1/11/2011

eternidades ocasionais

Também eu passo horas escolhendo as palavras. e na hora delas, desabam pro lado errado. Leio minha inspiração na esquina, mas na quadra seguinte outro som já me puxou e nada adiantou, estou de volta ao caminho do começo; essa eterna volta ao (falta de) sentido de tudo que num giro louco, tira tudo do chão outra vez - é bom voar de vez enquando. Tem uma amiga que diz que é esse cinza que sempre cobre Curitiba que faz isso, dá essa sensação de zonzeira, uma sombra no coração. mas eu não acho, não. não acho mesmo.embora, ás vezes, em alguns dias, até concorde com ela, por alguns instantes que seja, até que a próxima esquina me traga outro encontro daqueles que chacoalham e jogam o destino (??????) na cara outra vez.
eu não sei, na verdade... quase nada. mas nesses dias sempre encontro outro alguém como eu - e também outro alguém em outro instante.
(...)
até arrumei minha bike essa semana, pensando que minha amiga vai voltar e nós vamos, enfim, poder conversar de novo sobre tudo. e tudo aquilo que ficou no fim de ano. sentada à beira do lago, conversar sobre o que podemos esperar e sobre o que não tem mais jeito mesmo. até, claro, sobre a babaquice das pessoas, vamos falar. e da nossa própria, por certo. vamos falar dos desamores e da busca do que traz um porquê; da vontade de morar sozinha e de como é bom chegar em casa e ter um abraço do outro lado da porta.

é, eu também passo horas e horas pensando, tentando me equilibrar em tanto querer, em tantas ideias caídas por esses anos aí - e nas boas marcas das que puderam passar do sonho. também ando pela rua dançando ao som que entra em mim pelo fone, com um livro dentro da bolsa para os instantes de liberdade entre um ônibus e outro...e também tropeço, claro, em pedras, nas que eu vejo e nas que crio.
fico triste de saudade da meus melhores amigos que foram embora, mas me animo com um ano que começa vislumbrando, no meio de muita saudade, o seguir do tempo, implacável e inevitável.
Eu também detesto o que escrevo, apago tudo e deixo escondido, não mais só nas gavetas e cadernos esquecidos, mas também nas pastas de rascunho que se salvam automaticamente. As palavras fica alí, salvas de mim e delas mesmas. É, eu também gasto o tempo do trabalho pensando que podia, finalmente, tomar vergonha na cara,e me dedicar de verdade a .... algo que me faça sentir viva. Não que eu não me sinta, claro que me sinto, e bem viva. Ah, sei lá, o que acontece em algumas tardes...

eu também "sinto saudade de mim", às vezes sinto até falta de mim mesma - enquanto ouço a linha de baixo dessa canção outra vez. Ah, eu vivo perdida por aí, volta e meia. não consigo disfarçar que sou uma romântica incorrigível, que continua construindo sonhos, até quando acorda. do mesmo jeito que não consigo disfarçar que se tem algo que falta em mim, é o bom humor pra gargalhar de minhas próprias mancadas e dos meus ridículos. A verdade é que, em alguns dias, estou coberta de ferro e de fogo, em outros vejo o meu dia passar apressado entre conversas rápidas e passeios no quintal de amoras. E também adoro ler o livrinho "Nós", da Gabriele Gomes, de onde volta e meia empresto uma frase que gosto, do mesmo jeito que vivo emprestando letras de canções para tentar entender o que sinto.
a verdade, é que sou uma tremenda confusão, em alguns dias, cheia de altos e baixos. mas, no fim desses dias, de alguma forma, sempre me toco que é só uma das fases da lua.. logo aquela gigante vai voltar me enchendo dessa doce e deliciosamente amarga confusão que é a minha vida. (adri)

Um comentário:

Isabela Fausto disse...

meu deus... que feeling!
sensacional! até parece que é o que tô sentindo...