9/28/2010

Hotel Avenida lança DVD com show do Rock de Inverno 7


O selo De Inverno Records, de Curitiba, está lançando o DVD da banda Hotel Avenida, que traz show gravado no festival Rock de Inverno 7, em 24 de julho de 2009. O material será disponibilizado também para download gratuito tanto do DVD na íntegra, como das músicas separadamente no blog da De Inverno (deinverno.blogspot.com) a partir do dia 05/10 (terça-feira). Quem quiser poderá ainda assistir os vídeos em streaming, sem precisar baixar, nos sites You tube e Vimeo.
A Hotel Avenida surgiu de um projeto de Ivan Santos (OAEOZ) e Giancarlo Rufatto, que juntos lançaram um EP com cinco composições em parceria no final de 2008. No começo de 2009 a dupla ganhou os reforços do guitarrista Carlos Zubek (OAEOZ, Folhetim Urbano), do baixista Rubens K (Fábrica de Animais) e de Eduardo Patrício na bateria e teclado. Com essa formação, mais a participação de Igor Ribeiro no sax, a banda lançou no início de julho de 2009 seu primeiro single, “Eu não sou um bom lugar”.
No mesmo julho de 2009, e já contando com a participação de Allan Yokohama na bateria e teclados, o grupo foi um dos destaques da mostra Expressões Oi, apresentando-se no palco montado nas ruínas do São Francisco, no Largo da Ordem, centro histórico de Curitiba. E também do festival Rock de Inverno 7, no John Bull Music Hall, ao lado de outras quatorze atrações, entre elas a paulistana Fellini. Em outubro de 2009, a Hotel Avenida lançou um EP com cinco faixas, gravado ao vivo no estúdio Nicos, como parte do projeto Acústico Mundo Livre, da Rádio Mundo Livre FM de Curitiba.
O novo DVD traz sete músicas apresentadas durante o show do Rock de Inverno, incluindo a participação de Igor Ribeiro no trumpete em Noturna. A direção geral do vídeo é de Marcelo Borges e a edição de Fábio Barreira. O áudio foi gravado e mixado por Luigi Castel e Carlos Zubek. Assim como os lançamentos anteriores da Hotel Avenida, o lançamento virtual do DVD conta com a parceria de uma rede de blogs e sites na internet.


deinverno.blogspot.com
www.myspace.com/hotelavenida
youtube.com/user/OAEOZ

9/25/2010

Punks na cidade



Documentário "Punks na Cidade" sobre a cena da capital paranaense. Parte 1. Produzido por Darwin Dias entre maio e agosto de 2003.

Veja aqui o restante do doc
.

9/24/2010

Alma de Blues e "1001 filmes para se ver antes de morrer"

Passando rapidamente para dar duas dicas/contribuições para o final de semana de quem, como eu, gosta cada vez mais de ficar em casa quando não está trabalhando (o que é cada vez menos frequente).


Primeiro, um blog ducaralho chamado "Alma de Blues", que tem um acervo incrível de dvds e filmes/documentários de blues, rock, soul, jazz e muito mais. Entre as pérolas, coisas no naipe de Tom Waits, Van Morrison, entre outros. Desse último, destaque para o maravilhoso dvd com o show especial que ele fez interpretando na íntegra o clássico "Astral Weeks", um dos melhores discos de todos os tempos. No show, o bardo irlandês mostra que não perdeu a classe, e desfila todas aquelas canções atemporais de forma brilhante.


A segunda dica é um blog que traz para baixar os filmes relacionados no livro "1001 filmes para ver antes de morrer". Eles ainda estão upando o material, mas já tem uma boa leva, inclusive achados como "Dead Man", de Jim Jarmusch, com trilha de Neil Young, e o documentário "Crumb", sobre o quadrinista que esteve recentemente no Brasil para a Flip.

é isso aí. aproveitem.

9/20/2010

Spiritualized:



A cris Thainy postou uma das antigas do Spiritualized no Facebook. Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space... bateu a saudade!!! segue um link com uma seleção especial. pra amainar a saudade.

9/17/2010

O primeiro dia do resto da minha vida

“O amor é muito mais do que cabem nessas convenções. O amor é sempre muito mais;.
É amar sem querer mais que amar simplesmente, simplesmente amar esse amar sem querer”

O dia começou como todos os dias. Mas, ontem e hoje, são dias diferentes. Ontem, uma pessoa muito especial partiu. Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida, sem a presença dessa pessoa. O antes dele, pra mim, é algo abstrato, algo que sei pelos relatos dos meus pais. é história dos meus ancestrais. Sobre o depois... o que já sei é que vai ser cheio de saudade. Mas não de tristezas, e sim de falta.

Vôino, seu Aquaelino Perin, foi a luz mais forte desses meus 39 anos e 11 meses. Meu avô morreu ontem, 16 de setembro, na primeira hora do dia, noite fechada ainda, quando um dos silêncios mais incríveis, o da madrugada, é o único que ouve nossas confissões. E a ligação de telefone que tanto temia chegou, cortando esse silêncio do meu sono profundo.

Ontem, encerrou-se um ciclo em minha vida. De uma certa forma, o primeiro grande ciclo. Uma metade já foi. Acordei hoje e passei em frente à pracinha ao lado de casa onde fizemos a roda de capoeira do meu aniversário de 39 anos e lembrei dele. Sorri. Ao som de Darma Lovers.

“Ao invés do amor separar se expandiu
E o que não parecia empoçar virou rio
Que não vai separar e nada lamenta e vem
Nos lembrar que a mudança vem pro nosso bem
Bem que havia uma certa agonia, incerteza
De não querer mais de jeito algum se perder de vez
Mas dai veio tudo ao seu tempo mais certo
Veio a chuva limpando a estrada e o céu se esclareceu
Pois então a gente relaxa e decide tomar de vez a direção
Dai tudo se encaixa e encontra um sentido
Nada mais que a chance brilhante de ser, estar simplesmente
Indo em frente com isso em que eu acredito”


Aquele 24 de outubro de 2009 foi o último dia que o vi bem mesmo, rindo, feliz, curtindo e com seus lindos olhos azuis reluzindo diante do belo espetáculo de movimentos e de música. Foi meu presente.

Ontem ajudei a carregar o caixão do meu Vôino. E o entreguei de volta aos braços de seu grande amor. Ele me contou em uma de nossas últimas conversas, que quando fechava os olhos sentia alguém com a cabeça recostada em seu braço, dormindo, mas que quando ele abria os olhos para vê-la, já não estava mais lá... Me agarro a isso para que essa falta não me impeça de viver bem os dias que virão. Me agarro nas canções, nas lembranças e nas lições de vida que ele sempre me deu, mesmo sem querer.
No ônibus, indo pro trampo, olho tudo com olhos diferentes. Acho que quero guardar o olhar do Vôino em mim, para sempre conseguir ver a beleza dos dias. E também para saber a hora certa da indignação diante das sacanagens dessa vida e para saber lutar por algo que vale uma batalha. Do jeito que o vi tantas vezes fazer, não sem perceber, estou certa, meus olhinhos de criança assustados pelos riscos que ele corria. Aprendi a ser assim como vocês sabem que sou, briguentinha até na defesa do que acredito, com ele.

E espero que tenha ficado em mim, para usar na hora certa, também, um pouquinho da sabedoria dele para perceber que a vida abre seus próprios caminhos, tantas vezes, diferente do que pensamos. Me pego pensando que no final das contas, no meio de todo esse turbilhão de dor, saudade, não me sinto assim tão derrubada. E sei que essa tranqüilidade que sinto no fundo da tristeza, vem dele. Meu guia, meu mestre.
Parece que ele conseguiu de algum jeito acalmar meu coração e trazer pra dentro de mim (como dele) a serenidade de saber que ele está bem agora. Ele queria assim e não ficar sofrendo, vendo sua vida ir embora.

Se deixei um tanto de mim lá em Curitibanos, com ele e com a Vóina, naquele túmulo frio, naquelas ruas empoeiradas, também sei que trago comigo o melhor deles. Chorar e sentir falta é inevitável. E a saudade não acaba nunca. Mas, esses dois me ensinaram muito do que sou. Sigo, portanto, tentando “ser tudo que essa vida permite”. Vôino descanse em paz. Foram incríveis 80 anos. Não seríamos o que somos sem você! Eu não seria nem uma “Perin”.

Quando então a minha morte chegar
Me abraçar como uma mãe abraça um filho
Quero poder só sorrir e dizer, foi tudo bem eu também vou tranquilo
Quando a mente se desvincular
Dessa forma aparente ilusória
Quero poder lhe cantar ao partir
Sim, foi bom mas chegou sua hora
Dona Morte
Quando o espaço sem fim então me tragar
Que eu vá feliz sem arrependimento
Sem entender já sem querer olhar pra trás
Só mergulhado na imensidão do momento
Quando seu corpo já não me encontrar
No que fui durante muito tempo
Fique feliz e apesar da saudade
Pois logo mais talvez nós nos veremos
Dona morte
Não tenha pressa!
Estou treinando pra poder sair
Sem tropeços no final da festa
Dona morte”
Não tenho medo!
Se compreendo que a sua natureza,
É tão igual a essa que carrego em segredo


9/12/2010

Giancarlo Rufatto - Machismo



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Machismo (Album)

Release sentimental:


O disco cheio “Machismo” começou a ser planejado no meio de 2009. A ideia nasceu de uma piada sobre a total falta de jeito do homem para com os relacionamentos – piada usada como mote para o “machismo EP” de maio de 2009.
De 2008 para cá, a manha era gravar pequenos Eps e lança-los a cada três meses em alguma data comemorativa, era o que a internet parecia suportar e era o suficiente para que as pessoas lembrassem que você existe (o lastfm não nos deixa mentir). Dá pra dizer que esse disco só existe para entrar na lista do Scream & Yell ou que havia mais musicas do que feriados para usar de bordão para cada lançamento.
Seguindo a teoria dos feriados, parte de “Machismo” vem destes minúsculos lançamentos: uma do “machismo EP”, duas do EP de natal e uma do single de “dia dos namorados”. As outras sete que formam o disco são novinhas em folha, gravadas entre os meses de maio e agosto de 2010. Todas as gravações prezam pelo lo-fi, uma brincadeira que funciona mais ou menos assim: produza uma canção do começo ao fim em pouco mais de seis horas, grave todos os instrumentos, pense nos arranjos e tente soar o mais sincero possível. Até tentei gravar em estúdio, “ok, vamos tentar desta vez”, mas não me soava convincente, era bonitinho demais. Resultado da brincadeira: para cada uma das onze canções do disco, outras três ficaram de fora por não estarem boas (ou ruins) o suficiente.
O lado positivo de fazer canções sem pretensão é poder tratar coisas pessoais sem preocupação maior do que divertir a si mesmo. “Machismo (album)” começou querendo se chamar “ciao”, quase se virou “Pessoal”, “disco cheio” e por ultimo “artista desconhecido – faixa 5” – este nome sugerido pelo windons media player. São apenas canções e há tantas, todos os dias e aqui vai mais um punhado destas.

Oquei
Desfaça as malas (e aceite o meu café)
Machismo
Frases de caminhão não são clichês.
Dois braços
Canção da espera
Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce
Chocolate & flores
Coração cheio
Meu terrorismo
Achados & perdidos


*com o arquivo de download também está o encarte com as letras de todas as canções. O encarte pode ser visualizado on line – e de maneira decente aqui: http://bit.ly/9T5JUf


E não é só isso:

** disco de covers:

01 não aprendi dizer adeus (cover do Leandro & Leonardo)
02 eu sei, perdão (cover da Verde Velma)
03 Fake Plastic Trees (cover de Bob Dylan fazendo cover de Radiohead)
04 a garota na sua cama.
05 inbetween days (cover do Cure)

9/07/2010

Arnaldo Baptista - Será Que Eu Vou Virar Bolor?


Video raríssimo feito na época do lançamento do primeiro disco solo de Arnaldo Baptista, Lóki, um dos maiores clássicos da música brasileira de todos os tempos. Verdadeiro documento histórico de uma época e da arte de um gênio, título banalizado, mas que nesse caso cabe a ele como poucos, muito poucos. Disco que me marcou de tal forma que até hoje é difícil voltar a ouvi-lo. Ver esse vídeo, com o Arnaldo ainda na fase anterior ao acidente, em plena forma física e artística, é emocionante.

Abaixo, a crítica da Discoteca Básica da Bizz, que fala sobre as circunstâncias em que ele foi produzido.

Arnaldo Baptista
Loki? (1974)

(Edição 43,Fevereiro de 1989
)

No pop brasileiro, são raros os que driblaram a barreira lingüística e edificaram trabalhos fundamentais. Em meio às síndromes progressivas, à invasão da Nordésia e do "rockão pauleira", no início de 74, o LP em questão surgiu não apenas como antídoto a essas tendências, mas também como uma obra única e radical do rock brasileiro.
Gravado em terríveis condições emocionais - Arnaldo havia perdido Rita Lee para sempre -, após sua saída dos Mutantes, o disco conta, além da participação de três ex-integrantes (o baterista Dinho, o baixista Liminha e Rita nos backing-vocals), com arranjos de Rogério Duprat. A gravação feita às pressas proporcionou um punch inigualável e, dado seu estado emocional, Loki? acabou por ser o maior tratado existencial do rock brasileiro, algo digno do desespero suicida da nouvelle vague, da dolorosa raiva incontida dos angry young men ingleses e de poetas visionários que enxergaram o lado obscuro da realidade.
Arnaldo demonstrou o que significa amar até perder o nome, buscar os paraísos artificiais a partir da desintegração da alma e percorrer os porões proibidos dos sentimentos, dando vazão aos abismos da vida e anunciando esboços da morte tateada, ainda que não consumada. Nessas antevisões, ele já parecia estar ciente das amargas metamorfoses que delineariam seu destino tatuado por uma tentativa de suicídio em 1980, após ter criado a alucinada Patrulha do Espaço.
Se, textualmente, provou genialidade, em nível musical nada deixou a dever; ou seja, a partir de sua voz arrancada do âmago e de um sensível piano de concepção clássica, ele percorre o tecido rock com eclética maestria, indo das mais tristes baladas até progressive rocks, passando por tons de bossa, jazz, funk e blues.
A primeira faixa do LP, a linda rock'n'roll ballad "Será Que Eu Vou Virar Bolor?", usando o título como mote, traça ironicamente um paralelo entre o futuro de seu amor e o do rock'n'roll, ambos ameaçados de extinção. A seguinte "Uma Pessoa Só", arranjada por Duprat, remonta os lindos sonhos dourados de 71/72, quando os Mutantes viviam em comunidade na Serra da Cantareira, numa trip coletiva em que era possível ser "uma pessoa só". "Não Estou Nem Aí" é uma beat-ballad pulverizada por tons bluesísticos/jazzísticos em que, sombreado pela (im)possibilidade de esquecer os "males", ele desafia a morte de forma sarcástica. Em "Vou Me Afundar na Lingerie", um bluesy-popster de primeira linha, instala a evasão absoluta do mundo real "deslanchando bem embaixo" e propondo afogar as mágoas no deslumbre da natureza e na relatividade das pequenas. A instrumental "Honky Tonky" é um delicioso mergulho ao piano.
A segunda fase traz a memorável "Cê tá Pensando Que Eu Sou Loki?", esmerado exercício bossístico que desbanca a loucura, mas não exime o prazer pelas viagens. Na baladaça "Desculpe", penetra na angústia passional, um "Jealous Guy" à brasileira, que sentindo "o pulso de todos os tempos" exige o amor a qualquer custo. Na fragmentada "Navegar de Novo", desvenda sua particular "passagem das horas" e as dimensões (im)possíveis do tempo. "Te Amo, Podes Crer", uma balada de amour fou, encarna o pranto de um abandonado que revela: "Dentro de algum tempo eu paro de tocar/espero o apocalipse de então eu te encontrar", um verso que resumiria profeticamente seu futuro. Fechando, a folk-psicodélica "É Fácil", microssíntese do amor absoluto.
Se hoje sua obra é mítica, saiba que Arnaldo pagou muito caro por toda essa paixão levada às últimas conseqüências. "Já leu todos os livros" e sabe que "a carne é triste".


Fernando Naporano

9/06/2010

DVD com Radiohead ao vivo para baixar



Um grupo de fãs do Radiohead liberou um show na íntegra deles em Praga para ser baixado em formato DVD e outros de graça. É só ir aqui e escolher o formato.

Mais sobre aqui no Scream Yell.

9/03/2010

Tom Jobim - "Passarim" (TV Manchete, 1984)



essa é foda. Tom Jobim, na TV Manchete, em 1984, mostrando "uma música nova", que "ainda não está pronta", comom explicado abaixo.

"No último programa da série 'A Música Segundo Tom Jobim', dirigida por Nelson Pereira dos Santos para a TV Manchete em 1984, o maestro mostrou uma canção àquela altura ainda inacabada, "Passarim".

Ele usaria o tema instrumental como base para a trilha sonora que compôs para a minissérie "O Tempo e o Vento", que foi ao ar na TV Globo no ano seguinte. Só em 1987, a música ganharia sua versão definitiva na gravação que deu título ao álbum lançando por Tom naquele ano, inaugurando uma nova fase de sua criação musical, ao lado da Nova Banda."

9/02/2010

"Está todo mundo só seguindo a onda"

Houve uma grande discussão devido à carta do João Paraíba aqui no Scream & Yell. Em certo momento, perguntamos por que o Romulo Fróes não tocava nos festivais independentes. A resposta foi: “Ah, o Rômulo tem um perfil controverso para festival de rock”. Desde quando os festivais são de rock?

Desde quando os festivais emburreceram se fechando em uma temática “rock stoner, guitarra é legal”. Guitarra só é legal quando é bem feita. A partir de 2006, os festivais independentes emburreceram. Por que o Vanguart sumiu dos festivais? Porque não tem mais espaço. Só tem espaço para bandas que “agitam a galera” (aumenta a voz). Isso é o rock ‘n’ roll brasileiro independente atual. É som pesado. Só que o “Kind of Blue” é mais pesado que o “Artista Igual Pedreiro”. Não ataco o rock quando falo mal dele. Eu falo mal da caretice, do fechamento artístico totalmente burro que o rock faz. Um exemplo: a galera que jogou lata no Lobão quando ele subiu com a Mangueira pra tocar um som pesado e ninguém entendeu. Essa é a massa rock que me decepciona. Ainda bem que eu não estou nesse bolo porque parece que o som pesado é o que rola. Minha esperança é que daqui a cinco anos seja diferente, que o Rômulo esteja ganhando uma puta grana com as músicas dele e que eu possa estar compondo para alguém, porque hoje estamos compondo uma música que se fode porque é diferente. O Romulo é um dos artistas mais corajosos, inquietos e criativos dos últimos anos. O nosso disco novo tem coisas tão diferentes, bizarras, que resolvemos não lançar… ainda.

Por que não?

A gravadora fez uma pressão pra ter uma música forte e eu disse que não tinha uma, mas 14, que todas eram fortes, dependendo do jeito que você olha (risos). Tem uma que fala: “Eu te levei até a praia / eu me desfiz da minha esposa / eu joguei fora o meu dinheiro / e eu dei de costas para um amigo e só sonhei meu desengano”. Coisas de você ter se fodido mesmo, e eles não acharam forte. Então isso mostra que até nossa gravadora, que sempre foi incrível conosco, sempre nos entendeu, está pensando de outra maneira. Assim como eu acho que 90% das bandas brasileiras estão pensando de outra maneira. Ainda mais as bandas novas que entraram e vislumbraram um cenário de festivais independentes. “Meu, vamos viajar o Brasil inteiro curtindo? Comendo buceta? Vamos, vamos?” E quem não vai? É foda. E tudo envolve paixão porque todos estão apaixonados pelo som que estão fazendo, mas não está existindo um questionamento sobre o que se está fazendo. Falta uma sagacidade artística de “vamos fazer diferente, mesmo que seja uma bosta”. Está todo mundo só seguindo a onda. E quem está tendo essa sagacidade – como o Rômulo, a Lulina e o próprio Vanguart – está se fodendo porque não falam a língua dos festivais, que acharam muito mais cômodo pegar bandas que seguem uma onda. Funciona pra eles. O público vai rolar e a politicagem está na ponta da língua. É tudo uma questão de prioridades. Quem não está tendo a prioridade de defender a cena e tocar de graça pelo Brasil inteiro está em casa, por isso que continua fazendo coisa boa, como o Romulo Froés.

trecho da excelente entrevista de Hélio Flanders, Vanguart, no Scream Yell. Eu nem sou lá muito fã da banda, mas fiquei muito bem impressionado com a entrevista do cara, que fala altas verdades sobre a falta de consistência e de coragem do cenário musical independente brasileiro. Concordo plenamente que há uma tendência clara de mesmice e acomodação em fórmulas. O indie brasileiro hoje repete as mesmas práticas desgastadas do mainstream. Só muda o repertório.

Isso inclui, infelismente os festivais, que muitas vezes insistem nas mesmas bandas "pra agitar a galera", como o cara fala na entrevista, ignorando artistas e grupos com propostas diferentes e em certos casos artisticamente mais relevantes, porque não se enquadram nessa fórmula de enterteniment. No Rock de Inverno a gente sempre teve a preocupação de chamar bandas e artistas que a gente gostava, mas que via que não rolava tanto por não se adequarem a essa fórmula de "roque de roqueiro". Não entendo como grupos como o Liquespace, por exemplo, não estão tocando por aí nos festivais. Quer dizer, até entendo, mas não concordo. Ou mesmo um La Carne, que pra mim é uma das melhores bandas do País. Ou Lestics. Enfim, poderia citar muitas outras. E isso acontece muitas vezes ou porque essas bandas não fazem certas articulações políticas, ou porque o som delas não se enquadra na "fórmula indie" convencional. É aquela coisa. Se vc não faz um som com referências óbvias, se não parece com strokes, los hermanos, não imita stooges, ou queen of stone age, ou algum desses grupos de "eletro rock" da gringa, não serve. To pouco me lixando pro rock há muito tempo. Quero fazer música.

Acho fundamental levantar essa discussão estética sim, ao invés de só ficar discutindo mercado e divisão de verba, pagamento de cachê. Não que isso não seja importante. Mas não é tudo.

confira a íntegra aqui.