1/29/2009

Pode acreditar: o rock não morreu!

Bem Paraná/Jornal do Estado
Divulgação

A Pão de Hamburguer foi uma das boas surpresas de 2008

Adriane Perin

Ainda é muito comum por aqui as reclamações sobre as condições da cidade em termos artísticos. Por isso é bom que entre sangue novo nas veias desse circuito, para dar uma equilibrada entre uma certa experiência já meio ranzinza por conta do cansaço, com a velha e boa vontade mudar o mundo, que a juventude costuma ter. E numa cidade como Curitiba, para nossa sorte, isso está sempre acontecendo. A cidade é prova contrária de ladainha que tenho ouvido por aí, de que 2008 não foi um bom ano para música. Então, definitivamente, vivo em outro mundo e neste, o ano passado foi muito bom. E uma das deliciosas surpresas foi a banda Pão de Hamburguer, que é uma das atrações hoje no Acústico Mundo Livre, projeto criado pela rádio homônima, que grava os grupos em perfomances ao vivo na rádio e os coloca quinzenalmente no palco do Jokers para mostrarem ao vivo e em cores, do que são capazes. A Pão, cujos integrantes têm entre 20 e 24 anos, faz a abertura para uma veterana, a Magaivers.

Tudo começou bem antes de 2006, ano que marca o nascimento oficial do grupo, com os primos Rennan e Gabriel, filhos de músicos, que cresceram tocando. "Eu nem alcançava o pedal quando comecei a tocar bateria", conta Rennan. Depois vieram Leonardo e, em 2007, Joel. No final daquele ano, quando a banda ganhou o festival Curitiba Rock Fight, do Basement Pub, o jogo começou a virar e em 2008 eles parecem ter passado para outra etapa do circuito local: em situação de ter um pouco mais de apoio estrutural e tocar em casas importantes da cidade.

Entre climas roqueiros e bluseiros, os rapazes criam riffs e levadas que grudam; têm aquele aconchego que faz canções que nunca ouvimos antes soarem familiar desde os primeiros instantes – e com letras boas também. A sensação de já ter ouvido é instantânea e não por lembrar outras músicas, mas porque surpreende notar o amadurecimento musical. Eles apareceram "prontos", essses rapazes. Ouça "Ontem e Hoje" e confira você mesmo. Ou ainda "Ó Pai", a força dessas cancões é daquelas que faz a gente voltar a acreditar no rock.

Eles trafegam pelo rock setentista brasileiro e por sonoridades alternativas contemporâneas; pegam os elementos que lhes interessa e seguem a vida. Eles também são debochados e podem falar de coisas sérias sem soar datados. E até nos covers esses rapazes são surpreendentes. Eles tocam uma versão de "Será que eu vou virar bolor?", uma das mais belas e doloridas - e pouco conhecidas - canções da música brasileira, feita por Arnaldo Baptista.

Eles tiveram a fase cover, mas logo as músicas próprias passaram a exigir seu espaço. Primeiro Gabriel compunha a maioria, agora todos estão trabalhando juntos. " Quando a gente quer fazer algo mais sério se reúne no final de semana na chácara em Guaraqueçaba, e leva os instrumentos", conta o batera. O primeiro show como Pão de Hamburguer foi uma festa de crianças promovida pela tia de Rennan. "Tínhamos entre 16, 17 anos e isso foi gravado, dá pra ver as crianças de 5 anos sentadinhas assistindo a gente", conta, divertindo-se. O nome curioso foi adotado entre várias outras palavras lidas aleatoriamente em um pacote de bolacha. É quela velha história: show marcado e a banda sem nome. "Gabriel sugeriu pão. Zoamos, mas começamos a nos chamar assim. Pegou e hoje tem até as hamburguetes", conta Rennan que como os amigos acalenta a vontade de fazer mais e mais shows.

A banda tem um materaial legal no my space e Trama Virtual, mas ainda não lançou o EP físico. Está tentando agendar data no Paiol, que talvez se confirme no TUC, para só então fazer o lançamento. Eles também pode ser ouvidos na Rádio Mundo Livre.

Clipes, tem. "Lição de Vida" foi feito pelo grupo Destilaria. O segundo é de "Ontem e Hoje", dirigido pelos alunos do curso de Cinema Digital, do Centro Europeu de Curitiba.

Serviço

Pão de Hamburguer e Magaivers no Acústico Mundo Livre. Dia 29. R$15. Jokers


www.myspace.com/paodehamburgue

1/26/2009

“Um, dois, três, quatro: isso é a nossa vida”

Jornal do Estado/ Bem Paraná

Divulgação/Guilherme Freitag e Ricardo Jaeger

Este é a Tenente Cascavel, a mais nova banda independente brasileira

Ex-integrantes das bandas gaúchas Cascavelletes e TNT comentam o novo projeto que une músicos das duas formações oitentistas, o Tenente Cascavel

Adriane Perin

O deboche, a adrenalina e as temáticas impertinentes de duas bandas que ajudaram a cunhar o termo "rock gaúcho" estão de volta aos palcos - e com o sabor que só o tempero do tempo confere. Cascavelletes e TNT, grupos que romperam os limites do Sul e arrastaram boa parte do Brasil para dentro de uma sonoridade de sotaque muito próprio e tão forte que, anos depois, já serviu também pejorativamente. Mas aí, eles já estavam em outras esferas sonoras, tratando de construir outras histórias bem rock’n’roll. Márcio Petracco e Luis Henrique "Tchê" Gomes no TNT (guitarras), Luciano Albo (baixo, violão, guitarra), Alexandre Barea (bateria) e Frank Jorge (teclado, baixo, guitarra) n’Os Cascavelletes, fizeram parte disso. Agora embarcam no Tenente Cascavel, que teve sua semente plantada há tempos, como contam Jorge e Petracco.

"Uns dez anos atrás, mas morreu na casca", lembra Petracco, para quem o TNT podia ter continuado na ativa até hoje. Mas, sabe como é, com o tempo, as diferenças afloram e um ou outro acha que tem mais direitos. Hora de ir cada um prum lado. Só pra tumultuar, bem agora que ele engrenou outro projeto, Os Locomotores, vem o Tenente C ascavel e, inesperadamente, acontece. Já está acontecendo sim, porque apenas com dois shows, lotados, na bagagem, o novo quinteto do pedaço já está compondo. "Se vai mexer no passado tem que segurar a onda, não dá pra chegar lá e fazer a mesma coisa. Vivi uma história triste, em 2003 quando nos reunimos pra gravar um ao vivo. Foi exigido que ensaiassemos tudo até perder a graça e rock tem que ter improviso, tem que deixar rolar. Se confio em você, deixo você tocar. Me deu uma deprê... Rock tem que ser: um, dois, três, quatro: isso é nossa vida", desabafa. Agora é diferente, e o tom empolgado enquanto comenta sobre as novas composições não deixa margem alguma pra dúvida.

Esse pessoal se conhecia desde antes das duas bandas existirem, conta Frank Jorge. "Depois cada um teve uma trajetória própria. Nos conhecemos desde o fim da adolescência, época em que descobrimos a música juntos em shows em Porto Alegre", completa o "cascavellete", que também passou por outra banda lendária a Graforréia Xilarmônica e está no terceiro disco solo.

"A idéia de reunir essa turma para tocar esse repertório foi se impondo.E em 2007 fizemos um show com Os Cascavelletes originais que gerou uma comoção e o astral trouxe uma certa vontade e abriu perspectiva para uma continuidade. Daí, acabou vingando o encontro das duas formações, para mostrar esse repertório a um público que só as conhece da internet", observa Jorge. "Sou fã de cada um desses caras. E cada um assumiu o que sabe fazer melhor; até um troço perigoso, que é fazer música nova, tá rolando", emenda Petracco. "Perigoso porque o pessoal vai querer comparar com clássicos, mas tudo bem porque a galera aqui é muito bem resolvida e tem café no bulé para fazer algo à altura. E tem também a estrada, que nos coloca juntos. Se fosse marcar um churrasco sempre um ia faltar, e tocando junto todos se encontram", ri o TNT bom de papo.

Perfil — Petracco gosta de música "desde sempre". E por ela faz de tudo. "Já fiz instrumentos de sucata, trabalho com menor carente, sou tradutor de show gringo; faço o que me chamarem. Sou um operário da música, não um rock star. Costumo dizer que não preciso, mas se tiver que consertar instrumentos vou fazer com a mesma dignidade e prazer de estar fazendo música", garante. As músicas novas ainda não estão nos shows. "O grande negócio é que tem espaço para o improviso. O Tche toca nessa onda. Ele combina comigo: vamos fazer isso, mas não avisa os caras. Na hora, eles se viram"

Olhando para trás, ele avalia que "a gente foi desbravador. Uma banda hoje em dia com um sucesso parecido com o TNT ganha bem". "Era tudo mais complicado. A gente ia longe só pra ver uma Gibson, mentia que estava interessado para poder pegar na mão", diz lembrando o tempo de meninos, entre 14 e 16 anos. O TNT existiu entre 1984 e 1994, em meio a desentendimentos. Petracco acha que foram inocentes. "A gente tinha público no Sul. No Rio e Sampa tinha que fazer playback. Ficar longe de casa deu um nó e quis voltar para o meu lugar, fazer show de verdade e não ficar rebolando pras câmeras. Vendo hoje, talvez devessemos ter insistido. Mas, aí vieram as questões econômicas, pessoas inebriadas e a ressaca. Nessa, depois da coletânea Rock Grande do Sul (NR. com TNT, Garotos da Rua, De Falla, Replicantes e Engenheiros do Hawai), a gravadora investiu em quem, vendeu mais".


“Não queremos concorrer com as bandas de agora“

A Cascavelletes surgiu em 1986 quando Flávio Basso (também conhecido como Jupiter Apple e Jupiter Maçã, sob cujos nomes criou mais uma penca de deliciosos clássicos) e Nei Van Sória (guitarra) deixaram o TNT e se juntaram a Frank Jorge (baixo) e Alexandre "Lord" Barea (bateria) para lançar uma demo que já tinha alguns das canções que virariam seus hits. Em 1988, veio o primeiro LP e no ano seguinte, com um uma grande gravadora soltam Rock’a’ula, produzido por Dé (baixista do Barão Vermelho) e sem Frank Jorge, que foi para a Graforréia Xilarmônica. Neste disco, eles ultrapassaram a região Sul, com direito até a música em trilha de novela, "Nega Bom Bom", em Top Model. O último registro é de 1991, um compacto. O jeito de cantar meio dengoso, as letras hilárias e tratando de assuntos mais intimos , digamos assim, que mesmo hoje não aparecem em canções, como menstruação, ficaram como marca da irreverência dessa trupe que influenciou um monte de gente.

"Nos reunimos iniciamos a elaboração, relembramos o material das duas bandas e fizemos dois shows lotados. E agora, que conseguimos dar certo gás, começamos a trabalhar repértório. É certo que essa história vai ter continuidade, independente de termos outros trabalhos musicais. Temos um entrosamento calcado em uma sólida amizade e está sendo bem bacana, sem nenhum sacrificio"

O que muda tudo, acredita, Frank Jorge, é o amadurecimento das pessoas. "Altera o sentido de trabalhar. O pessoal tem feito uma crítica que considero positiva. Dizem que estamos tocando melhor. É que na época tinha determinada maneira de perfomance, uma energia juvenil. Só que os caras vão evoluindo e acontece uma depuração Mantemos uma pegada forte, mas deixamos a adrenalina dos 19 para chegar um pouco mais ao equilíbrio dos 40, uma mistura com apuro técnico e a energia vital motriz, que é o que faz tocar com convicção", situa ele, que via mais atrevimento na Cascavelletes, mas tem certeza de que as duas bandas se completam.

Sobre o que vem por aí? "Só gravando antes para ver. O que temos feito tá bacana, tem uma pegada rock and rol e estamos com um desafio: combinar simplicidade e elaboração. Mesmo os poucos acordes têm eficiência para transmitir a idéia", observa. Até agora, o assunto gravadora não apareceu. "Nada disso tá bem definido. Hoje em dia não tem como não colocar tudo no my space. Vamos passar por essas etapas todas, não temos pressa, nem regra. Sei que o tempo passa rápido e temos que tentar mostrar serviço, mas não há a ansiedade de gravar correndo. Não tenho a ânsia de concorrer com bandas que estão por aí. Seguimos tocando porque gostamos, todos aqui tem uma linguagem própria e não estão preocupados em eixo Rio-Sâo Paulo, vamos tocar em qualquer lugar, vamos tocar pelo astral", assegura.

1/21/2009

Sepultura dentro da Laranja Mecânica

Jornal do Estado/Bem Paraná

Sepultura estreia em disco com o novo baterista, o também mineiro Jean Dolabella

Divulgação/Eric Sanchez


Para seu novo disco, A-Lex, a banda mineira, se debruçou sobre as obra criada por Anthony Burgess na década de 60 e popularizada por Stanley Kubrick

Adriane Perin

Um dos mais antigos integrantes da banda que saiu de uma garagem belorizontina para abrir novas possibilidades para a música mundial - o Paulo Xisto, baixista do Sepultura -, tirou a segunda-feira pra falar com a imprensa. O assunto: o novo disco da banda formada pelos irmãos Max e Igor Cavaleira nos anos 80. Eles encerraram seus ciclos e o barco seguiu com o leme nas mãos de Paulo e Andreas Kisser, que tocam a vida junto com Derrik Green (vocais) e o Jean Dolabella (bateria), este também mineiro, estreando em disco como um Sepultura. A-Lex, cujo lançamento é amanhã pela gravadora brasileira Atração, é mais um disco sob a égide literária - desta vez também cinematográfica, já que o Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick é referência mais forte na memória coletiva que a obra escrita por Anthony Burgess em 1962. Antes, o grupo se debruçou sobre os mais famosos escritos do italiano Dante Alighiere, e sob inspiração da Divina Comédia fez Dante XXI.

Segundo conta Xisto, no trabalho anterior os músicos já ficaram divididos entre Dante e as aventuras da trupe comandada por Alex, o protagonista de Laranja Mecânica vivido por Malcolm McDowell, um jovem amante de Bethoven, drogas, sexo e muita violência. “Agora foi um pouco mais rápido chegar a um acordo. Cada um interpreta do seu jeito e esse é o grande desafio: criar os paralelos deixando a imaginação solta . Ela ajuda a criar um argumento, dá uma direção para uma trilha, que pode ou não ser ouvida junto com a leitura”, comenta. Apesar de ser um clássico, completa Kisser, muitos desconhecem o último capítulo do livro, que não está no filme. Esta parte é muito importante para a mensagem que o autor quis passar. Após sair do hospital ele decide ter uma família e toma decisões independente do que o governo quer para ele. Isso nos interessa mais”, completa o guitarrista sobre o disco cujo nome significa também “fora da le”i, em russo.

Entre as duas obras – e os dois discos - Xisto considera o anterior mais distante do público atual. “Mas se analisarmos profundamente vemos que é bem contemporâneo. Acho mais fácil o pessoal de hoje procurar o resumo da Divina Comédia na internet. Já Laranja é mais atraente pelo filme para essa geração visual”. Fazer o A-Lex, diz, foi um processo mais solto. “E também teve a entrada do Jean, um jovem que trouxe energia renovada e fez os mais velhos se soltarem também”, pondera Xisto cuja banda remonta o quebra- cabeças musical em várias audições em que misturam as idéias, até encaixar as peças. “O grosso lapidamos junto. Lógico não tem regra fixa, afinal é uma banda não um trabalho solo”.
A faixa mais trabalhosa foi combinar uma orquestra e banda em “Ludwin Van”. “Deu dor de cabeça. A preocupação foi manter a integridade dos dois lados, sem atrapalhar o outro”, diz concluindo estar satisfeito com o resultado. Porém, acredita que o “maior impacto do Sepultura ainda está por vir”. “O barulho maior ainda está por vir. Estamos só começando, somos jovens a banda tem só 25 anos”, diz. Mesmo com as muitas mudanças, Paulo acredita que a essência foi mantida. “Cada disco é diferente, a identidade é que nunca saiu do contexto do heavy metal. Pra falar a verdade não penso muito nisso, senão atrapalha. Penso nas turnês, gravações, na música do Sepultura”, garante.

Agora, a cabeça está na turnê de 28 shows em 32 dias pela Europa. Brasil, só depois de maio, mas ainda nada confirmado. O legal é que os fãs poderão escolher algumas músicas do repertório pelo site. “As pessos reclamam muito que não tocamos músicas antigas, então selecionamos algumas e diariamente o público vai poder votar para qual quer no set list do dia”, conta.

1/19/2009

O igor mandou avisar que o Paulinho mandou avisar que...

"hoje (segunda feira dia 19) la no silzeus, ao lado do condor da nilo peçanha, tem sotak com vinicius dorin como convidado (http://www.myspace.com/viniciusdorin)
la por 21:30 /22:00 hrs
pra quem nao sabe , ele é o saxofonista que toca na banda do hermeto pascoal - nao preciso dizer mais nada né.."

1/17/2009

a menina nem piscava




A menina nem piscava, olhos arregalados brilhando, diante do senhor de, poucos, cabelos brancos, que contava a história tantas vezes ouvidas, de como (não) estudou, com a irmã mais velha, de quem fugia junto com o irmão gêmeo, das aulas. E Catarina ainda conseguia ficar assim, diante da ainda imponente figura que viu por uma vida inteira como um guia e mentor, quase 40 anos depois. De volta à sua cidade empoeirada, a pegou dormindo, rodoviária nova, vazia. Só o motorista do ônibus - que teve de acordá-la, já que ela não identificou que havia chegado em seu ponto de parada; e um outro rapaz madrugueiro no trabalho, junto com um taxista que se escondia do ar gélido que não foi impedido pelo cimento de entrar no amplo ambiente.
Cachecol colorido, cabelos desgrenhados, pegou a única bagagem e perguntou por um taxi.
- Em que parte da cidade eu estou?
- “ No Parque do Bosque”, respondeu o rapaz.
Ainda perdida, pensou que estava mais pros lados do cemitério da cidade, tentou se situar e só conseguiu quando avistou a longa avenida que dava na velha casa, agora de portas fechadas. As obras deixavam o antigo barro vermelho espalhado, seco, pelo paralelepípedo, não da calçada, mas da avenida com nome de governador.
Aos poucos, foi acordando, identificando a cada quadra os poucos lugares conhecidos, quase todos com novos estabelecimentos. A loja Zortea, de materiais de construção, o antigo mercado Centauro, onde o avô sempre fazia sua paradinha pra uma longa conversa com algum conhecido; o posto de gasolina... Depois, a antiga borracharia do outro avô e, à frente, o morro que lhe rendeu alguns pesadelos, cuja subida de carro a fazia se encolher no banco de trás por medo que ele não vencesse a subida. Invariavelmente, fechava os olhos e enfiava o rosto, apavorada, no banco.
Um riso nostálgico escapa enquanto o taxista vai contando a boa nova, a instalação do de um campi da Universidade Federal, que vai valorizar muito o lugar. O taxi segue adiante, passa em frente a casa dos Sonda; o antigo Poeira, como era chamada a zona (de putas mesmo) vizinha e chegamos ao trecho que era de terra, lama que sujava os calçados rumo a escola. E logo ali, a casa da Ju, Dina (que lhe mostrou os únicos pontos de crochê e tricô que ela sabe ainda hoje e que fazia um dos mais deliciosos pães caseiros que ela já provou, ao lado do da tia e da vó paterna), Julio e do Aldo Pereira, o também açougueiro, o primeiro que a ensinou a empunhar um violão (não que ela tenha aprendido...).Lembra o violão 12 cordas que ele tinha, parecia tão gigante pra ela, na época.
Logo em frente, a casa da tia, seu novo destino, pouco antes da casa onde aprendeu a ficar em pé na vida. A casa que foi construída quando Catarina ainda morava lá e hoje abriga algumas das pessoas que mais ama. A outra, soube ontem, já abriga outras existências... os móveis foram vendidos.
Silêncio. Até os cachorros dormindo. São 4 da matina. Catarina acordou alguém e sem muito alarde, depois de beijos e abraços, se esticou pra terminar o sono entorpecido. Catarina está de volta e as próximas 24 horas, ela sabe, serão de andar lento e muitos silêncios, mesmo no meio das conversas e fotografias, diante daquele senhor de incríveis olhos azuis e mãos grandes... ela nunca vai cansar de ouvir as histórias, mesmo as que já conhece. e diante dele seus olhos sempre estarão atentos, querendo a cumplicidade de tantos, e sempre tão intensos, sentimentos, mesmo sabendo que, talvez, isso já não seja mais possível.

1/16/2009

Reforço para o front alternativo

Jornal do Estado / Bem Paraná

Maamute é mais nova produtora e selo curitibano

Divulgação/Diego Cagnato

Wandula faz hoje (15/01) seu primeiro show no ano em que celebra uma década de carreira

Adriane Perin

Com a disposição de “valorizar o que temos” nasceu nesta virada de ano uma nova produtora em Curitiba, a Maamute. A mesma vontade que já gerou projetos importantes segue a empurrar uma nova geração a trabalhar em prol dos artistas locais. “Curitiba é uma cidade com muitos talentos. A Maamute nasceu da vontade de tornar a cidade mais atrativa para todos; de fazer acontecer e dar mais oportunidades para bandas locais se apresentarem recebendo pelo seu trabalho, e com condições legais. É mostrar mesmo para todo mundo que Curitiba taí e bem acordada!”, diz Andressa Andrade, sócia da empreitada ao lado de André Ramiro, estudante de geologia e velho conhecido do circuito musical, atualmente na banda Ruído/mm. André, sob o nome Ruído Corporation, já colocou em prática anteriormente projetos de shows semanais nos quais sua banda – e outras locais – faziam as honras da casa para grupos importnates da nova cena brasileira. A empreitada ganhou novo corpo, também como um selo e com novos parceiros, e faz hoje hoje a segunda edição do novo projeto, o James Sessions, que toda quinta vai colocar no novo palco do James Bar, uma banda e DJs locais.

Junto com a produção de shows veio o selo para dar suporte a outra parte complicada dessa vida de alternativo, o lançamento de produtos bem gravados. “Fechamos parceria, por exemplo, com o Estúdio Gramophone, e estamos correndo atras do que realmente é preciso para a coisa acontecer”, adianta Andressa, que trabalhava com Sabonetes e Ruído quando rolou a conversa com Ramiro, que desembocou nessa empreitada. A equipe, que já mostrou que é papo firme, conta também com o jornalista e DJ Guga Azevedo, outro da nova geração que está se estabelecendo com competência. “Logo estaremos com nosso escritorio e novos parceiros”, completa Andressa.

Programação – A estréia das James Sessions foi semana passada com Sabonetes e hoje tem Wandula em seu primeiro show do ano em que celebra 10 anos. Wandula dispensa apresentações, com sua sonoridade apurada, que passeia por levadas diferentes agregando referências de várias matriezs. Em janeiro tem ainda, Ruído/mm (22) e Stella-Viva (29).

Serviço
James Sessions, com Wandula e DJ – Walter. Dia 15 às 22h. R$8. James Bar James Bar (R. Vic. Machado, 894).


http://maamute.blogspot.com

1/15/2009

Fellini - Zum Zum Zum Zazoeira



"sai debaixo da relva
e mastiga as estrelas"

Granada no S&Y

"Eu escrevi “bandas como o La Carne”, mas não há outras como eles. O que Jorge (guitarra), Carlos (baixo), Chicão (bateria) e Linari fazem é só deles. Dá para sacar, claro, que eles ouviram muito Nick Cave, muito New Model Army. Mas nada que eles façam se assemelha às suas fontes. O La Carne é uma daquelas cinco bandas brasileiras que têm identidade própria, apesar de eu não me lembrar agora das outras quatro."


Leo Vinhas, detonando como sempre, em texto para o Scream Yell sobre o novo disco do La Carne. Vai lá e vê a íntegra dessa bomba.

Urgente!

Não sei ainda o que aconteceu, mas recebi um email do JR dizendo que: "NOSSO AMIGO MARCIO ROBERTO DOS SANTOS (Mr. X – Maremotos) ESTÁ PRECISANDO DE DOAÇÃO DE SANGUE DE QUALQUER TIPO NO HOSPITAL EVANGÉLICO DE CURITIBA! É SÓ DIZER O NOME DELE!" Mr. X é gente boa, mas eu não posso ser doadora, então quem puder....tá dado o recado.

1/13/2009

O inferno é aqui



matéria legal do Metrópolis, TV Cultura, sobre a aventura dos curitibanos no inferno.

HQ dá voz aos esquecidos

Jornal do Estado/ Bem Paraná

Divulgação

HQ exigiu muita pesquisa

Chibata!, sobre uma revolta que mudou a Marinha brasileira, foi uma das principais histórias em quadrinhos lançadas em 2008

Adriane Perin

Por sugestão da editora Conrad nasceu um trabalho muito legal sobre um episódio da História do Brasil, já listado entre as melhores histórias em quadrinhos (HQ) de 2008. Chibata! João Cândido e a Revolta que Abalou o Brasil é assinada por Hemetério & Olinto Gadelha.

Olinto, responsável pelo texto, conta que tudo começou quando enviou à editora um livro de Hemetério, Garatujas, sondando o interesse em lançá-lo nacionalmente. O trabalho fez bonito e eles receberam convite para novo livro. As trocas de idéias sobre temas deram em João Cândido e a Revolta da Chibata, episódio pouco conhecido. “Muitos reconhecem o termo, mas poucos sabem o que aconteceu. A visão escolar é muito resumida e simplifica a importância dos eventos de 1910. Foi uma insurreição contra uma forte instituição nacional, a marinha, e ressaltou o que havia de pior nas relações sociais e raciais da nossa sociedade”, explica Olinto e segue. “O tema sempre foi tratado com reserva e muitos que ousaram se pronunciar foram perseguidos e censurados. Isso capturou minha curiosidade. Se você dá voz aos esquecidos, eles sempre contam as melhores histórias”, completa.

Amigos de duas décadas, a dupla tem uma empresa que elabora HQs, cartazes e folders, o que facilitou a empreitada em duo. Mistura de fatos históricos, com pinceladas ficcionais, a HQ exigiu muita pesquisa. “A Biblioteca Pública de Fortaleza foi muito útil, mas também diversos sites serviram de referência visual; livros e artigos viraram companheiros inseparáveis por meses, e uma viagem ao Rio de Janeiro ajudou a selar a geografia de algumas cenas e lugares”, conta Olinto. Hemetério completa que a internet proporcionou que até “navios, uniformes e moedas da época” fossem incluídas na trama”.

Houve muito cuidado na ambientação de época. “Sou arquiteto, então as cenas de rua e mobiliário urbano foram particularmente interessantes pra mim. Quando fui ao Rio procurar o túmulo do João, tive a infeliz surpresa de saber que ele foi enterrado na ala dos indigentes do cemitério do Caju e nada resta. Foi-se o homem, ficam seus ideais”, conta Hemetério. “Mas a cena mais surreal, a despedida de João de seu navio, é real. Depois de 40 anos, o Minas Gerais foi aposentado e vendido como sucata. Estava ancorado no porto à espera do rebocador quando amigos levaram o velho Almirante para se despedir de sua nave. Só mudamos pequenos detalhes no livro, prova que às vezes, se me desculpam o chavão, a realidade prega mais peças que a ficção”, avalia.
Currículo — O traço de Hemetério traz eclética influência. “Vou desde o mestre do chiaroescuro Edward Gorey, passando por Antônio Bandeira e Frank Miller. Sou fascinado pelo pontilhismo em preto e branco, além dos desenhos em alto contraste e silhuetas. E tem muita experimentação, usei até as cerdas de uma escova de dentes velha para fazer efeitos”, comenta ele, que pela primeira vez traballou com temática histórica. “Me obriga a ser mais fiel com rostos e locações. Na ficção, esse compromisso não é totalmente rompido, mas a liberdade é maior”, comenta.

Para Olinto, que é professor e trabalha no mercado da publicidade, foi a estréia em quadrinho autoral. “Ótima estréia. Pude mesclar fatos históricos e ficção, tanto para adicionar tempero, como para completar severas lacunas. Não há registro documental de certos períodos da sua vida, apenas alguns fatos, datas.Um personagem assim épico não surge repentinamente como herói. É preciso entendê-lo, dar sentido a sua vida e sua luta, saber de onde vêm suas motivações e como surgiu seu instinto para a liderança?”, avalia.

1/11/2009

EP no Senhor F

"O EP assinado pelos parananeses Ivan Santos & Giancarlo Rufatto, lançado no final do ano passado, é uma boa pedida para começar o novo ano. Em 5 canções, a dupla traz para a cena independente uma sonoridade madura, em clima lo-fi, com letras consistentes. Os disco foi composto, executado e produzido “online”, por troca de email. O EP é um lançamento do selo De Inverno, de Ivan Santos e Adriane Perin, também responsável por um festival com o mesmo nome. A dupla soma-se ao time de songwriters que despontam no meio independente, como Beto Só, Momo, a dupla Lestics, Diego de Moraes ou o novato Victor Toscano."

veja a íntegra do texto do Fernando Rosa no Senhor F

1/09/2009

Sábado tem...



Pra quem não sabe, o Marine Kulture tem como baixista nosso amigo Marcelo Borges, que há anos reside em Londres. É a estréia da banda - liderada pelo DJ Mark - por essas terras araucarianas. E ainda tem o Tod´s, que é sempre uma grande festa. Nos encontramos por lá.

1/08/2009

EP no Subtropicália

"Mas o grande trunfo deste registro é a música “Noturna”. Minimalista, esmagadora, cortante e esfumaçada. Uma repetição crua e angustiante no piano que duela com o suave flugelhorn conduzido por Igor Ribeiro, tudo isso ilustrado pelo total contraponto no turbilhão de sentimentos jogados na letra. Uma espécie de desabafo decisivo sobre um casal que não existe mais, através de trechos soltos que permitem diferentes leituras do caso (principalmente nos ecos de “não posso, não gosto, não quero…”). O melhor é o toque de auto-ironia dela… de noção de fraqueza carnal e descontrole perante sentimentos mais primitivos… por mais que o racional insista em permanecer… “Noturna” foi a única faixa gravada pelos dois em estúdio e esse resultado é assustador perante todo o potencial dessa parceria… que não acaba aqui."

leia a íntegra do texto do Guga Azevedo sobre o EP "Ivan Santos & Giancarlo Rufatto" no blog Subtropicália.

1/06/2009

As “James Sessions” estão de volta

Jornal do Estado/ Bem Paraná

Copacabana Club: novidade feita por gente das antigas do circuito musical curitibano

Bar reabre hoje com show de Mordida, autora de um dos melhores discos de 2008, e Copacabana Club, uma promessa para 2009

Adriane Perin

O James nasceu com capacidade para 80 pessoas e reabre hoje, equipado para receber 300 - e no ponto em que seu dono, o também músico Luciano Frank , quis desde o começo, na década passada: com estrutura para shows. A programação musical, portanto, vem com força total e não poderia começar melhor, colocando no palco os autores de um dos melhores discos brasileiros de 2008, a curitibana Mordida, que toca junto com a mais recente “descoberta” curitibana da mídia nacional, a Copacabana Club, mais uma formação a ter Luciano em seu front.

Se a Mordida vive um momento de firmação com o delicioso EP Eu Amo Vc, a Copacabana, com um ano, colhe, também, os frutos plantados pelos músicos experientes que tem em sua formação – além de Luciano, o multiinstrumentista Alec Ventura, o guitarrista Tille Douglas e a baterista Claudinha Bukowski, conhecida principalmente como Dj, mas que já teve bandas antes. Aos veteranos se juntou a jovem Camila Cornelsen, que “surgiu do nada” querendo ter uma banda no momento em que os amigos preparavam a nova investida. Ela e Claudinha, conta Luciano, são as que se empenham de verdade, na divulgação da banda, que foi destaque da Folha de Sâo Paulo na Revista Bravo que está nas bancas. “Os rapazes só querem tocar, se a gente está aparecendo é resultado do trabalho delas”. E do caminho já feito pelos músicos, que conquistaram prestígio, por exemplo, com a ESS, banda bem conceituada Brasil afora, da qual fizeram parte Tille, Luciano e Alec. “O Copacabana foi uma surpresa até pra mim, porque fizemos a banda naquela de reunir os amigos e teve toda essa repercussão. Tem qualidade, é gente que toca a muito tempo, mas tivemos sorte de um jornalista da Folha ir ao nosso show ”, avalia.

“A Camila foi impressionante, ela já nos deixou boquiabertos desde o primeiro ensaio. Tem uma presença incrível, não tem vergonha, é o jeito dela mesmo”, assegura Luciano, aproveitando para comentar a produção local. “Curitiba tem muita banda boa. Recentemente, tocamos no Rio Grande do Sul com grupos muito bons, mas as curitibanas...são f...”., diz ele que já passou por várias e atualmente também atua na Plêiade (que fez outros dois discos que se destacam entre os melhores, FF e Domingo). “E vi algo que não tinha visto, as pessoas vão aos shows cantando as músicas, pegam o set list da gente; engraçado e legal”, completa.

Luciano não gosta de rótulos, mas comenta a diferença entre a ESS, a que teve3 maior repercussão, entre as que integrou. “O ESS é mais psicodélico; o Copacabana tá ficando mais indie carnaval, alegre”. Agora, eles quererem burilar as músicas do EP King of the Night, lançar um disco e gravar o clipe com o patrocínio da Levis. No próximo final de semana, a banda volta a São Paulo para o Curitiba vai Pro Inferno, com Ruído, Sabonetes e Heitor e Banda Gentileza, todos nomes fortes da nova cena curitibana. “Queremos que nosso público cresça e se conseguirmos gravar caprichando mais, será legal”, diz ele, cuja banda não recebeu proposta concreta para o disco e vai trabalhar com lei de Incentivos.

O bar — Luciano conta que aproveitou a liberação do bar que existia grudado no James, para incrementar o simpático James, que desde seu surgimento – da vontade “de montar um lugar que tocasse músicas legais” - construiu uma história que o tornou referência com o assunto é música alternativa em Curitiba. E desde que surgiu, abrigou shows de amigos de Luciano, mesmo sem a estrutura sonhada. Agora houve um investimento maior em equipamentos de som e iluminação para dar essas condições. “ Do mesmo jeito que eu tenho planos como músico, sei da dificuldade de tocar em Curitiba, onde são poucos os lugares, de pequeno porte com estrutura bacana. Não é muito grande, mas dá para fazer um show com qualidade e a gente não precisa de muita gente para encher”, observa.

Entre as novidades para o ano está a parceria com a Mamute, produtora surgida em torno da banda Ruído/mm, que produz shows muito bacanas sempre trazendo o que está despontando no pop rock brasileiro. Essa rapaziada será a responsável pelo som das quintas-feiras, noites batizadas de James Session. Os domingos serão do rockabilly. Há o plano de o bar produzir alguns shows também, e outra boa notícia, é que uma possibilidade é a gaúcha Blanched.

Serviço
Copacabana Club e Mordida. Dia 06. R$10. James (Vic. Machado, 894. Informações: (41) 3222-1426.

1/05/2009

Fellini - LSD



Desde a época de faculdade, quando eu passei a frequentar o sebo Arco da Velha, em Ponta Grossa, e tive a oportunidade de descobrir e encontrar discos de bandas das quais ouvia falar na antiga Bizz, o Fellini se tornou uma das minhas bandas brasileiras preferidas. Aliás não só eles, mas outras bandas underground da segunda metade dos anos 80, como Sexo Explícito (MG), Vzyadoq Moe (SP), De Falla (RS), Mercenárias (SP), Akira S e as Garotas que Erraram (SP), e muitas outras marcaram profundamente a minha formação musical. O Fellini em especial sempre foi pra mim um exemplo de dignidade e excelência em um meio marcado pelo carreirismo, oportunismo e demagogia. Mesmo não tendo feito sucesso entre o grande público, eles construíram uma obra, com quatro discos na fase original, que influenciaram muita gente boa, de Chico Science a Planet Hemp.
Pois bem, esse blá blá blá todo é pra informar que o Thomas Pappon está colocando no you tube vídeos de uma apresentação ao vivo do Fellini, em Porto Alegre, transmitido na época pela TVE RS. O primeiro é da mágica "LSD", do disco "Amor Louco", não por acaso meu preferido deles. Confiram.