4/26/2012

Vertigem

Porque escrever - ela se pergunta logo depois. Ela se pergunta sempre, na verdade. Toda vez que consegue, e quando não consegue escrever também. Quando lê e quando vê TV. Quando presta atenção ao que tá lendo e quando não concentra nada. No final, é sempre “Qual é o sentido disso?”. Quem sou eu, quem é ela”, se pergunta insone sob o efeito do chá. O que deixou pelo caminho a persegue comendo as tripas em pensamento flamejantes que queimam deixando um rastro que rasga o estômago - sem deixar meios de apaziguar o que se mostra em carne viva. Entre um surto e outro, recosta a cabeça na colcha vermelha e sente um perfume que não pode ser seu - ela não achou o dela ainda. E, quase sem querer, embora fosse o que queria, vai soltando frases com seus pedaços enganchados – enquanto pensa tudo isso. E os olhos começam a arder sob a força dessa claridade que ilumina seus olhos obstinados... a cortina encobre e a mente recosta! O ombro dói, mas a mão e a caneta preta não param. Vozes ao fundo – italiano? – falam coisas que ela não ouve. Agora, ela só pode responder ao comando hipnótico da caneta que ente os dedos que começam a doer mais, comanda sua vida, gritando nas páginas com linhas azuis onde as letras vão se desenhando por si próprias. redondas, livres, soltas. Sem preocupação. Pendendo por outro lado, incapazes de parar o surto da vertigem. Até que tudo venha abaixo e todas as resistências caiam. E sobre só esse choro libertador. esse choro que jorra toda a falsa força, arrogância mal disfarçada. Até o corpo ficar mole e largado sobre o colchão, inerte e ofegante – porém em êxtase e, de certa forma, numa sintonia suprema que assegura certa a escolha pela solidão. Esperar o cair do sol e a serenidade da chegada da noite!
Moli e Chanel conferindo o clima lá fora!