5/29/2009

Cada vez mais genuinamente Júpiter Maçã

Jornal do Estado/ Bem Paraná

O músico Flávio Basso, o Júpiter Maça, faz show hoje no Era Só o Que Faltava (foto: Divulgação/Cisco Vasques)


O gaúcho Flávio Basso apresenta sua nova banda a Curitiba, com repertório que passa por todos os discos e inéditas

Adriane Perin

Quando um músico constroi uma história que conquista pessoas, seu repertório acaba por ganhar uma interferência externa, digamos assim. Algumas músicas não podem faltar nos shows. É o caso de Flavio Basso. Ou Jupiter Apple. Ou Júpiter Maçã. O gaúcho, que começou a fazer história lá nos anos 80 nas irreverentes TNT e Cascavelletes, é um desses casos. E, para nossa sorte, não importa de qual disco ou época é sua música, porque o bom gosto musical é a regra em resultados que podem ter uma cara mais experimental ou mais pop, dependendo do que ele sente. A cada novo trabalho, esse cara engrossa sua lista de boas canções e o momento atual não parece diferente, como se pode conferir no single que acaba de lançar em sua página no my space (www.myspace.com.br/jupiterapple). Gregorian Fish tem um clima David Bowie, me lembrou Roxy Music. Outro trunfo de Júpiter Maçã são as sacadas regionais em referências a lugares, que aparecem em suas músicas sem que jamais as façam soar datadas, ao contrário, promovem aproximação. Golpe de mestre.
Hoje ele apresenta à Curitiba, na terceira edição do I_CWB, no Era Só o Que Faltava, sua nova banda, que tem as “estrelas” Thunderbird (aquele mesmo ex-VJ e vocalista do escrachado Devotos de Nossa Senhora Aparecida) no baixo, e Astonauta Pinguim no piano e órgão, com a responsa de dar aquele toque retrô que falta a um show do Júpiter. Ele também apresenta uma performance solo. A banda se completa com Dustan Galas (guitarra) e Felipe Maia (bateria). “A combinação está sendo bem boa e traduz o que quero passar no momento”, disse Basso, em uma animada conversa por telefone. Entre as músicas que não podem faltar no repertório – que terá também músicas inéditas - ele cita “Gregórian Fish” e “Um Lugar do Caralho”. Oba, essa é um clássico. Mas, e: “Eu e minha ex”, Miss Lexotan 6mg Garota .., “As Tortas e as Cucas”... ishi... essa lista é grande!

Jornal do Estado — Você está trabalhando em novo disco. O que podemos esperar desta vez?

Júpiter — O single já tá lançado virtualmente porque a música que abre tá no meu My Space. As gravações do álbum ainda tô no processo de criação. Na sequência virá o vinil, um compacto, ainda para este ano. Gosto dessa prova física, especialmente para o formato de single gosto de usar o compacto, que faço pela Monstro Discos.

JE — Você já fez discos pop, experimental; cantou em português em inglês; quando se esperava um tipo de som, você vio com outro... esse trabalho que está nascendo?
Júpiter — Acho que cada vez mais venho completando e sintetizando o disco anterior. A Tarde na Fruteira, o mais recente, já sintetiza os três anteriores. Na verdade, essa coisa de correr contra o que se esperava se deu mais nos meus primeiros discos. E aconteceu mesmo. São coisas que eu tenho que descobrir a meu respeito – e isso é saudável. Claro, que sempre coloco um plus, algo fresco à carga do que já estava no trabalho anterior. Me sinto cada vez mais completo e pleno como compositor.

JE — Legal essa postura longe da falsa modéstia de dizer que “é um trabalho despretencioso”.
Júpiter — Mas é a verdade. Me sinto assim. Tenho um estilo que já era definido e tende a afunilar, cada vez mais genuinamente Jupiter Maçã. Você ouve e sabe que se trata do meu disco, mesmo que sejam trabalhos com várias sonoridades diferentes, atitudes atípicas ou coisas que não tinha feito anteriormente.

JE — Desde aquele começo com TNT e Cascavelletes até agora...
Júpiter — O que disse não quer dizer que fosse inseguro ou imatudo na fase inicial. Nunca fui inseguro em relação ao que lancei. Essa segurança é que me move e abre para o exercício da continuidade. Mas, percebo, olhando pra trás que cada vez mais tem uma assinatura, que era de fato aquilo lá mesmo, desde o começo.

JE— Você - e alguns outros músicos da sua geração oitentista do Rio Grande do Sul – é um cara que influenciou muita gente e está entre os que deram os primeiros passos do que hoje chamamos de cena independente brasileira. Você se sente uma referência? Como é isso de ser pioneiro?

Júpiter — Independente eu sou. Mas, o independente cresceu e não é mais independente. Tomou vida própria em tamanho e dimensão. Se você pensar em termos de mainstream, acabei sendo um “main” que foi formado, que emergiu das profundezasa do indie, do underground, mas tomou proporções tais, que, agora, a essência, seja indie ou underground o termo que se aplique, já tem uma notoriedade outra. E lido com isso, no momento, como período transitório, porque sinto que venho de uma espécie de transição para que um número maior de pessoas tenha acesso. Isso tá acontecendo com meu trabalho.

JE — Por falar nos gaúchos já viu o Tenente Cascavel, formação que une ex-Cascavelletes e ex TNTs? Você chegou a ser convidado?
Júpiter — Fui convidado a assistir e fui comunicado com alegria do que acontecia, mas não tive a chance de ver ainda. Acho interessante um trabalho de resgate como este, mas eu não faria. Porque a mim incomoda viver do passado e, assim, não to dizendo que eles estão vivendo no passado, mas estão apegados por demais. Estão recriando uma sonoridade que eu já vivi intensamente. Seria difícil vivê-la como se fosse meu dia-a-dia. Mas, eles estão indo muito bem.

JE — Como ouvinte qual é sua relação com a música. Você gosta ouvir o que tá rolando agora?
Júpiter — Gosto sim, mas aconteceu de neste período estar completamente rodeado pelas minhas ideias, porque estou tentando organiza-las. Não que esteja desorganizado, mas estou dando nomes, encarando facetas de cada um dos elementos meus. E isso dá um trabalho. Algumas mudam, outras ficam mais em evidência em algum momento; outras que estavam esquecidas mostram sua importância.

JE — Tem algo que você citaria desta nova cena?
Júpiter— Diria que toda a cena está legal. Essa neo-mod que tem surgido é forte e gosto dos Faichecleres, por exemplo. Eles fazem várias alusões a Sétima Efervescência.

JE — Teus discos são bem resolvidos, acho que por isso você às vezes dá um intervalo maior para lançá-los – e por isso também aquela segurança que falou antes. Cada disco tem o tempo que precisa.

Júpiter — Só foram lançados albuns meus nos quais cheguei ao fim. Realmente é uma prova que me coloco, um dogma. Um disco só vem à tona se traduzir exatamente o que to querendo. Senão seria um desconforto muito grande e dificil de lidar artisticamente. E é o que você falou mesmo: cada um teve o tempo que precisava. Vejo que você conhece bem meu trabalho. Às vezes pode parecer que foi tempo demais, mas acaba saindo, uma vez que eu esteja completamente satisfeito.

JE — E sua relação com a crítica? Não tens muito que reclamar, você é “bem criticado”, né?
Júpiter — É sempre uma surpresa o que vão achar. Eu procuro ficar tranquilo porque é como disse: tem que passar por mim. Uma vez aprovado por mim tudo que tenho que fazer e ficar à vontade, porque afinal de contas fiz o que quis fazer.

JE — Uma Tarde na Fruteira foi lançado no exterior. Como vai a carreira internacional?
Júpiter— É, pela Elephant Records, gravadora espanhola com abrangência em outros países europeus. A crítica tem sido bastante generosa, meus discos estão sendo festejados, o que é lisonjeante. Infelizmente não estou acompanhando de perto, por isso os planos de fazer uma turnê. Mas por hora é planejamento. Issos ainda é recente de certa forma, dois anos de lançamento no exterior. Fiz uma vez um show em Londres, que foi muito legal. Com muitos ingleses e toquei “Marchinha Psicótica do Dr Soup”, que é toda em portuguuês e a letra é o forte, com longas estrofes, sem refrão. E eles realmente deliraram. Acho que é o formato de marchinha, a sonoridade.

JE — E sua postura com internet gravadoras e esses assuntos todos que vivem em voga?
Júpiter — A internet ajuda, mas também atrapalha em alguns pontos. Moeda com seus dois lados. Eu particularmente tenho lavado minhas mãos. Tenho todo um processo criativo, um trabalho que envolve muitos sentimentos, toda fase de composição até chegar a hora de expor o trabalho finalizado. E, aí, já não cabe mais a mim decidir ou ter certeza do que vai ser feito com isso pelo público. É assim que tenho encarado.

JE — Mas você tem um contato direto com os fãs pela internet?
Júpiter — Não tenho. Mas sou muito acessado e tenho consciência que sou um sucesso de internet. Coloco tudo e acabam sendo coisas bastante acessadas?

JE — Não está na hora de um DVD?
Júpiter — Existem planos, mas nada de fato agendado. Mas, concordo que um DVD seria bem vindo.

Serviço
3ª edição do I_CWB – Júpiter Maça, Astronauta Pinguin, Djs Our Gang, Banzai, Delta Cokers e intervenções de rasputines.
Dia 29 R$15.
ESOQF (Av. Rep. Argentina, 1334)
Informações: 41 33420826.

5/28/2009

sei que não vou me cansar de você

"Luz de outono
Lestics (Olavo Rocha e Umberto Serpieri)

pode ser que algum dia eu perca o sono
e não tenha vontade de andar e comer
mas eu nunca me canso da luz do outono
e não tenho porque
me cansar de você

a eternidade vai um pouco além
do que eu costumo planejar
e no pedaço dela que me cabe
é com você que eu quero estar

pode ser que algum dia eu queime meus livros
jogue fora os meu discos e quebre a tevê
mas mesmo enjoado de tuda na vida
eu sei que eu não vou
me cansar de você

a eternidade vai um pouco além
do que eu costumo planejar
mas no pedaço dela que me cabe
é com você que eu quero estar"

... nossos novos clássicos também dizem tudo!

5/26/2009

"Eu Não Existo Sem Você"

Composição: Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você

5/22/2009

Zé Rodrix - R.I.P.





E o mestre Jonas voltou pra dentro da baleia, pra sempre. Vai fazer falta. Mas hoje ainda é dia de roque lá em cima!

Crianças Perdidas

Sá, Rodrix & Guarabyra

Composição: Zé Rodrix

Hoje eu queria um encontro, numa pequena avenida
Com as crianças perdidas que um dia deixamos de ser
Hoje eu queria um instante num banco branco da praça
Vendo no céu os desenhos das nuvens de um ano qualquer

Hoje uma lua na laje do pátio, quase igual àquele dia
Ia me dar uma grande alegria,
quase igual aquele dia.

Hoje eu queria a tranquilidade de uma cisterna esquecida
Com as crianças perdidas e as nuvens de um ano qualquer,
de um ano qualquer

5/21/2009

"Festival Rock de Inverno traz Fellini a Curitiba"

Rock de Inverno 7 no Sobretudo

"A amiga, colega jornalista e produtora musical Adriane Perin manda notícias sobre a nova edição do "Rock de Inverno", que está se tornando tradicional ao chegar ao seu sétimo aniversário. Como o próprio nome diz, trata-se de um festivel de bandas de rock que acontece durante o inverno curitibano.

Sempre feito no peito e na raça pela Adri e pelo jornalista e músico Ivan Santos, da banda OAEOZ, neste ano ganha o apoio da Fundação Cultural de Curitiba. A grande novidade promete ser a volta aos shows da banda paulistana Fellini, em comemoração aos 25 anos de surgimento do grupo que foi um dos precursores do indie brasileiro."


lei a íntegra

5/20/2009

Falsas baladas entre os mais baixados do Senhor F

Deu no Senhor F

Selo digital Senhor F Virtual: 140 mil downloads gratuitos em 2008

* Da Redação

O selo digital Senhor F Virtual totalizou 141.706 downloads durante o ano de 2008, superando a marca de 55.576 registrada no ano anterior. Até abril deste ano, os números já ultrapassaram os 70.000 downloads, apontando para um novo crescimento. O número total inclui discos-cheios zipados (que contém várias músicas), eps e singles, e músicas avulsas lançadas durante e, em alguns casos, antes de 2008.

O disco-cheio mais baixado é "Pequenas Coisas Me Fazem Feliz" da banda mineira Radiotape, lançado em maio de 2008, com 820 downloads. Em seguida, estão "Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada" da curitibana OEOZ, (sic)lançado em abril, com 520 discos, e "Teatro que Celebra a Extinção do Inverno" dos catarinenses Stuart, lançado em junho, com 390 discos.

veja a íntegra.

5/19/2009

Rock de Inverno 7 - Folha de Londrina

Folha de Londrina de hoje (acesso com cadastro), na coluna "Camarim", de Rodrigo "Digão" Duarte

Festival 1

Após três anos sem ser realizado, o festival Rock de Inverno confirma sua sétima edição, programada para os dias 24 e 25 de julho, no John Bull Music Hall. A principal atração é o Fellini, banda cult da cena rock paulistana dos anos 80, que encerrou atividades no começo da década seguinte mas realiza shows de reencontro de tempos em tempos, como já aconteceu em 1998, 2000 e 2003 (este último, no Tim Festival).

Festival 2

O Fellini vem a Curitiba com sua formação clássica: Cadão Volpato (vocais), Thomas Pappon (baixo), Jair Marcos (guitarra) e Ricardo Salvagni (bateria). Segue a linha invernal, intimista e de letras inteligentes. Foi uma das primeiras bandas de rock a flertar com a MPB, inserindo algumas batidas de samba às músicas. Isso era percebido, de leve, no álbum de 1986, ''Fellini Só Vive Duas Vezes'', se intensificando no disco de 1987, ''Três Lugares Diferentes'' (vale citar que na mesma época o Beijo AA Força já fazia algo semelhante em Curitiba).

Festival 3

A grade do Rock de Inverno conta com mais 13 bandas. Estão escaladas Ruído/mm, Mordida (estas são as únicas que já tocaram em outras edições), Hotel Avenida, Je Rêve De Toi, Koti e os Penitentes, Heitor e Banda Gentileza, Diedrich e os Marlenes, Pão de Hamburger e Liquespace. Todas essas são de Curitiba. Entre os convidados de outras cidades estão Nevilton (Umuarama), Beto Só (Brasília), Les Tics e 3 Hombres (ambas de São Paulo). Esta última fará um show em homenagem ao falecido Minho K, integrante de sua formação original, e que também já fez parte do Fellini.

Festival 4

O Rock de Inverno terá também uma festa de abertura no dia 23 de julho, no Era Só O Que Faltava, com outros shows (a confirmar). No mesmo dia, às 19 horas, também vai rolar um bate-papo sobre produção de festivais de música independente.

5/13/2009

Curitiba tem jazz, sim senhor!

Jornal do Estado/Bem Paraná


O pianista Gebran Sabbag, o trombonista Raul Souza (foto) e o maestro Waltel Branco: músicos que ajudaram a construir, aqui de Curitiba ou buscando outros espaços, a história da música brasileira (foto: Divulgação)

É essa história que ganha destaque no documentário Música Subterrânea

Adriane Perin

La Vie en Rose, Marrocos, Moulin Rouge, King’s Club, Gracefull e o Clube Tropical. Se você viveu as décadas de 1950 e 60 em Curitiba e gostava de boa música, é possível que estes nomes estejam revolvendo suas lembranças. São nomes de algumas das casas de jazz da efervescente capital paranaense em meados do século passado. Uma cena que era forte e seguiu até os dias de hoje cheia de histórias que ficam na memória de poucos. Mas, cada vez, pode acreditar caro leitor, tem gente de olho nessa que é a “nossa história”. Um desses núcleos é o projeto Olho Vivo, de Luciano Coelho, cujo acervo de pesquisa fica cada vez mais precioso, e que agora se debruçou no jazz produzido em Curitiba. Um dos resultados é o documentário Música Subterrânea, assinado por Coelho, cuja exibição de lançamento será amanhã, no Wonka, na noite de jazz do bar.

A bonança daqueles anos na cidade refletia um dos momentos áureos da economia local e suas grandes safras de café, o chamado “ouro verde”. O movimento atraia músicos de vários lugares do país e teve palco principalmente nas boates da cidade, onde o repertório habitual começou a ser substituído pelo estilo musical norte-americano. O assunto é de interesse de Luciano há muito tempo, fã de jazz que é, e um observador próximo desse circuito que, me parece, é ainda mais maltratado, em certo sentido, que o das bandas independentes pelo seu público potencial. Mas, que tem um público fiel que acompanha os “êxodos” de seus instrumentistas pela cidade.

“A maior parte dos músicos que aparecem no trabalho eu já vi tocar várias vezes e sempre gostei muito de assisti-los e de perceber a qualidade e, também, que como em outras áreas, Curitiba tem uma peculiaridade: tem os artistas que ficaram e os que foram embora”, comenta. Um dos primeiros casos famosos é de Airto Moreira, que passou três dos anos muito significativos de sua formação musical, na cidade. “Ele coloca isso no filme. É um cara super importante para a música mundial, tocou no grupo de Miles Davis”, acentua Coelho. Um caso oposto ao dele, é o do pianista Gebran Sabbag, hoje uma espécie de eminência parda do jazz local.

“Um super pianista citado por todos que entrevistei e que ficou aqui e foi praticamente esquecido por muito tempo. Uma pessoa hoje ainda muito desconhecida e que não pede reconhecimento da arte que faz. O filme acompanha essa geração do Gebran, da época em que havia muita vida noturna e muita música nas boates da cidade. O próprio Gebran diz que eram umas 20 casas”, comenta o documentarista que, de papo informal em papo informal entre os músicos que gravou, reconstruiu essa história.
Moreira é um conhecido, mas tem um outro “estranho”, que começa a ser notado e não aqui na cidade, apenas. Um tal Guarany Nogueira. “Cada vez mais se comenta que a batida da bateria da bossa nova foi criada por aqui por este músico que tocava na banda de Waltel Branco e Gebran”, conta o diretor. “Ele e o Waltel foram para o Rio e o Guarany foi tocar com João Gilberto e agora isso está vindo à tona. Quem conta no nosso filme é o Robertinho Silva, um dos maiores bateristas brasileiros”, situa Luciano, emendando outro porém. “Isso sem falar no Waltel. Nem todos sabem mas o arranjo de “Chega de Saudade” não é do Tom Jobim, não; é dele. É que a gente tem ainda uma imagem de Brasil como sendo o Rio de Janeiro”.

O documentário foi possível pelo Fundo Municipal via edital de patrimônio imaterial, o que é muito interessante. Com verba pública, foi possível fazer a pesquisa coordenada por Débora Aguilham. Basicamente, explica Luciano, foram longas conversas, que renderam 30 horas que agora ele está sofrendo para transformar em 1h50. Não dá para perder a exibição de amanhã, porque não tem outra marcada. Primeiro, terminar o trabalho, depois agilizar uma agenda para que ele seja mais conhecido.

Foram muitos momentos comoventes no encontro com cinco gerações de músicos locais, conta ele, um deles, a conversa com Scarlate, um (super, na definição de Luciano) guitarrista que está bem velhinho e que não tem destaque atualmente. “Mas a maneira como ele conta que veio para Curitibapara ser faxineiro... as histórias lembradas das madrugadas no Bar do Saul...”

Serviço
Lançamento de Música Subterrânea , com banda Wonka Jazz Project e jam session. Dia 14 às 21h. Ingressos a confirmar. Wonka Bar (Rua Trajano Reis, 326. Informações: (41) 3015-1592

5/12/2009

Second Come: mais uma partida

Recebi hoje este email do Rodrigo Lariú, jornalista e produtor do Midssummer Madness, contando sobre a morte de um dos caras do Second Come.

"Faleceu na segunda-feira, 11 de maio, Fábio Leopoldino, ex-vocalista e guitarrista das bandas Eterno Grito, Second Come, Stellar a Polystyrene. Fábio tinha 46 anos, morava em Valença e teve um infarto fulminante. Abaixo reproduzo o email do Francisco, baixista e amigo de várias bandas:

Estranho isso, mas neste momento, realmente não sei o que faço. Acabei de receber uma notícia extremamente triste e a única frase que me veio foi o nome desta música.

Hoje, lá pelas três da tarde, faleceu o Fábio Leopoldino. Fábio L., como na época do Second.
Segundo informações de um amigo comum, que foi avisado pela mãe do Fábio, ele teve um infarto e não chegou sequer a receber socorro. Apenas pediu a mãe que ficasse com ele. Poético, como foram suas composições.

Durante alguns anos, após o final do Second Come, fiquei sem falar com ele.
Vários foram os "motivos" que me levaram a acreditar que eu estava certo.
E vários foram os motivos que me levaram a acreditar, depois, que estava errado.
Quando voltamos a conversar foi ótimo. E libertador.

Mas agora não valem mais as palavras.

Apenas peço que os que o conheciam, pessoalmente ou por suas músicas, desenhos, contos, etc. lembrem dele agora de uma forma boa, com aquele pensamento bom que poucas vezes temos na vida. E que essa luz o ajude nesta passagem.
F. Kraus


Tive a chance de ver um show in-crí-vel dos caras, no 92, em meados daqueles deliciosos anos 90 curitibanos. Também temos o vinil dos caras em casa. Eu sei que já vi show memoráveis, mas este foi um daqueles da gente ficar grudando no 92, todo mundo se acabando de dançar, beber, cantar (eles fizeramn um versão da Madonna). não tenho certeza se foi nesse que tocou junto o magog... posso não ter lembranças claríssimas dos detalhes, mas sei que o Second Come fez um dos grandes show dessa minha curta vida. Não conversei com o cara nunca, mas a música tem dessas coisas, não é não? insiste em nos aproximar - ou, pelo menos era assim, antigamente. A partir de agora, nossa geração começará a ver partir os seus.. é a vida que segue seu curso que não nos deixa alternativa a não ser aproveitar o curto tempo que temos. Vai em paz Fabio L e bons sons.(Adri).

5/06/2009

“Violência no Brasil é violência mesmo!”

Foi o que constatou o alemão Rodger Klingler no período que ficou em presídios brasileiros

Jornal do Estado/Bem Paraná

Kingler espera que o Ministério da Justiça brasileiro permita que volte ao Brasil, já que pagou sua dívida com o País (foto: Divulgação)

Adriane Perin

O inferno que é viver em um presídio brasileiro não é nenhuma notícia nova para quem esteve atrás das grades ou acompanha os lançamentos literários e cinematográficos nacionais dos últimos anos – vários foram os títulos nos dois suportes que se debruçaram e sobre esta cruel e amarga realidade. Agora, esse (sub) mundo ganhou um olhar estrangeiro, do alemão Rodger Klingler, autor de Memórias do Submundo – Um Alemão Desde ao Inverno no Rio de Janeiro, da editora Best Seller. Klingler tem feito pessoalmente um “corpo a corpo” telefônico com a imprensa nacional, direto de sua terra natal, já que em uma tentativa de entrada no País para os trâmites do lançamento, há dois anos, foi barrado. Anos antes, no entanto, por Curitiba, entrou sem problemas, na única volta que fez ao país, onde passou 4 anos preso por porte de meio quilo de cocaína, apreendida numa tentativa de embarcar para a Alemanha, no início da década de 80. “Há três anos fiz um pedido para MInistro da Justiça e não tive respostas. Talvez agora, com a atenção ao livro, isso facilite. Já cumpri minha pena, gostaria muito de poder voltar ao Brasil e não tive mais nenhum problema com a polícia”, garante.
Nas 380 páginas, Klingler não se esquiva de tratar das questões que o levaram por este caminho e trata abertamente sem hipocrisia de temas delicados, como o consumo de drogas nas prisões, relações com travestis, funcionários e ações policiais. Não há lamentos, nem o coitadismo de se dizer enganado e injustiçado. Ao contrário, suas palavras deixam claro que foi o fascínio de um jovem por um país que lhe despertava o gosto pela aventura e o desejo de ganhar dinheiro, as razões que o levaram a este underground. Dos 19 aos 23 anos.

Há coisa um mês, ele ligou da Alemanha para contar dessa empreitada e combinar o envio do livro. Passado um início de desconfiança, ficou a suspeita de que o interlocutor do outro lado do mundo tinha uma boa história, que valia uma reportagem. Confesso que comecei a ler o livro ainda certa de que seria “só” isso, uma boa história, sem contudo, a certeza de que o livro traria em si algum valor literário. E tem. E também potencial para cinema, como ele sonha. O estímulo para o livro veio de uma das pessoas importantes que encontrou, o professor Arthur, que dava aulas no presídio. Klingler não queria uma biografia como estreia e na Alemanha publicou Das Leben der Anderen ( A Vida dos Demais), em 2005. Esta sua segunda obra, no entanto, não despertou o interesse das editoras conterrâneas. Ele diz que está ás voltas com o livro há uma década, mas o escreveu em 4 meses. “É uma história que não se esquece, tava toda na minha cabeça. Mas escrita, mesmo, foi em 4 meses. Foi uma dureza começar lembrar porque também é algo que não se quer lembrar”, diz.
Olhando hoje o período de prisão, ele confessa que foi definitivo para sua vida. “Parece loucura, mas foi o melhor que poderia acontecer. Senão ia acontecer mais tarde e seria pior. Assim, pode saber que não vou cair numa loucura dessas novamente”, avalia. Klingler está informado sobre a bibliografia disponível no Brasil sobre o assunto e não se intimida em afirmar que seu livro é melhor que o que deu origem ao filme Meu Nome não É Johnny, sobre a história de um jovem carioca classe média que virou traficante. “Depois que assinei contrato com a Record fui ler sobre e estou convencido que o que diferencia o meu livro é o ponto de vista das coisas. Como estrangeiro quero chamar a atenção para as condições dos presidiários brasileiros, que são desumanas, e o Brasil não merece isso”
Nas páginas escritas, nota-se um nada de rancor, nem tem espaço para arrependimentos. Claro que eles aconteceram, mas o olhar dele é de carinho, não julga nem presos, nem policiais. Nem vem com falso moralismo dos abatidos. Vê o que de bom havia mesmo nos piores momentos, nas chamadas “lumbras”, as invasões pela PM nos presídios, quando tudo era destrúido. “Sempre procuro me apoiar na cabeça do outro para entender. Imagine um funcionário que ganha uma mixaria que não sustenta nem a família e é obrigado a fazer algo que não deveria fazer. Sabe, as coisas são assim, é lógico. E sempre fui bem tratado, por funcionários. Quando a PM entra numa lombra, é um caso a parte, eles nem sabem o que tem lá, atiram em qualquer coisa que se mexa. Do ponto de vista da polícia brasileira fazer assim é certo, porque violência no Brasil, é violência mesmo. Isso na Alemanha não conhecíamos. Se você assalta um banco, a polícia jamais vai atirar para matar, atira para ferir. No Brasil, atiram para matar”. Foi num desses “encontros” sombrios que ele viveu um dos momentos mais incríveis, quando o professor Arthur enfrentou um PM em defesa da escola. “Foi um momento de definição, nunca vou esquecer. Entra um policial negão, muito grande e partiu para cima. E esse Arthur, uma pessoa pequena, se pos na frente, cresceu a voz dele a ponto de não o reconhecer. Só podia ser outra pessoa dentro dele que o fez gritar para o policial e o fazer parar. E realmente aquele policia tirou o chapéu para ele; pediu desculpas. Foi assim, esse professor mostrou que a força maior é amor”, lembra ele que há 3 anos perdeu contato com o professor, mas espera que a filha dele entre em contato, com a repercussão do livro. Outra expectativa é que sua história vá para o cinema. “Tenho o roteiro prontinho. Estou esperando um brasileiro ou brasileira, que faça isso. Não entendo porque até agora ninguém se manifestou. Acho que não conhecem o livro”.

Um momento absolutamente marcante no livro é a chegada de Rodger Klingler no presídio Lemos de Brito, com Nelson, o preso que ao questionar o que ele, um alemão, sabia do Brasil definiu explicou o país a partir do samba. “No tempo da escravidão as pessoas era tratadas como animais, punham-se ferros em seus pés para que só pudessem dar passos muito pequenos. (...) mesmo a noite não lhe tiravam os grilhões. (...) apesar disso eram pessoas alegres (...) e dançavam do jeito que era possível – com os grilhões em volta do tornozelo. Você já olhou atentamente como é que se dança samba?”. Talvez o encontro com pessoas com este olhar tenha ajudado a alimentar seu amor pelo Brasil, evitando que a decepção virasse ódio.
Os momentos cinematográficos vão alem. Como o encontro com o delegado que ainda tinha restos da cocaína pura apreendida nas narinas. E apenas metade do quilo que tentava levar para a Alemanha estava nos autos. Ele tinha um plano detalhado, que foi barrado no aeroporto naquele período de festas, do começo dos anos 80. O joven esteve no país anos antes e se encantou; tomou a decisão de voltar com dinheiro para comprar, direto na fonte, seu passaporte para uma vida boa. O plano era vender o quilo, bem mais caro do que pagou, em sua terra. “Inicialmente foi uma aventura. Vivia em outro mundo, eram outros costumes. O Brasil não tava ainda em destaque como hoje, que é uma força econômica”, situa.

Mesmo com a desventura, e toda violência, recebeu mais atenção do pessoal daqui do que de sua terra. As visitas do representante do consulado alemão não foram alentadoras, muito ao contrário. “Para eles eu estava sujando a imagem da Alemanha. Por causa do Alois, meu amigo holandês, é que recebi a visita da Unicef por ser estrangeiro”, comenta. Este foi outro personagem importante, que até o bancou numa fuga que não deu certo. Com ele perdeu contato há 5 anos e acha que pode estar preso novamente. O outro dos nomes fortes dessa história,é o Nelson, que tomou as rédeas e acabou com a própria vida, ainda na prisão.
Rodger é muito seguro na conversa. Quer voltar ao Brasil e não teme represálias. “Foi exatamente o que aconteceu. Vinte anos se passaram, assumi meu erro e paguei minha conta. Quero ser um exemplo para que outras pessoas não incorram no mesmo erro. Fui muito sincero”.

5/04/2009

Emerson "Gus" - RIP





Fiquei sabendo agora pouco de uma notícia muito triste. Nosso amigo Gus não resistiu às complicações provocadas por uma cirurgia e morreu na tarde desta segunda-feira. Pra quem como eu teve o privilégio de não só conhecer como conviver com esse cara talentoso, generoso, simples, gentil, é um choque saber que ele se foi assim, tão cedo, mesmo sabendo que há tempos ele lutava contra uma doença grave e rara. A morte de alguém próximo é sempre algo difícil de aceitar, mas mais ainda quando isso acontece com alguém ainda jovem, com tanta vida pela frente. Conheci o Gus inicialmente como guitarrista do Loaded. Como tal ele se apresentou no primeiro Rock de Inverno, em 2000. Depois, com o Sofia, eles se apresentaram mais três vezes no festival, e minha admiração pelos caras só cresceu. Não esqueço de uma entrevista pro video do Rock de Inverno 3, quando o Gus brincava com o "estigma" que algumas bandas tinham de fazerem música melancólica demais. "Lá vem os caras tristes...", ironizava ele. E deixava claro que ele, o Sofia, enfim, faziam o que queriam, e não estavam ali pra fazer média com ninguém.

Me lembro também quanto eu, o Gus e o Rafael Martins fizemos um tributo ao Joy Division, no James, fazendo só com dois ensaios e cara de pau. Foi muito divertido.

E ainda no Rock de Inverno 6 ele tocou novamente, desta vez com o Goticos For Fun, demonstrando outra faceta de seu talento como músico e artista.

Não sei muito o que dizer nessas horas. A não ser que você vai fazer falta Gus. Quem é que vai gritar "toca um roque aí" nos shows só pra apavorar?

Fica aqui a nossa homenagem a essa grande figura, na forma de dois videos - o Loaded no primeiro Rock de Inverno, e o Sofia, no auditório Antonio Carlos Kraide, no Rock de Inverno 2, com o Gus se jogando no chão com a sua guitarra. Essa é a imagem pela qual eu quero lembrar dele, feliz, fazendo o que mais gostava. Vai com Deus e fica em paz Gus.

É tri



A folga no feriadão acabou, o Mengão é tri, e a correria pra aprontar o Rock de Inverno 7 continua. E continuando nossa recapitulação, vcs podem conferir acima a Plêiade, segunda atração do primeiro Rock de Inverno, aquele lá no Circus, em 2000, com Claudião Pimentel e sua trupe detonando a bela e intensa "A árvore". Boa semana pra nós!