4/29/2009

conversas e lembranças


(pra ilustrar o texto da Adri, Criaturas tocando "Serenata" no Rock de Inverno 3, em 2002)


Essa semana falei com Dóris Monteiro e Billy Blanco. Semana passada com Glória Menezes. 74, 85 e 74 anos, respectivamente. Esta última vi na televisão desde que nasci, tenho a impressão, geração nascida nos anos 70 que sou, quando as novelas eram boas. Lembro dela em pb, lembro de histórias de novelas que assistia junto com minha avó... E agora, mais de 15 anos depois de ter tomado o rumo do jornalismo, quando falo com essas pessoas, tanta, mas tanta coisa passa na minha cabeça. Um misto de ansiedade, alegria, medo, euforia tudo se mistura. Nunca planejei essa profissão, mas gosto do que ela me oferece. Escrevendo a matéria da Doris e o Billy, que me surpreenderam com a força de suas vozes, velhinhos, atendendo a imprensa por telefone, mesmo cansados de contar suas histórias.... lembrei do dia em que Nelson Gonçalves cantarolou pra mim, ao telefone (ou seja no meu ouvido) aqui nesta mesma redação, quando eu ainda era uma foquinha...puxa, eu já falei com gente tão importante. Mas, mais do que "importantes", pessoas com personalidade que viveram suas histórias tão fortemente que elas viraram parte da história de outras pessoas também. Isso me emociona de um jeito... Não acho, sinceramente, que fiz jus a elas... mas tentei.

Ao mesmo tempo to aqui, ouvindo a manhã inteira a voz suave da Xanda, nas canções da Criaturas... não sei exatamente o que eu quero dizer com este texto... só que fazia tanto tempo que não punha nada no blog, me prometi um diário do Rock de Inverno, mas não fiz rolar ainda... é, tá chegando outro Rock de Inverno, quem diria...

ahhhhh, acho que acordei com saudades...mas com o pé, os dedos e a mente no agoram (porque hoje é dia de começar a fechar o caderno de sexta, coluna piracema). Acordei com saudade da lu raitani, que (que bom!) tá dando aulas de teatro em Londres (finalmente uma notícia que queria ouvir ou ler, mesmo que isso signifique que ela cada vez mais vai mesmo ficar lá longe.); com saudades d'OAEOZ (que ouvi, na tentativa inutil de escolher uma música como a melhor); saudades das tardes cheias de amigos e sons na casa das jabuticabas ou na casa azul); com saudade da minha infância (falar com esses velhinhos adoráveis todos me faz pensar tanto tanto no meu vô Ino e na minha doce Vó Ina, que não posso mais abraçar)... saudades...

Acho que a gripe (e os remédios) é que me deixa assim, mais lenta e divagante... Tem um lado bom, ela me deu uma brecada.. me sinto mais leve que nas últimas semanas... com vontade de caminhar pela cidade, sentar numa dessas praças lindas de Curitiba e só olhar pras árvores, ver as pessoas passando... sem pensar que tenho que escrever algo sobre alguma coisa; sem correr porque to em cima da hora de alguma coisa marcada... só ficar quieta e deixar o dia passar no ritmo dele, esse ritmo de outonal, com seu sol, que queima os olhos, e céu azul com a certeza de que em alguma hora do dia vou encontrar com aquele ventinho bom que anuncia que nem só de verão vive a humanidade. Ainda bem! (Adri Perin)

4/28/2009

Granada na revista Etecetera

"Muita gente nem sequer ouviu falar deles. Tudo bem, é que os caras não freqüentam os basfounds indies, repletos de esnobes filhinhos-de-papai recém saídos de uma faculdade de moda, praticando seu inglês imperialista de merda como bons chimpanzés do terceiro mundo, tampouco têm videoclipe veiculado na MTV e nem são sensação no myspace. Nunca li uma matéria sobre eles na Rolling Stone. É só uma banda de trabalhadores, da “classe trabalhadora” como costumam dizer, caminhando por uma estrada construída por eles próprios e mais ninguém."

trecho do excelente texto de Sandro Saraiva, na revista Etecetera, sobre Granada, do La Carne. Vai lá e ve a íntegra.

4/27/2009

Carpinejar por Leo Vinhas no JE

Na edição de hoje do JE/Bem Paraná tem mais uma matéria do Leo Vinhas. Desta vez uma entrevista com o Fabrício Carpinejar. Confere .

4/25/2009

Urgente

Nosso amigo Emerson Gus Macedo, ex-Sofia, atual guitarra do Goticos For Fun fez uma cirurgia delicada na última quarta-feira, e está precisando de doadores de sangue. O estado dele é considerado grave. Quem puder ajudar pode doar sangue na Santa Casa de Misericòrdia de Curitiba, até ás 18 horas - segunda a sexta- feira, e sábado até o meio dia. Força aí Gus!Estamos torcendo por você.

Lembranças que valem tudo



"palavras não tem sentido, são sentidas"


pois é. o tempo passa cada vez mais rápido. há quase nove anos atrás, em uma noite de junho de 2000, o Faus - banda do grande multiinstrumentista e compositor Marcos Coelio Gusso - abria o primeiro Rock de Inverno, no porão do finado e saudoso Circus bar. E hoje faltam exatamente três meses para o Rock de Inverno 7, que desta vez, está programado para acontecer nos dias 24 e 25 de julho, no John Bull Music Hall, com quatorze atrações divididas em duas noites. A contagem regressiva já começou e a ansiedade tá batendo. Mas é um sentimento bom, pois na verdade esse momento já é o de realização, pois o trabalho mesmo pra chegar aqui começou há pelo menos dois anos, e só por isso e pela insistência da Adri que a coisa toda aconteceu de novo. Que os deuses da música nos iluminem e protejam! Como diria o Arnaldo, tudo o que nós queremos é que sejam duas noitadas excelentes para todos.

fiquem ligados que daqui pra frente nos próximos dias estaremos divulgando muitas outras novidades e informações sobre o festival.

4/21/2009

Blá blé bli blogs

Dicas de blogs legais que eu descobri recentemente e partilho com vocês. O primeiro do Cassim e Barbária - banda formada pelo Cassiano Fagundes (Bad Folks), mais o pessoal ex-Pipodélica - Xuxu, Leonardo, Heron, e pelo ambervisions Zimmer, que recentemente esteve em turnê pelos EUA. No blog, eles contam em detalhes as aventuras, shows e outras curiosidades dos mais de onze mil km de viagem em uma van pelas américas nortistas.

Já no Diário de Bordo nossa amiga Xanda Lemos conta as aventuras dela e do marido-batera-companheiro Bruno pelas terras do Tio Sam, pra onde os dois mudaram recentemente.

4/20/2009

Música de Bolso





Conheci o Música de Bolso por um link no blog do Rubens K. É um projeto muito semelhante ao curitibano Tubo de Ensaio, que registra em vídeo performances acústicas de bandas em locais inusitados. A diferença, aparentemente, é que os caras estão há mais tempo nessa e já contam com um acervo bem amplo, ajudados pelo fato de que as gravações são em sp, e provavelmente eles se aproveitam dos artistas de fora que estão por lá para shows, etc. O ruído/mm gravou e deve entrar no ar nos próximos dias. No arquivo dos caras tem muita coisa boa. Destaco duas que me chamaram a atenção, o Momo, tocando em uma feira de antiguidades, e o Wado, na escadaria de um prédio. Impressionante a composição que os caras conseguiram nesse último, aproveitando o visual da escadaria. Coisa de primeira. Legal também que cada artista/video tem o relato de como e onde foi gravado o vídeo. Também dá pra assistir os videos na página dos caras no You tube. Vale a pena conferir.

4/17/2009

La Carne no Piracema, Leoni no JE



No Piracema de hoje tem La Carne. E na edição de hoje do JE também tem uma entrevista bem legal com o Leoni.

"ô crianças, isso é só o fim"

Sabe quando você faz um esforço tremendo para mudar as coisas, mas depois que consegue, percebe que acabou ficando na mesma, e que a tal mudança que você tanto almejava não te levou a lugar nenhum? Sempre me lembro de um quadro de um antigo programa de humor da TV, onde um personagem de um político tinha como bordão: “nem que for pra pior, nós vamos melhorar”.

É mais ou menos assim que me sinto, como um cachorro correndo atrás do próprio rabo. E o pior é que já não vejo mais perspectivas de que isso mude (olhaí de novo). Deve ser algum tipo de karma, seja lá o que for isso. Estou quase me convencendo de que essas filosofias segundo as quais a gente tem que se conformar e aceitar as coisas como elas são estão certas. Afinal, parece que nada adianta nada mesmo. Estamos todos condenados. “A humanidade caminha sobre cadáveres”. “Deus está morto, Marx morreu, Freud morreu, e eu mesmo não me sinto muito bem”.

Me sinto simplesmente empurrado pelos acontecimentos, horas, dias, compromissos, como se eu mesmo nem existisse, apenas um corpo carregado pra lá e pra cá, esperando o tempo passar, e a hora derradeira chegar. Cada vez mais “rezo por uma pausa de todo o pensamento”, mas essa pausa nunca vem, ou se vem, não resolve nada, porque quando ela acaba, os velhos problemas continuam lá, zombando das nossas ilusões, nossas esperanças vazias.

Não há mais saídas. Não há mais nem mesmo vontade de procurá-las. Nem motivos para encontrá-las. Só o arrastar de um corpo gasto e cansado, até o fim dos dias. “Quem vai achar a diferença, se a verdade se repete como farsa, no fim”.

4/16/2009

Folhetim Urbano apresenta single e site


Bem Paraná/Jornal do Estado

Adriane Perin

O Folhetim Urbano, com o convidado Allan Yokohama (foto: Jonas Oliveira)
É legal ter a chance de acompanhar a caminhada de um artista, notar o amadurecimento na busca por uma história pessoal e a sentir, no caso de uma banda, a encorpada do som. Com a que ocupa hoje o palco da James Session, Folhetim Urbano, foi assim. Carlos e Renato Zubek e Marcelo Chytchy – hoje com a companhia do guitarrista Allan Yokohama - fazem o lançamento do single Insanidade e a apresentação do site, feito por Renato, e que vais ser o QG da banda daqui em diante. O single é o primeiro resultado daquele que será o segundo trabalho do trio, com produção de Rubens K. A música está no endereço www.folhetimurbano.com, e outras virão em breve. Ansiedade é normal, mas eles deram uma destravada na semana passada com o show em São Paulo. “Foi recompensador, estamos trabalhando bastante. Viagem sempre desgasta um pouco, o Marcelo teve um acidente e ainda estava se recuperando, havia uma certa tensão no ar. Fomos os primeiros a tocar e o pessoal já foi parando de conversar, se aproximando do palco. O Allan é, antes de tudo uma pessoa especial, e um músico talentosíssimo e fez toda a diferença. Também chamamos o Linari (do La Carne) para cantar”. Já que o guitarrista, vocalista e compositor tocou no assunto,diga-se logo que a banda de Osasco é clara referência e inspiração do Folhetim. Responsa que os curitibanos sabem quanto pesa – e que estão segurando com bravura. A banda está potente, ganhou corpo e o disco, D’aurorà Tormenta, está ficando bem legal. A previsão é para início do segundo semestre, resultado da “confraria Z”, nome do estúdio de Zubek, que reflete bem o jeito de trabalhar da banda, entre amigos, no mais puro “do It Yourself”. Mas, sobre o disco, seu produtor e esse caminho todo, a gente volta a falar mais adiante, quando ele estiver pronto. No início, o que me atraia no Folhetim era a honestidade na busca por um som que fosse seu, em meio a convivência em um circuito de amigos músicos e escritores muito fortes. Era preciso um tempo pra banda se fortalecer. Isso já é visível. Confira no show.

4/15/2009

FU na TV

Carlota Joaquina avisa:

Gravamos uma participação no programa Enfoque, que vai ao ar hoje. Foi em nosso estúdio e tocamos as músicas Insanidade e A poesia, ambas do próximo disco. Também batemos um papo com o repórter, sabe lá o que vai passar pela edição, mas foi divertido. Além do mais junto com a banda participou também o Rubens K. (nosso produtor) e o Allan Yokahama (nosso David Grohl japonês).
Assista às 21h no canal 09m, TV Educativa - PR

Eu (carlão), o Japa (Allan) e meu novo filho o Tonico, participamos do programa Upload tocando duas músicas do F.U. em versão acústica. O Tonico fez a batera pra gente e foi legal pra caramba. Conversamos com o Alexandre sobre novas tecnologias de Web, cena curitibana e sobre o nosso trabalho todo.
Assista às 21h, no canal 59 UHF, TV Transamérica.

Perceberam que os dois são no mesmo horário, às 21h? Pois é, não é impossível assistir os dois, sempre faço isso aqui em casa, é só ficar pulando de um canal pro outro. Quem tiver uma TV legal dá pra assistir pelo PIP e quem quiser da pra assistir pelo computador via web também. Vale a pena, hein.

Programa Upload
Vai ao ar às 21h pelo canal 59 UHF - PR
Assista na Web pelo site www.transamerica.tv.br
link direto - http://transamerica.tv.br/index.php/Institucional/Tv-Transamerica-ao-Vivo-3.html

Programa Enfoque
Vai ao ar às 21h pelo canal 09 VHF, TV Educativa
Assista na Web pelo site www.rtve.pr.gov.br/
link direto - http://www.rtve.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php

Próximo show:
Folhetim Urbano - Projeto James Sessions
Nesta quinta-feira (16/04/09)
22h no James Bar

Rua Vicente Machado, 894 - Curitiba

Entrada R$ 8

enviando uma mensagem para

maamuteproducoes@gmail.com = pague R$ 4

double chopp até às 24 horas

4/09/2009

Folhetim ducaralho, Carlão pau no cu



O Folhetim Urbano tá lançando o primeiro single de seu novo disco, produzido pelo Rubens K. O cuzão do Carlão não foi capaz de me mandar nem um e-mail avisando pra eu divulgar aqui. Mas por conta própria eu vi hoje no site da Maamute. Não devia, mas reproduzo então abaixo as info que o mané não teve a capacidade de me passar (pau no cu). Fazer o que. A música tá ducaralho mesmo. Deve ser mérito do Rubens.

Para quem estiver em São Paulo temos show no Outs, nesta sexta-feira (10/04), junto com as bandas Copacabana Café e o elegante Charme Chulo e para quem estiver em Curitiba faremos show aqui na quinta-feira (16/04), no James, dentro do projeto James Sessions realizado pela Maamute Produções. Nestes shows estaremos tocando as músicas do nosso próximo álbum que se chamará D’aurorà Tormenta e também teremos a participação do guitarrista kamikaze Allan Yokohama. Sobre o nosso novo álbum, D’aurorà Tormenta:

O álbum está em fase de finalização, contendo 11 faixas e várias participações, seu lançamento está previsto para o início do segundo semestre,

Até o fim de maio serão disponibilizadas mais duas músicas na web.

*Insanidade - Single disponibilizado na net

A faixa Insanidade, do novo álbum, está disponível para ouvir e baixar pelo site da banda (www.folhetimurbano.com), pelo myspace (www.myspace.com/folhetimurbano), pelo site da produtora Maamute (www.maamute.blogspot.com).

*Ficha técnica:

Rubens K., parceiro nosso desde sempre, é responsável pela produção musical de todo o trabalho.

A gravação e mixagem foram feitas no estúdio da banda, Confraria Z, por Carlos Zubek.

A arte do disco é de Carlos Carah.

O design e programação de web foram feitos por Renato Zubek.

O álbum tem participações especiais de:

Mário Bortolotto (dramaturgo, ator e músico)

Marcos Linari (La Carne)

Igor Ribeiro (Orkestra Mecânica)

André Ramiro e João XXII (Índios Eletrônicos)

Lawrence Avon (Solo)

Tudo novo:

Hotsite - www.folhetimurbano.com

Criamos um hotsite para disponibilizarmos as três faixas e informações sobre o D’aurorà Tormenta.

Fotolog - www.fotolog.com.br/folhetimurbano

Como somos preguiçosos para manter atualizado um blog, achamos mais fácil tentar atualizar um fotolog, vão lá, comentem e dêem vida a página.

Orkut - www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=32872389

Não há como lutar contra, criamos uma comunidade no Orkut, então…seja nosso amigo.

Trama e Myspace de cara nova www.myspace.com/folhetimurbano http://tramavirtual.uol.com.br/folhetim_urbano

Próximos Shows:

10/04/09 Club Outs - Rua Augusta, 486 - São Paulo

Charme Chulo + Copacabana Café + Folhetim Urbano

16/04/09 James Bar - Rua Vicente Machado, 894 - Curitiba

Projeto James Sessions - Folhetim Urbano

Então é isso, ouçam Insanidade e fiquem a vontade para comentar. Abs.

4/03/2009

Piracema e fim de semana



E além das matérias abaixo, tem muito mais na edição de fim de semana do Jornal do Estado/Bem Paraná. Tem a coluna Piracema, com resenha sobre o ótimo disco "Buscador", do Momo. E entrevista com o deputado Ângelo Vanhoni sobre as mudanças na lei Rouanet.

Música é a alternativa

Bem Paraná/Jornal do Estado

Alex Santos

Trio Quintina apresenta seu quinto disco

Trio Quintina lança nesta sexta e sábado seu novo disco no Paiol; enquanto isso, a Ruído/ mm recebe as paulistanas Cérebro Eletrônico e Guizado no John Bull Music Hall

Adriane Perin



Não tem pra ninguém. Este final de semana voltou a ser da música independente, depois da avalanche teatral. Vários shows, importantes, acontecem na cidade.

Quintina Orquestra Trio. Não é sem razão que o novo disco do trio curitibano tem esse nome. Gabriel e Gustavo Schwartz e Fabiano Silveira. o Trio Quintina, se desdobram em vários no quinto trabalho do grupo que existe há 11 anos. Para o show de lançamento no Teatro Paiol eles terão companhia de Graciliano Zambonim (bateria), Vitor Gabriel (sax tenor e clarinete), Sérgio Albach (clarinete) e Rodrigo Capistrano (sax alto e soprano).

Está ali bem reconhecível a verve deste trio formado por exímios multiinstrumentistas. Aliás, a excelência instrumental é algo que logo salta aos olhos e faz pensar sobre o segredo para que o som não vire uma mera exibição de técnica. As músicas do Trio Quintina têm vida, não são frias, elas te envolvem. Gabriel, o homem que atende a imprensa, está certo que isso tem a ver com o tempo de convivência. "Faz toda a diferença e continuamos ensaiando toda semana. Cada um faz o que sabe mais e acho que isso é a organicidade. Estar tocando junto na noite, interpretando outros compositores também fez com que a gente criasse uma linguagem nossa", diz, explicando que os shows, no entanto, exigirão formações diferentes, por conta da orquestração que marca o disco.

A levada segue na praia emepebística, que vive de caso com o jazz. Mas, os mais atentos vão notar uma guitarra, valorizada entre cavaquinhos, violão de 7 cordas e muitos sopros. Ouvir Trio Quintina é entrar no mundo da tal "musicalidade brasileira", provoca a sensação de estar na companhia de algum clássico do nosso cancioneiro executado por um dos veteranos que esse Brasil larga por aí. Neste disco, eles também tem seu momento de pop romântico, com direito a nova versão de "Balão Azul", a primeira música a atrair a atenção, lá em 98. O Trio também entrou mais no universo dos afro sambas, o que provoca uma interrogação. Seria isso só a influência da música brasileira que volta a e meia bebe nesta fonte? Não, diz Gabriel, é o Fabiano que está cada vez mais nesse mundo que reverencia caboclos, belamente traduzido em "Aruanda" e " Amor e Flor", que se pega no maracatu.

Outra novidade é operacional, que vem com o lançamento do trabalho pelo selo paulistano Sete Sóis . O Trio sempre foi uma banda muito na sua, não é figura que a gente encontre fácil no circuito de bares por onde as bandas circulam aqui, e tampouco tinha preocupação em fazer shows fora. "Realmente até agora a gente não tinha se empenhado de verdade em produção. Só fizemos uma viagem para América Latina e Europa, mas no Brasil é mais dificil. Queremos tentar algo com os Sesc e teremos formatos que permitam também tocar um pouco mais em casas noturnas, pois vínhamos tocando mais em teatro", comenta ele , que também sente a banda mais profissa na hora de gravar. "Está tudo mais preciso e ampliamos os sopros. Antigamente eu queria soar só como trio, agora decidimos dar uma pirada e fazer coisas diferentes". O Trio tem show marcado no Rio de Janeiro, com apoio da Caixa Cultural. "Isso foi muito legal, porque é um edital nacional. Teremos condições legais, todo mundo viajando de avião", comemora, informando que o disco leva ainda uns dois meses para estar a venda em lojas, mas no show e no Empório São Francisco, vai estar a venda antes.

Serviço

Trio Quintina.Dias 3 e 4 às 21h. R$15 e R$7,50. Teatro Paiol (Pça Guido Viaro, s/n).

O que o nosso tempo tem a dizer em forma de som

Bem Paraná/Jornal do Estado

Dizer que são bandas de ponta, neste caso, não é um vício de escrita

Adriane Perin

No palco do John Bull Music Hall, sábado, é dia do encontro de três bandas de ponta do circuito independente da atualidade: a curitibana Ruído/mm e as paulistas Cérebro Eletrônico e Guizado, estas duas, pela primeira vez na cidade. E preste atenção, leitor, dizer que são bandas de ponta, neste caso, não é um vício de escrita. Estas são, efetivamente, três formações em evidência pela sonoridade que colocam em cena - e o encontro mostra bem como a capital, neste quesito, está sintonizada no seu tempo – muito graças às bandas que continuam “se produzindo e se convidando” .

O Cérebro Eletrônico tempera seu som com um ironia direcionada ao egocentrismo que alimenta muito artista por aí, calcado em uma sonoridade que, primeiro de tudo, lembra Mutantes e a fase mais experimental de ícones da música brasileira. Mas, é só dar uma batida de olho nas influências para perceber que essa constatação é só a mais óbvia. O mix do disco de estreia Pareço Moderno, tem cara pop, usa levadas eletrônicas, e não dispensa o rock. Fernando Maranho, Fernando TRZ, Isidoro Cobra e Gustavo Souza são os caras que tocam junto com Tatá Aeroplano - o idealizador -, uma moçada que circula por vários projetos bem cotados. Foi do duo dele com o guitarrista Fernando, amigo de infância, que veio a banda. “Lançamos um disco todo gravado em casa e decidimos ter mais acompanhamento. Acabou virando banda mesmo, todos colocaram suas personalidades e referências”, conta Tatá, dizendo que agora o projeto é prioridade. “O disco chamou a atenção porque tem vários ingredientes que funcionam bem. Tem a ironia, mas tem também o romantismo, o lirismo, canções pop”, avalia. A moçada já está pensando em novo trabalho e deve mostrar 3 ou 4 novas composições. “É importante hoje ter uma constância na produção musical”. Importante também é circular e se articular, já que hoje em dia a banda não pode ficar numas de esperar. “Existem pessoas pensando a cena alternativa e vivemos uma realidade em que o artista tem que ser tudo e não se deslumbrar”.

Se o Cérebro tem canções e uma levada meio pop, o Guizado é experimentalismo psicodélico. Se tem gente de outros projetos, Guizado tem Lucio Maia, da Nação Zumbi e Regis Damaceno e Rian Batista, do Cidadão Instigado. Precisa mais? O trompetista Guilherme Mendonça, quem começou essa história, conta ainda com o amigo das antigas Curumim, na batera. Só a formação, na boa, neste caso concordo com o assessor de imprensa, é garantia de bom show. São todos músicos profissionais acostumados a fazer altas sonzeiras em palcos e discos. “Eu não queria que fosse Guilherme e banda, e esse nome – que é um prato de carne cozida em seus próprios liquidos, em seu caldo – virou conceito”, conta ele, que vinha alimentando a vontade de investir no trabalho autoral. “Quando começou a tomar forma, era eu e Curumim na bateria, e bem experimental. Fomos entrando num acordo, colocando baixo, guitarra e sacando como ficava. Hoje eu dou uma direção e todos criam”, completa ele que quer lançar o disco de estreia, Punx, em vinil. “Gravamos em fita de rolo, 16 polegadas, uma gravação bem analógica que ganharia em vinil”.

Mas, o tempo não pára e também eles já estão com a cabeça no novo trabalho. “Em uma eu canto, é natural que exploremos esse lado também, mas não pensamos no modelo com refrão e estrofe. Não vamos perder a pegada experimental”, assegura. E qual o futuro de uma banda com músicos tão solicitados? “O Guizado tá começando a se conectar, estão aparecendo convites com cachês melhores, a idéia é até pegar um empresário...”

Sobre a Ruído, vai tocar para moçada que já sabe do que eles são capazes, com repertório novo e na pilha dos shows recentes (muito bem) feitos em São Paulo. Não tenha dúvida, vai ser uma noite preciosa para quem gosta de boa música e mais instigante ainda, para quem gosta de conhecer o que o nosso tempo tem a dizer musicalmente. (AP)

Serviço
Cérebro Eletrônico, Guizado e ruído/mm.
Dia 04. R$20 (meia entrada válida tambémpara doadores de 1kg de alimento. John Bull Music Hall. (R. (Eng. Rebouças, 1645). Informações: (41) 3013 2700 / 3013-2707

4/01/2009

“Na vida e na carreira, o que vier agora é lucro”

Bem Paraná/Jornal do Estado

Ivo “do Blindagem” Rodrigues fala em primeira mão sobre as gravações informais que está fazendo de suas composições inéditas, inclusive parcerias com Paulo Leminski

Jonas Oliveira


Adriane Perin


A conversa que escapou de uma mesa de bar ao lado foi que Ivo Rodrigues estaria gravando um disco solo. Na rápida entrevista que deu por telefone, no entanto, ele não confirma a informação. Diz apenas que está registrando suas músicas que nunca foram gravadas. Sem compromisso algum com discos, lançamentos ou coisa do tipo. Quem, sim, está trabalhando em novo álbum, a ser lançado este ano ainda, é a Blindagem, banda que há anos virou adendo no nome do vocalista e compositor curitibano.

Levada adiante, a informação gerou outra especulação. Estaria Ivo “do Blindagem” gravando um disco solo em clima de despedida, por conta de sua delicada condição de saúde que exige do músico cuidados muitos, enquanto espera o transplante de um fígado? Haveria algum tipo de risco à vida do artista? Nenhuma pista indica este rumo, já que Ivo se mostra muito bem na conversa – a não ser por um esquecimento do horário marcado que complicou, por duas vezes, a vida dos fotógrafos. Ele garante - e, que bom, parece mesmo - que tudo vai muito bem. “Achei estranho quando você me ligou falando que estou gravado porque não é um CD, só estou registrando as músicas de minha autoria que ainda não gravei”, garante. “Minha única preocupação é não esquecer as músicas. Por outro lado, nada impede que se eu achar boas as gravações, as transforme em um disco. Estou registrando músicas que não tive antes a oportunidade de gravar”, completa.

Ele prefere não colocar o Blindagem nessa conversa inicialmente, mas assegura que, se essas músicas vierem a ser lançadas, sua banda desde os anos 70 tem a prioridade absoluta. “Assim como 95% das músicas da banda são minhas, a Blindagem também é minha primeira opção. “Sempre lembrava dessas canções e dizia pra mim mesmo que uma hora iria acabar por esquecê-las. Estou fazendo bem devagar, vou ao estúdio quando posso. É só eu voz e violão, não tem mais ninguém, gravo na minha casa no meu computador pretinho. Tenho umas 50 composições inéditas, coisas mais antigas. Tem boas coisas, até da época do Paulo (Leminski), meu grande amigo e parceiro. É que quando ele morreu perdi um pouco o tesão, sabe. Agora, é mole. É bom lembrar bons amigos”, conta, acrescentando que ninguém sabia. “Meu filho até perguntou que gravação é esta depois que você ligou aqui”.

É impossível falar de Ivo Rodrigues sem passar pela Blindagem, veículo que bem serviu de suporte para o compositor mostrar seu talento. Sobre a banda, ele diz que vem disco novo por aí. “Já começamos a gravar e vamos dar continuidade. Serão todas músicas inéditas, não temos planos de regravar nada. Antes, vai sair um Ao Vivo, do show que fizemos com a Orquestra Sinfônica do Paraná. Esse sai antes, mas é dificil, vamos procurar patrocínio. Sobre o nosso disco, agora estamos a fim de gravar, só depois a gente vê esses pormenores de lançamento e tal”, diz.

Até lá, quem quer ver a banda e Ivo já sabe. Toda quarta-feira, tem Blindagem no Porão do Hermes. Com os mesmos componentes há 33 anos - “isso não existe no Brasil, é só nós”. “Vai tudo de vento em popa, minha saúde tá muito bem. Não fiz o transplante ainda, estou na fila, mas tenho previsão para este ano”.

Ele diz que a doença mudou tudo em sua vida. “Me informei muito e sei que é um dos transplantes mais fáceis de fazer, o que me tranquilizou. E estou nas mãos do maior especialista do assunto e de Deus. O médico pediu que eu mudasse o ritmo de shows, mas não mudei nada, continuo fazendo direto. Só parei de beber, há mais de um ano, já. Eu me conscientizei mais com isso tudo. Parei com todas as drogas e estou muito feliz, com meus filhos, minha mulher por perto. Na carreira e na vida, o que vier agora é lucro”.

Serviço
Blindagem. Todas as quartas-feiras. Hermes Bar (Av. Iguaçu, 2504).