzeck, e que depois passou (e em alguns casos permanece) por outras formações importantíssimas para a música de Curitiba, como Bad Folks, Excelsior, Svetlana e Wandula (os três últimos tendo se apresentado no Rock de Inverno).
Por isso é uma baita satisfação, honra, prazer, alegria participar hoje desta apresentação no Vox, ao lado desse grupo de músicos, e ter a oportunidade de celebrar o trabalho dessa banda que eu tanto amo e que faz parte da trilha sonora da minha vida.

.

P.S: Procurando a Bizz onde saiu essa resenha, acabei vendo que ao lado, saiu também a resenha sobre o Cemitério dos Elefantes, coletânea que praticamente apresentou o rock curitibano ao Brasil no início dos anos 90. Nada é por acaso.

só shows bacanas

Hoje, quinta, 03 de outubro, tem esse imperdível aqui, no Vox, com participação do Ivan Santos. Este aqui é amanhã, abrindo a segunda temporada. Dá uma olhada na programação toda, no final, tem festa de aniversário de uma certa Adri Perin também, no dia 25 de outubro. Tão sabendo bem antes, sem desculpa, hein! E este é no domingo, dia 6, mais uma volta dos que não foram, no inesquecível, Lino's!

8/29/2013

Lu Jardinadora - a gatinha punk

A Lu não foi a mais linda das gatinhas que eu já tive. Nem a mais peralta. Nem a mais próxima, no começo. O que ela foi, desde o começo, foi a Lu Jardinadora. Ela nasceu na casa das jabuticabas e, enquanto todo o resto da trupe preferia ficar pelos lados, nos terrenos vazios por perto, ela era a única que sempre estava na parte da frente, no jardim. Sempre foi mirradinha, herança da matriarca, Manuela, mignonzinho, como eu dizia. Por ser pequenina, aparentava uma fragilidade. Até que um dia descobri seu lado b. Indo pro trabalho uma manhã, eis que vejo a mocinha saindo da valeta, descobri que ela era uma esgoteira. Foi um achado pra nós e desde então ela virou a nossa gatinha punk, a felina underground da família. Ela era irmã do Lo, um gato sem vergonha, maravilhoso de lindo, preto também, que depois de uma briga simplesmente sumiu. A última coisa que lembro são seus olhões amarelos bordados, me olhando pelo vidro da janela e eu dando de dedo nele. Nunca mais o vimos. Por esta época ele andava atormentando as gatas, possessivo que só, achando que a casa era só dele. A partir do instante em que ele foi embora, a Lu começou a ocupar o seu espaço na minha vida, muito mais próxima de mim. A cada dia, ela ficou mais e mais e foi entrando para ala das “mais experientes” da família - era a sobrevivente, como a Tigra. Ela não foi escolhida por nós pra ficar na casa. Ela ficou. Desde 11 de outubro de 2001. Ao lado da Tigra e da Baby nesses últimos 4 anos virou uma das mais velhas da família. Aqui na casa do Abranches ela fez valer ainda mais o nome Lu Jardinadora, porque achou um cantinho, do tamanho dela, bem ao lado do portão, embaixo de um pequeno arbusto que lhe fazia sombra e a mantinha quentinha ao mesmo tempo. Passava horas ali, esparramada no cantinho dela. Perdi 'a' foto, dias antes de tudo acontecer tão rápido. Aqui na Casa do ABranches, alias, nesses últimos 7 anos, nossos laços se amarraram ainda mais e ela, visivelmente, foi se achando mais e mais a minha dona. Eu fui o tapete, o colchão, a cama dela, o travesseiro, a escada, o puleiro dela. De dia, ela ficava lá fora. Era chegar em casa e sentar em frente à televisão, que lá vinha minha pequenina, esticando suas patinhas em direção ao meu rosto, querendo mordiscar a ponta dos meus dedos. Com o sofá, ela parecia mesmo estar dormindo tranquilamente em cima da minha cabeça, dependendo do lado que se olhasse. Conversava comigo sim, com seu miadinho pequeno, suave como ela. Era a mais relax, me acalmava; ouvia música com a gente e dançava comigo – ela achou um jeito de ficar no meu colo, não importando o movimento que eu fizesse: ela se adaptava. Não tem como não rir, lembrando disso. Um riso molhado, mas é um sentimento bom. De repente, em questão de dias, começou a emagrecer. Mas, como sempre foi magrinha, demorei a perceber que não estava comendo direito, nessa correria. Minha culpa. Eu não percebi. E ela não reclamou de nada. Não teve dor, não se machucou. Nada. Quando notei a diferença comigo já era tarde. Simplesmente, no dia 15 de agosto, ela foi para o médico, pois por ser velhinha e gata, ele preferiu fazer exames. Ela não voltou. Foi o mesmo dia em que meu pai morreu. Em questão de duas horas, a entreguei para a clínica naquela caixinha que odeio e recebi uma ligação do hospital. A notícia sobre meu pai chegou antes; a dela só soube na manhã seguinte. Uma intoxicação a levou junto. Não teve como saber se algo que comeu, se envenenamento, e também não importa. Menos de 12 horas e ela não resistiu. As tristezas se juntaram e só sobrou o não saber o que dizer, essa sensação estranha de estar quebrada, zonza, meio grogue. E outro lugar vazio, agora no jardim. E essa vontade de chorar, chorar, de ter feito tudo diferente, de ter prestado mais atenção, que bate junto com a saudade... enfim, esses buracos que se abrem na gente quando a gente perde alguém muito importante. O amor dela por mim era perfeito. E ela não exigia (quase) nada. Só estava ali. E bastava ela estar ali para eu estar calma, tranquila. E para ela, bastava saber, parecia, que eu voltaria. Eu vou continuar voltando. Mas, aquela hora de não fazer nada, não vai mais ser igual. Vai faltar a Luluzeba sentindo um cheirinho bom no ar e chegando apressada para participar da roda. Vai faltar o peso dela passeando em cima de mim; não vai mais ter motivo pro Ivan zoar comigo por conta da gata “em cima da minha cabeça”. E aquele cantinho no lado do portão que sempre que saio atrai meu olhar – para logo lembrar que não, a Lu não vai mais estar ali. nada do que eu faça vai mudar isso. É ali que pretendo plantar uma flor bem linda pra minha pequenina ficar sempre por perto. No jardim que ela curtiu muito mais do que eu!