9/12/2012

mulheres loucas

Tem gente que inspira a gente, não é não? Eu tenho várias pessoas que me inspiram. E o mais legal é que algumas nem conheço, só vejo na rua, por aí. Basta olhar e por alguma razão, que às vezes nem me dou conta direito e passa rápido, sinto algo pulsar mais forte – chamo isso, quando estou bem, de vida batendo na porta. Quando não tô bem, tudo passa entre os dedos sem nenhum prazer. Pode ser aqueles senhores na praça Tiradentes, falando, falando, com suas expressões de gente do interior; sentadas em seus bancos de praça elas olham as pombas e deixam a vida passar tão serenamente. Sei lá, se só estão esperando que o momento ruim se adiante ou se estão mesmo satisfeitas. Só importa vê-las ali, na praça da cidade como se vivessem em outrora, cheias de lembranças próprias e não raras vezes ouvindo uma cantiga de igreja ou uma música caipira que também em mim provoca algo. Ou a pessoa que está pensativa no ônibus que sai do terminal as 15h45. Todos os tipos, todas as expressões, tantas e tantos, soltos nos dias nem sei se procurando algo – ás vezes acho que só eu me engano nessa busca insana por alguma coisa que provavelmente nem existe ou está bem embaixo do meu nariz. Ou, outra dessas, que passa na rua e vejo pela janela no ônibus. Gosto de olhar as pessoas pelo vidro da janela do ônibus, estranhos desconhecidos que contam histórias sem saber, confessando suas birras, odiando e amando, errando mais do que acertando, porque às vezes essa é a sina. Mas, também, tem os conhecidos que me inspiram. Como hoje, fazendo um clipping, abri o blog de uma amiga e, pronto, aqui estou eu escrevendo sem sentido, enquanto devia estar no trabalho por fazer. È que tem gente que inspira a gente, não é não? E como eu ia dizendo, eu tenho muitas pessoas assim por perto. Algumas mais, outras menos. Perto. Algumas voltam na lembrança quando eu menos espero – e quando eu quero, sempre. Tem aquela, muito especial, que me aparece como um pássaro na árvore na frente de casa. Vejam só, demorei para perceber que tem um pássaro que canta quando essa pessoa quer falar comigo. Ou quando eu preciso falar com ela. Só me dei conta disso ontem, no meio da tarde, sozinha em casa, quando o mundo parece até que parou só pra eu ouvir aquele canto que me lembrou você, pessoa especial! E, hoje, abri o blog e passando rapidamente os olhos lembrei de várias dessas pessoas que me inspiram, em especial esses estranhos que passam sem parar por minha vida. Foram alguns encontros fortuitos que deixaram marca na minha memória. Como o senhor que me viu um dia bebendo sozinha, faz tempo isso, na feirinha de inverno da praça Osório e puxou uma conversa tão simpática, para lá pelas tantas confessar que chegou perto de mim porque meu sorriso que escapou o lembrou de sua amada. Desde que a perdeu, disse, vinha do bacacheri parando de boteco em boteco para beber uminha e pensar na vida. Os filhos não gostavam disso. Mais ou menos assim ele me contou. Mas que ele podia, porque já tinha vivido seu grande amor. Já eu, uma menina tão nova, não devia estar ali bebendo sozinha, com aquele sorrisinho triste no rosto! Me diga, o que vc faz quando ouve algo desse jeito e a cidade para pra vc e aquele estranho? E lembrei também daquela mão que senti no ombro no dia que fiz uma imensa burrada indo pra aula, no tempo do barddal, ainda. fiquei bem no meio da pista, por descuido, entre dois expressos que passaravam. No exato instante em que me dei conta da merda, senti uma mão pequena no meu ombro e uma voz: “ A gente faz tanta besteira quando está com pressa, né menina?” Respondi um ahã apressadamente e quando cheguei ao outro lado da calçada e procurei aquela senhorinha pequena, bem velhinha,para conversar melhor e quem sabe sorrir para ela, nunca mais a vi! Mas, jamais esqueci aquele instante. Por alguma razão aquele dia nunca mais saiu de mim. Esses encontros me inspiram! Essas pessoas me inspiram! Outro dia, foram duas mulheres loucas que apareceram, no mesmo dia, dizendo coisas que nem eram para mim... essas mulheres loucas me intrigam mais do que os homens loucos... ainda descubro porque!

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