5/27/2008

FAÇA POR VOCÊ MESMO (cena é o caralho!)



Julieta, Paulinha e Marcelo "Boralá" se fartando na Carlão Party Sound 3: ô vida drurys!



Charme Chulo botando lenha na fogueira!


Folhetim Urbano na área: os donos da bola e realizadores natos!

Marcos "Jason" Linari: esse é o cara!

Rubão e eu: Dusty de volta? sei lá, mil coisas!

Quando eu e a Adri viemos pra Curitiba, no início dos anos 90, um amigo nosso, o Felipe, soube que a gente tava fazendo um documentário de conclusão de curso sobre música paranaense, e nos disse logo: “vocês têm que conhecer o 92!”. Então, numa dessas típicas tardes de domingo de outono de Curitiba, nós adentramos em uma portinha sem qualquer identificação, que levava para uma escada, que por sua vez chegava a um porão escuro e enfumaçado, que abriu uma porta pra um novo mundo. Um mundo onde a gente não precisava mais simplesmente ficar pagando pau pros gringos, porque aquela música tava sendo feita ali, por pessoas de verdade, carne e osso, que a gente podia encontrar por aí pela cidade. Pessoas como a gente, que tinham na música uma saída pra esse mundo sem volta, que encontram nela uma forma de expressão e de redenção.
Pois bem, desde aquele dia, meu sonho e objetivo passou ser ter uma banda e tocar no 92. Isso era o máximo pra mim, porque desde que eu vi gente como o Camarão, Rodriguinho Genaro, Jahir Eleutério detonando com o Acrilírico no palco do Porão, ou a Relespública fazendo miséria no mesmo lugar, ou o Rubens e o Coelho terminando o show da July et Joe tocando baixo e guitarra deitados no show, eu sabia que era aquilo que eu queria fazer. Nem mais, nem menos.
Levou muitos anos pra que isso acontecesse, e até lá, a minha banda, o OAEOZ rodou todos os muquifos da cidade, de QG, a café Beatnik, passando por bares de metaleiros no largo da Ordem, Cafénobule, festas em chácaras, teatros como o Kraide e o Paiol, e por aí vai. De lá pra cá o 92 já abriu e fechou várias vezes, mudou de lugar e muita coisa aconteceu. Mas na essência eu continuo querendo as mesmas coisas.
Falo isso agora porque nesses três dias de festividades da terceira Carlini Sound Party and Psy Trance Experience, como era inevitável, a gente conversou muito sobre todo esse lance que envolve fazer e principalmente continuar fazendo música nesse nosso mundinho, no momento em que o mundo e em especial a indústria da música parece desabar ao seu redor, e ninguém na verdade parece saber exatamente o que vai acontecer. E aí eu me lembrei disso, e também me lembrei que do Linari falando pra mim quando a gente teve lá em Osasco em março, que o sonho dele quando começou a tocar em banda era encher um lugar com cem pessoas. E me lembrei do cara do White Stripes (banda que eu não gosto) mas que fala em entrevista da Rolling Stone desse mês dizendo que no começo da banda eles pensavam “se pudermos encontrar 100 pessoas em cada cidade pra manter a coisa em movimento” era isso que eles precisavam.
Enfim, to falando tudo isso porque vejo que as pessoas e as situações mudam, mas muitas vezes as coisas se repetem. O fato é que a maioria de nós começou nesse negócio pra se divertir e fazer boa música, juntar os amigos e ter algumas horas de alegria, e é claro, sentir que pode fazer algo relevante na vida além de se arrastar por aí de casa pro trabalho-futebol-igreja-fantástico no fim de semana. Alguma coisa que nos faça sentir vivos de verdade.
Só que as ambições que o próprio mundo infla muitas vezes faz com que, com o tempo, a gente perca essa perspectiva, e comece a pirar e a alimentar expectativas irreais, que só servem pra produzir frustrações, e atrapalhar aquilo que realmente é importante. Digo isso porque como já citei no texto abaixo e repeti pra algumas pessoas durante esses últimos dias de festa, não agüento mais esse papo de “porque a cena aquilo, porque as bandas isso” e não sei o que, enfim essa ladainha toda que as pessoas insistem em desfiar ininterruptamente, e que na minha opinião, não leva a absolutamente nada. Há muito tempo eu já senti que o que importa é você fazer o que gosta, e que “dar certo” não significa necessariamente ter uma carreira profissional como “artista”, mas sim construir um trabalho que você possa ter prazer em ouvir e orgulho de saber que foi você quem fez. Todo o resto é ilusão, fantasia, coisas que esse mundo de competitividade exacerbada colocam na nossa cabeça, e que a gente acaba acreditando, até pela tendência natural do ser humano de nunca estar satisfeito com nada. Me lembro desses dias a gente lá no Carlão, em um sábado à tarde, ensaiando com o OAEOZ, e o Camarão dizendo: “poxa, é engraçado, eu vejo hoje que se tivesse grana, fosse rico, estaria fazendo exatamente o que estou fazendo agora, ou seja, reunido no sábado a tarde com os amigos fazendo um som, tomando uma cerveja”. É EXATAMENTE ISSO! A gente ta tão acostumado a ficar pensando naquilo que a gente poderia fazer, em como o mundo seria diferente se a gente tivesse dinheiro, fosse famoso, fizesse sucesso e todas essas fantasias que enfiaram na nossa mente que muitas vezes não consegue perceber e aproveitar as coisas boas que estão acontecendo aqui e agora, bem na nossa frente. Como dizia Lennon: “A vida é o que acontece quando estamos fazendo planos”.
Pois hoje mais do que nunca eu sei e sinto que a gente é aquilo que a gente faz, que realiza, e não o que fala, que discursa, que planeja sem nunca dar o primeiro passo pra tornar realidade. E olhando pra trás, posso dizer sem nenhum medo de estar sendo arrogante ou pretensioso, que a gente fez muita coisa legal, e realizou até muito mais do que eu particularmente esperava, desde que entramos pela primeira vez no porão do 92, e saímos de lá cheio de desejos e idéias.
De lá pra cá a gente se tornou amigo e parceiro de grande parte daqueles caras que via no palco fazendo aquelas coisas maravilhosas e incríveis, e só isso pra mim já seria o suficiente pra ficar feliz. Mas mais ainda, a gente construiu um trabalho, uma obra, que se não tem relevância pro mercado ou pros “especialistas”, conta a nossa história de uma forma contundente, como ninguém mais poderia fazer. E fico ainda mais feliz que as sementes que a gente espalhou por aí germinaram e produziram frutos maravilhosos. Fico extremamente feliz, por exemplo, em ver uma banda como o Charme Chulo, que a gente conhece desde a primeira demo, e que um dia veio nos procurar querendo uma chance de tocar no Rock de Inverno, ver como eles cresceram, amadureceram e se tornaram artistas de altíssimo nível, e o que é mais importante, mantendo o pé no chão, e sem perder a clareza das coisas que são realmente importantes, a amizade e o companheirismo que no final das contas está na raiz dessa coisa toda de fazer música. Ver que eles mesmo tendo motivos de sobra pra isso, mesmo hoje sendo uma banda conhecida no País inteiro, se apresentando nos maiores festivais brasileiros (por méritos totalmente próprios, talento, e por não ficarem de conversa mole de que não tem apoio, não tem espaço, mas por terem corrido atrás e conquistado o que merecem) não perdem a chance de fazer um som na festa do Carlão, lá com os amigos, sem nenhum "glamour", muito menos preocupação que não promover alegria e se divertir. Essa é a chave de tudo, na minha opinião. Por mais que você tenha ambições nesse meio, é fundamental não perder a perspectiva das coisas, não esquecer que a essência de tudo é essa. Do contrário, você correrá o sério risco de se frustrar e acabar jogando a toalha.
E como disse, não agüento mais ver neguinho repetindo a cantinela de que “porque que a cena não dá certo”, “porque que as bandas não são conhecidas”, etc, e tal. Porra, será que os caras não perceberam que o mundo mudou, e que essa coisa de artista como um ser iluminado e acessível, isolado em um olimpo, rodeado de gueixas e andando por aí de limusine é um negócio que só existe no cinema holywoodiano, que isso não tem nada a ver com fazer música, fazer arte de verdade?

Como disse o Mário Bortolotto recentemente, sobre teatro, mas que se aplica perfeitamente a música: (...) um espetáculo "dar certo" pra mim não é se transformar num sucesso retumbante, casa lotada e bilheteria astronômica. "Dar certo" pra mim no caso, é realizar um bom trabalho, ficar satisfeito com o que assisto da platéia.”
É isso que eu penso. E que esse papo de porque a cena isso ou aquilo já deu! A cena somos nós, somos aquilo que nós fazemos de nossas vidas, somos a gente que gosta e faz música e todo mundo que ta envolvido nisso. E desde que eu vim pra cá, lá nos anos 90, nunca teve uma semana em que não tivesse um show legal de uma banda fazendo um som de qualidade na cidade pra ver. E o JR ta lá até hoje, e o Ciro Ridal ta por aí produzindo programas de rádio e de televisão, e o pessoal do BAAF ta aí com a grande garagem, lançando mais uma panelada de discos de alto nível. E um monte de gente nova surgiu no pedaço, como o pessoal do tinidos, prasbandas, ruído corporation, etc. E se os jornalistas antenados que decidem o que é bom e o que não é nos mass media não sabem disso, quem tá perdendo são eles, e aqueles que dependem só deles pra se informar e não vão atrás de outras coisas, não nós. Porque o público também tem que ter curiosidade de não ficar só consumindo prato feito e ir atrás de coisas novas diferentes. De não se contentar só com mesmice, da mesma forma como a gente, lá nos anos 80/90, quando não tinha internet nem nada, copiava as músicas em fitinhas k7 que um ia passando pro outro e assim descobria coisas que não tavam rolando na mídia.
Então parem de falar que a cena não existe, que não tem nada, que nada dá certo, porque já deu certo há muito tempo. Se você acha realmente isso então cai fora ou pára de encher o saco! Quem fala isso ta que nem aquele cara que fica na frente da tv batendo punheta vendo um filme pornô e não vê a mulher dele passando pelada na frente. Vai lá e goza porra! Pára de nhenhenhém. Para de esperar as coisas dos outros, faça você mesmo e faça POR VOCÊ MESMO.
É isso que a gente ta tentando fazer desde sempre. E que vai continuar fazendo enquanto tiver forças. Nem que for só pra se reunir com os amigos no quintal, fazer um som, e dar muita risada. Porque no final das contas, o que se leva da vida é a satisfação que se tem em vivê-la.

5/26/2008

Entre mortos e feridos...













Então. A terceira Carlão Party Sound foi um sucesso absoluto. Clima perfeito, som legal, novos e antigos amigos, shows excelentes (teve até uma jam de electro “ui” rock no final com participação do mestre Linari nos vocais ahahahha), Charme Chulo dando uma aula de musicalidade e alegria (tiveram a manha de tocar uma versão ótima de “Moreninha linda” que transformou definitivamente a festa no arraiá do Carlão), comidinhas de primeira (aquele cuzcuz feito pela Julieta tava o bicho) e muita, muita risada. Ainda estou me recuperando, e tinha um monte de coisa que gostaria de falar, mas enquanto isso, coloco aqui algumas imagens do negócio, feitas pela Gabi. E repetindo aquilo que a gente conversou durante a festa: pra mim não tem coisa melhor que isso, juntar os amigos e fazer um som sem nenhum compromisso que não a diversão e o companheirismo.
Como eu disse lá pra várias pessoas, não venha me falar de cena isso, cena aquilo. A cena somos nós, e nós somos aquilo que fazemos das nossas vidas. O resto é conversa fiada pra criticuzinho de blog onanista passar o tempo. E eu definitivamente tô fora dessa.

5/23/2008

Morphiris



em homenagem ao mestre Linari, que ta poa aí nos visitando de novo, e misses Julieta. Íris tocando Morphine no dia 11 de julho de 2005, com Paulinho Branco, no antigo Korova. Clássico!

5/21/2008

Argumentos Ao Vivo da Crise

Dopropriobolso

OAEOZ Ao vivo na Grande Garagem que Grava - 1 de setembro de 2007

Faixas: Deserto / Desculpas (Não quero saber) / Conversa na laje / Meg & John / Flores Mortas

Tamanha é a mediocridade que você despreza a sensibilidade, a postura e plástico de promoção é o que viramos. Não conheço banda com pinta de mártir, talvez o Lila seja o oráculo que minha filha adolescente consulte via fones de ouvido, no caso d’O AEOZ, essa apresentação impagável é atravessada pelo fantasma de Ziggy Stardust.

Nesta canção apropriadamente chamada de Deserto, o tempo passa bem devagar em meio às palavras vazias – náufragos da criatividade? A letra é acentuada pela música até o fim das palavras vazias num hipnótico jogo lúdico de palavra e som até o fim...

Desculpas (Não quero saber) : são leves desarranjos salpicados de súplicas: “mas um dia é só uma desculpa pra continuar

/ mas um dia é só uma desculpa pra continuar”.

Conversa na laje foi escrita a partir de uma conversa de amigos: 'é tão fácil julgar / o difícil é esperar / tirei a sorte grande / te levei pra bem longe / meu coração não se cansa de...' o monódico canto de ‘eu vou sobreviver / não vou mais querer sofrer' é acasalado por uma extraordinária linha de baixo e uma fantasmagórica guitarra com precisos bends nem é preciso registrar a avassalante caminhada da bateria em ápice e constante harmonia com o crooner. A melhor coisa nesta apresentação do OAEOZ é o impecável controle da situação tanto ao vivo quanto em estúdio.

Eles se valem de canções autobiográficas mesmo escritas por amigos como Meg & John de Rubens K., que registra o vital convívio-experiência com os grandes poetas...

Apropriadamente a última faixa, Flores mortas não lembra nada; nada antes “que sentimento é esse?”. Do abandono da solidão do tempo em quando éramos menos cínicos menos cúmplices e mais audazes? Nós somos as flores mortas na janela? Uma nova lição, nem sempre o passado é doloroso no caso desse ao vivo renascem as perspectivas... são renovados os argumentos da crise.

Eu também queria chamar à atenção para a carta aberta em forma de press-release assinada pelo Leonardo Vinhas que também narra as nossa experiências, frustrações e por quê não sabedoria?

Mário Pacheco

5/19/2008

Falsas baladas no S&Y

"Com dez anos de estrada, o quinteto curitibano alcança a maturidade musical em um álbum que impressiona pela maneira que despe sentimentos, desejos e sonhos. "


confira lá, no Scream Yell, o texto de Marcelo Costa sobre "Falsas baladas..."

5/09/2008

Falsas baladas Remastered Deluxe Edition



DOWNLOAD DJÁ!

Dizem por aí que mixagem a gente não termina, desiste. Masterização não é muito diferente (ehehe). Essa introdução é pra dizer que demos um gás na master do “Falsas baladas e outras canções de estrada”, novo disco de estúdio do OAEOZ. Notamos que o volume tava um pouquinho a abaixo da média dos discos poraí. Nada muito grave, nem muito perceptível, mas uma diferença considerável quando se ouvia no player de MP3. De qualquer forma, enfim, quem quiser conferir essa nova versão REMASTERED DELUXE EDITION BY OURSELVES MESMOS, é só baixar lá no HOTISITE DO OAEOZ.

5/08/2008

Dopropriobolso


Há coisa de uns dez anos atrás tomei contato com o livro "Balada do Louco - do desengano em direção à vida", do jornalista Mário Pacheco, que se atreveu a escrever uma biografia do Arnaldo Baptista muito antes do revival em torno dos Mutantes. Editado de forma independente, como sóis acontece com quase tudo que se refere a cultura "não contabilizada" como relevante pelos mass media do nosso País, o livro chegou até mim através de uma cópia emprestada do amigo e batera Rolando Castelo Junior, não por acaso ex-parceiro do próprio Arnaldo na Patrulha do Estado. Fiquei desde logo impressionado com a forma passional com que o autor lidava com aquela história por si só já passional e emotiva. Ao invés da pretensa e falsa "objetividade" jornalística, o que se via nesse precioso livro era uma entrega total e absoluta de quem realmente viveu, sobreviveu, ouviu e queimou muita coisa por aí, mergulhando de cabeça na história de um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros, e mais do que isso, na história da própria contracultura do País.
Anos depois, já quando do lançamento do "Ás vezes céu", consegui o contato do Mário e mandei pra ele o disco, sem qualquer pretensão ou esperança de retorno, afinal, não conhecia o cara, não tinha a mínima idéia de se ele ia ou não gostar ou sequer ter tempo e interesse pra ouvir. Para minha grata surpresa, dias depois recebo um telefonema em casa do próprio Mário Pacheco, querendo conversar sobre o disco. Foi com certeza a entrevista mais legal que já fizeram comigo, porque ao contrário do que normalmente acontece, as perguntas dele fugiam e muito daquele roteiro batido que a gente vê em geral nessas ocasiões. E é claro, o texto escrito por ele na época também foi um dos mais incríveis e criativos já publicados sobre o OAEOZ.
Diante desses antecedentes, com o lançmento dos novos discos, eu não poderia é claro deixar de refazer esse contato, e mandei semana passada os nossos lançamentos pro Mário, que tem um site, o apropriadamente nominado "Dopropriobolso", que andou fora do ar por uns tempos, mas está voltando. E ontem (quarta), recebi um e-mail emocionado e emocionante do Mário agradecendo os discos (como se fosse preciso).
E hoje (quinta-feira), ele me mandou alguns e-mails comentando suas primeiras impressões, que com a autorização do autor, eu reproduzo abaixo. São daquelas coisas que enchem a gente de energia renovada pra continuar nesse caminho, "mesmo que não saiba pra onde"...

O ÁLBUM BRANCO D'OAEOZ

Dúvida! Não sei se a vida inspira os phatos ou é arte?
Teu disco me recorda a resenha do último disco da Legião que li na
Bizz, o disco era "Tempestade" e o crítico foi muito feliz no
prognóstico - acho que o papel da resenha é levar a ouvir o disco
Sonoramente teu ao vivo pega gancho no Banquete dos Mendigos no
próprio AEOZ e Pink Floyd. Melâncolico ou mórbido? Mas o título é
dúbio falsas baladas e outras canções de estrada - se vc trocar os
discos de capinha tanto faz...
Rock Adulto? Entonação oitentista (Zero) Ballet Bauhaus Novo Cinema
Alemão Rock Teatral e a maior homenagem a Nei Lisboa, o disco que ele fez com outro nome - Disco da noite/dia luz/ - o tema do sol é lindo como uma banda que me esqueço o nome agora - ramo do Bauhaus mas tem aquele outro cantor australiano que morou em São Paulo vivendo o filme das tuas palavras. "Meg & John" de Rubens K. é a minha história com outros nomes - incrível nunca tive tanta saudade dos anos 80. alguns
acordes do ao vivo também me fizeram imaginar como os "headbangers" podem ignorar teu disco, ou por quê nós somos privados da oportunidade de assistir a este show? Mas esta é a máxima da arte guardar p/
descobrir a esquizofrênia em "deserto" e é certo que o AEOZ trabalha
arduamente em suas músicas e linguagens e discos.
Dois lados um ao vivo e outro de estúdio, sabiamente via dowload - boa - bootleg ao inverso - fiquei meio desapontado quando vi que o
primeiro cd era queimado e o segundo ao vivo oficalmente presnado sem contato c/ o ar - e ouvindo entendi que era um disco de downloads coisa de fã - peguei o espírito!

(...)

tô curtindo muito o disco elétrico - conhecendo os ensaios e os
outtakes do álbum branco a gente enxerga uma similaridade até nas
coisas mais cruas - Mariana é uma música muito bonita e este
desprendimento dos arranjos da duração das faixas e ecos com Joy
division - Renato Russo - ainda não analisei o lado lírico - mas eu
gosto como vc dá as notas no vocal e o arranjo vai atrás - o
convencimento da forma - a guitarra é muito bem tocada, muito bem
dosado - minimal - os arranjos são mais sofisticados tem um piano
bonito - uma introdução diferente - parece produção da gravadora
Stilleto - por isso eu ACHO oitentista - pega o Varsóvia - pega as
nossas releituras de Rimbaud

INTRAUTERINO CAFONA SENTIMENTAL OTIMISTA ESPERANÇOSO APAIXONADO -
SOLITÁRIO - NOSTÁLGICO mas NUNCA OMISSO QUANTO ÀS RELAÇÕES É O TIPO DE
DISCO QUE A GENTE PROCURA OUVIR
Vc sabe, que eu não conheço muito de Você e o disco leva a essa
procura em saber quem é vc- então o disco é perfeito
a expresão do it yourself - explica tudinho era isso que eu queria
ouvir - apesar de eu usar bootleg com o mesmo significado.
Receber este disco já velu a pena recolocar o site no ar e é o que
estamos fazendo divulgando a música doprópriobolso.

Mário Pacheco

5/07/2008

Volkana: com a mesma raça , peso e fúria



Jornal do Estado/Bemparaná

A banda “de mulheres” fez história como pioneira no mundo masculino no thrash metal

Adriane Perin

– Quero que cantem nosso som, refrão e tudo mais.
– Pode deixar, vão cantar.
– Peso vai ser inevitável (risos).
– Vamor tentar fazer algo que nunca fizemos.
– Com a mesma raça, peso e fúria.
– Hoje o lance é postura no palco, nem tanto agitar.
– Postura sempre foi tudo.
– Nós já temos moral, Marielle. Só falta voltar.

O diálogo acima é um pedaço de conversa no msn entre a curitibana Marielle Loyola, cantora e compositora e Mila Menezes, gerente de loja de instrumentos. Marielle é conhecida aqui pelos dez anos com a banda Cores d Flores, que está com disco novinho, Paixão. Mila foi a baixista da brasiliense Volkana, quarta formação musical de Marielle, que deixou seu nome cravado na música brasileira como pioneira do thrash metal feito por mulheres, no Brasil. É verdade que tinha um homem entre elas, o baterista Sérgio Facci, mas foi como “uma banda de garotas” chegadas num som pesado que elas ficaram conhecidas.
A razão do encontro on line é uma boa notícia: está confirmadíssima a volta com a formação considerada clássica – as duas e Renata (guiarra), Sérgio Facci (bateria) e Karla Carneiro (guitarra). Dia 19 é o primeiro ensaio. O repertório deve ter músicas dos dois discos – First, de 1991 pela Eldorado, com Marielle, e Mind Trips, com outra vocal). Na conversa on line Mila pergunta se Marielle cantaria o segundo disco, com vocais bem diferentes dos seus. “Eu canto, pode deixar”, foi a pronta resposta bem ao estilo dela. “Mas temos que inicialmente voltar muito más (risos). E depois vamos nos adequando ao mercado... que está a nossa espera”, completou a curitibana, quem sabe lembrando a sensação de ver do palco, a marmanjada silenciada diante da potência sonora que as minas-thrash, inesperadamente pra eles, produziam.
Ela ficou cinco anos na Volkana e tem no currículo também Arte no Escuro (lançou vinil homônimo em 1988 pela EMI) e Escola de Escândalo (gravou coletânea Rumores), ambas da fase de “nova geração” do rock de Brasília - aquela que veio logo depois que a turma da Colina trouxe outras texturas e densidades ao rock brasileiro.
É neste clima empolgado que estão, e ja com uma produtora, a Magma, marcando shows. Marielle adianta que embora ainda não esteja confirmadíssimo, “vai ser no festival Porão do Rock a nossa volta. Tem que ser somos de Brasília”. Esse retorno, conta a baixista, tem tudo a ver com os fãs. “No Orkut chovem pedidos”. Daí veio o convite para o Virada Cultural em Sampa. Era o que faltava, mas elas não querem nada às pressas. “Quando todos toparam resolvemos deixar a coisa maior e melhor”, diz Mila, completando que tudo rolou nos últimos dois meses. Até então, cada um estava tocando sua vida. “Mas essa mesma vida nos leva a voltar a batalhar pelo nosso sonho, que foi o Volkana”, assegura a baixista. Nesse tempo, Renata e Sergio seguiram tocando de forma paralela aos trabalhos formais. Mila e Karla se mantiveram perto da música. “Resolvi me refazer, cuidar do meu filho, me reconstruir como pessoa”, diz Mila.
História — Mariele esteve no Volkana por quase cinco anos. Com a banda saiu de Brasília, junto com Mila, Karla e Débora. Débora acabou cedendo lugar para vários bateristas “legais, mas sem a pressão dela”. “Lançamos a Roberta, que a Claydermam, dos Titãs Branco Mello e Sérgio Brito, levaram quando a viram em nosso ensaio”, lembra Mariele.
Até que surgiu Serginho, da banda Vodu. “Ele tava sempre por perto, pedimos pra fazer uns shows com a gente e ele foi ficando. Virou peça importante”, lembra a curitibana, não dispensando a chance de pagar uma. “No começo o pessoal achava que era uma guria também. Ele ficava puto da cara, mas a gente se divertia”. Ela lembra ainda a Volkana Selminha, guitarra -solo “roubada” pelo guitarrista do Creator.
O último show de Marielle foi no Aeroanta em 94 depois de shows por todo o pais e pouco antes dela voltar a Curitiba e criar, junto com o então marido, Marco Mackoy, o Cores. Casamento, filha, irmão doente cansaço e o desejo de cantar em português. Tudo isso contribuiu para ela querer dar um tempo.
E o Cores como fica, em pleno lançamento de disco? “Bom, Cores é minha alma. Volkana é meu lado ‘sangue no zoio’”, explica e emenda, empolgada. “Sempre fui uma metaleira completa”, diz ela que vai botar lenha pra sua ex- ex-banda assumir a língua pátria também.

O ano misterioso que não quer sair de cena

Jornal do Estado/Bemparaná

Zuenir Ventura revê, 20 anos depois,os personagens de seu mais importante livro

Adriane Perin

Quando o trabalho deu os primeiros estalidos, a idéia era uma edição atualizada do livro 1968 – O Ano que não Terminou. Mas logo que o jornalista Zuenir Ventura, o autor, se debruçou novamente sobre aqueles personagens, outra história tomou forma. Ele ficou com vontade de descobrir o que foi feito daquelas pessoas, sonhos, desejos e ambições que marcaram o “ano que virou personagem”. A vontade acabou desagüando nos jovens de hoje, cujos dilemas e solidão preocupam o jornalista de 76 anos. “Tanto Cidade Partida (Cia. das Letras) quanto 1968 são sobre jovens excluídos, socialmente , aqueles, e politicamente, estes. Os dois trabalhos convergiram para essa investigação, que acabou sendo também sobre jovens. Quis saber se houve continuidade, quais foram as rupturas. Encontrei jovens de 68 espalhados em vários setores, no governo, na oposição, na sociedade em geral”.

A ânsia em encontrar as respostas conduziu a 1968 – O que fizemos de nós, livro lançado em caixa comemorativa pela editora Planeta, junto com o clássico que chegou ao mercado há 20 anos, tratando da pesada experiência brasileira com a ditadura militar. “A herança deixada é plural”. Sua maior surpresa, conta, foi encontrar rastros de 68 em uma rave, que é, diz, parecidíssima com Woodstock. “O livro foi desenvolvendo dessa maneira, fazendo ponte, criando diálogo. È uma investigação sobre coisas que eu queria fuçar, precisava saber, perguntar”, diz Ventura.

Na conversa por telefone, ficou clara uma certa aflição sobre o futuro e a crença de que é preciso entender as gerações de agora. A expectativa de vida está aumentando, mas não se sabe se o planeta vai suportar, pondera ele. “O pessoal das gerações mais velhas costuma apontar que os meninos de hoje não têm um projeto, mas o que deixamos para eles é muito incerto. Vem daí o apego ao presente”, observa. Uma urgência que o impressionou, e que ele reconhece como uma “busca pelo paroxismo”. “Essa busca agônica deles, vertiginosa; o transe do risco, que notei na rave. A geração 68 fazia a mesma coisa”, observa. “Aprendi muito nessa pesquisa e com um personagem dela em especial, o psicanalista João Batista Ferreira, que foi um importante padre, deixou a batina e é psicanalista de jovens. Ele foi quem me disse que tem um 68 dentro de 2008. Fiquei com aquilo na cabeça. Completei com o que Caetano falou: para ser parecido com aquilo que vivemos tem que ser completamente diferente. Essas frases que me impressionaram muito”.

Na primeira parte do livro Zuenir busca o caminho percorrido por 68 nestes 40 anos, e vai descobrindo traços dele. Encontra remanescentes dos Meia-Oito no governo e na oposição, enquanto trata de mudanças comportamentais, conquistas e novos inimigos a serem enfrentados, valendo-se de pesquisas e estudos. Na segunda parte estão entrevistas com Heloísa Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Fernando Gabeira, Franklin Martins, Fernando Henrique Cardoso e José Dirceu. “Não julgo meu entrevistados, seria antipático. Apenas coloco o que disseram e meus questionamentos diante das pessoas”, diz o jornalista. A seguir trechos da entrevista:

Jornal do Estado — Em duas décadas, desde o livro, e quatro desde os fatos que o geraram, passamos das “utopias socias para as corporais”; da crença na força do coletivo para um individualismo cada vez mais extremo. Como você se sente nesse turbilhão?
Zuenir Ventura — Acho que falta a gente entender essa geração; nós é que temos que entender, o pai tem que entender o filho. É preciso uma autocrítica. Eles têm razão de não querer saber de política, afinal que modelos temos a oferecer? Porque ninguém nem pensa em ser um Senador da República entre eles? Por outro lado, ninguém mais entende a revolução tecnológica do que eles. Não podemos querer que se pareçam com a gente. Não são iguais e não são piores por isso. Tive um pouco de humildade e aprendi nessa pesquisa a ter um olhar mais generoso e compreensivo, menos intolerante e arrogante. Porque quanto mais viramos as costas pra eles, mais sem saída eles se sentem. A geração 68 era mais folgada, arrogantezinha. Se a geração anterior a ela não queria saber dela, ela respondia: “Não confie em ninguém com mais de 30”. A de hoje não tem essa agressividade, fica na dela. Pensa: “não quer conversar comigo, não quer me entender, tudo bem vou pro computador conversar com minha patota”.

JE — Você consegue identificar a principal herança meia-oito no Brasil? Movimento estudantil, engajamento político; liberação sexual, direitos femininos...
Ventura — A herança ruim foi as drogas. Havia uma ilusão ingênua em relação aos efeitos desse consumo, no sentido de abrir a mente e isso virou um instrumento de morte. Hoje existem verdadeiras multinacionais do crime, da morte, da degradação física. E o pior é que a gente não sabe como lidar com isso, sequer discute claramente e combate de uma maneira absolutamente equivocada, desastrosa e ineficaz. É a mazela do mundo. Pra Aids daqui a pouco vai se achar a vacina. Já com as drogas vamos ter que achar um ponto de equilibrio entre a repressão absoluta e o liberalização total.

Avanços comportamentais são maiores que políticos

JE — E a boa herança seria no comportamento feminina? Afinal, bem pouco tempo atrás mulher sequer podia ir sozinha a um bar....
Zuenir — São várias pegadas positivas. Você cita a condição feminana e tem razão. Na entrevista com Caetano e (Fernando) Gabeira eles apontam isso como o maior ganho. Tem também as três avós, do primeiro texto. Elas se separaram, mas como atitude de fazer na prática o que pregavam. Experimentaram a liberdade, indepedência. Mas, hoje em dia, casar e descasar virou algo muito banal. Mesmo assim, acho que no plano do comportamento, em geral, realmente houve mais avanço que no plano da política.

JE — E o jornalismo ...
Ventura — Aí rende outra entrevista (risos). Foi profundamente alterado pela tecnologia, pela informação em tempo real. Em 1961 eu pedia uma ligação um dia antes para conseguir fazer entrevista. Mesmo por avião, as correspondências levavam dias. Esta é uma revolução que afetou muito os jornalistas e não sabemos o que vai ser. Isso tem o lado bom e também o ruim, pois já fui até morto na internet, por exemnplo. Minha família ficou procurando. Então, me parece claro que temos muito a discutir sobre os limites que devem existir e como colocar esses limites. Essa é a grande incógnita. Tem muita coisa pra ser resolvida.

JE — Você acha que agora esse ano vai acabar?

Ventura — Olha, pelo número de entrevistas que estou dando e de edições especiais que está gerando, posso dizer que pelo menos o interesse nele, não acabou. Acho bom desde que se tenha olhar crítico. Não pode fazer apologia de 68 como se fosse maravilhoso. Foi um ano misterioso; não é ano, é personagem, não quer sair de cena.

5/05/2008

'Nossa vida não cabe num Opala' é o grande vencedor do Cine-PE 2008







O Globo Online

RIO - "Nossa vida não cabe num Opala", de Reinaldo Pinheiro, conquistou na noite de domingo o troféu Calunga de melhor longa-metragem da 12ª edição do Cine PE - Festival Audiovisual do Recife, um dos principais festivais de cinema do país e que reúne o maior público em uma mesma sessão: mais de três mil pessoas.
Realizado no Centro de Convenções de Pernambuco, o Cine PE exibiu, desde o dia 28 de abril, 58 filmes nacionais, entre curtas e longas-metragens. De produção paulista, a ficção "Nossa vida não cabe num Opala" ainda recebeu os troféus Calunga de melhor roteiro (Di Moretti), melhor atriz (Maria Luiza Mendonça), melhor direção de arte (Mônica Palazzo) e melhor trilha sonora (Maestro Amalfi e Mário Botolotto).
A Calunga de melhor roteiro para Moretti coloca ainda mais fogo na polêmica que circula nos bastidores junto ao dramaturgo Mário Botolotto. O longa-metragem é baseado na peça "Nossa vida não vale um Chevrolet", de autoria de Bortolotto. Na edição de sexta-feira de O Globo, o repórter André Miranda contou que o autor não gostou do roteiro do filme dirigido por Reinaldo Pinheiro e resolveu deixar isso bem claro num texto publicado em seu blog, cujo sugestivo nome é "Atire no dramaturgo": "O cara escreveu um roteiro sofrível a partir do meu texto (...). Eu tenho vergonha de ler o roteiro dele".
O filme "Bodas de papel" (ficção/SP), de André Sturm, além de receber o Prêmio Especial do Júri Popular, levou os troféus Calunga de melhor atriz coadjuvante (Cleide Yácones) e de melhor edição de som (Fernando Hanna e Simone Alves). Já a produção do Distrito Federal "Simples mortais" (ficção) ficou com as Calungas de melhor ator (Chico Santana) e melhor ator coadjuvante (Eduardo Moraes), que interpretam pai e filho no filme.
O troféu Calunga de melhor direção foi entregue a Rodolfo Nanni, de "O retorno" (SP). O documentário também foi premiado com a Calunga de melhor fotografia, para Roberto Santos Filho. Outro documentário da Mostra Competitiva de Longas do Cine PE 2008, "Brizola: Tempos de luta", de Tabajara Ruas, ganhou o troféu Calunga de melhor montagem (Ligia Walper). Um documentário pernambucano, "Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife", de Leo Falcão, recebeu o Troféu Gilberto Freyre, prêmio destinado a produções que valorizam a identidade nacional.
O troféu de melhor curta-metragem em 35mm foi para o mineiro "Os filmes que não fiz", de Gilberto Scarpa. O filme também foi premiado com o Calunga de melhor direção de arte. Esmir Filho ganhou a Calunga de melhor direção com "Saliva" (ficção/SP), filme que também conquistou a Calunga de melhor montagem (Caroline Leone). Outro curta em 35mm premiado com dois troféus Calunga foi "Dossiê Rê Bordosa" (animação/SP), de César Cabral: melhor roteiro (Leandro Maciel e César Cabral) e melhor trilha sonora (Cláudio Augusto Ferreira).
Ainda na categoria de curtas-metragens em 35mm, o prêmio de melhor fotografia foi para Lula Carvalho, em "Trópico de Cabras", de Fernando Coimbra. Já os prêmios de melhor ator e de melhor atriz foram conquistados por Jonathan Haagesen, que protagoniza o filme "Comprometendo a atuação" (ficção/MT), e Helena Albergaria, que atua em "Um Ramo" (ficção/SP). A Calunga de melhor edição de som foi recebida por Aurélio Dias e Leonardo Sette, do filme "Ocidente" (documentário/PE).
Dois curtas-metragens digitais paraibanos se destacaram no Cine-PE 2008: "Amanda e Monick", de André da Costa Pinto, que recebeu o troféu Calunga de melhor filme, e "O Guardador", de Diego Benevides, que ganhou o Prêmio Especial do Júri Oficial, o Prêmio Especial da Crítica e o Prêmio Aquisição do Canal Brasil. O gaúcho "Porcos não olham para o céu" levou os troféus Calunga de melhor direção (Daniel Marvel) e de melhor roteiro (Everson Klein). A Calunga de melhor montagem foi para Érico Rassi, de "Um pra um" (SP). Já o Prêmio Especial do Júri Popular foi dado ao vídeo pernambucano "Até onde a vista alcança", de Felipe Peres Calheiros.
Na Mostra Pernambuco, pela primeira vez realizada no Cine PE, o vencedor do troféu Calunga de melhor filme foi "Amigos de Risco" (ficção), de Daniel Bandeira. Após as premiações, o público presente ao cine-teatro Guararapes pôde assistir ao filme "Chega de saudade", de Laís Bodanzky. Outra novidade do festival este ano foi a Mostra Paralela de Porto de Galinhas, onde foram exibidos os filmes "Saneamento Básico", de Jorge Furtado; "O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger; "Tapete Vermelho", de Luiz Alberto Pereira; e "O Mundo Em Duas Voltas", de David Schürmann. Dirigido por Alfredo Bertini e Sandra Bertini, o Cine PE 2008 homenageou o produtor e fotógrafo Luis Carlos Barreto, o ator Nelson Xavier e a atriz Lucélia Santos.


NR: Pra quem não sabe ou não se lembra, a trilha do "Nossa vida não cabe num Opala", feita pelo Marião e o maestro Amalfi, inclui músicas do OAEOZ, Íris, La Carne, Patife Band, Cascadura, Bêbados Habilidosos, entre outras pérolas do cancioneiro nacional. A gente fica muito feliz pelo Mário, pelo filme, e por termos a honra de fazermos parte dessa história.

Trost: histórias de amor e perda em três línguas

Jornal do Estado/Bemparaná

The hole in the wall

Conheça a nova empreitada de Anicca Line Trost, musicista que foi da banda berlinense Cobra killer


Marcelo Borges/Especial para o JE


Annica Line Trost é mais conhecida como a outra metade da banda “eletropunkcabare” Cobra Killer de Berlim. Ela começou com o piano clássico aos dez anos, e aos treze, depois de descobrir punk music, trocou o piano pela bateria. Passou por varias bandas do underground berlinense nos anos 90, e aos vinte trocou a batera por um sampler.
Depois de uma carreira de sucesso com o Cobra Killer que alem de muitas outras bandas, ja abriu shows para o Sonic Youth, Atari Teenage Riot e Shizuo, Annica em 2004 partiu pra carreira solo. Não que tenha abandonado o Cobra Killer, a banda continua na ativa e tive a sorte de filmar um dos shows da turnee de 2007 no Corsica Studios. Só que o Cobra Killer, eletropunk no melhor sentido da palavra não é a minha praia, é ruidera total, com algumas referências pop retrô. Vale é a performance de Annica e Gina V. D`Orio com o mais que famoso banho de vinho que rola em todos os shows. E vale a pena conferir tambem o disco Cobra Killer & Kapajkos Des Mandolineorchester que mistura o medievalismo da instrumentação (o Kapajkos é formado por três bandolins) com o avant-garde das composições de Annica e Gina.
O primeiro disco solo de Annica, o homônino Trost de 2004 ainda tem fortes referencias ao trabalho do Cobra Killer, tão lá os samplers e as ruideras, só que agora, com uma atenção maior nas letras autobiograficas de Annica. “Tatoo My Name On Your Ass” pede ela como prova do amor verdadeiro. “Born to Porn” e “Bulletproffed” são duas boas canções ainda na praia dos samplers. Em “I See Cathedrals” e “Crying in the Sink” dava pra ter uma idéia do que estaria por vir no segundo álbum Trust Me de 2006. Este sim um bom disco, onde os samplers são deixados de lado e Annica aposta de novo em músicos na formação clássica: baixo, guitarra e bateria, alem do trombone e teclados.
Filmei um dos shows do Trost na turnee de lançamento do disco Trust Me e fiquei impressionado com a banda e o talento de Annica de cantar totalmente travada de vinho. Em vários momentos ela tropeçou nas garrafas no palco e teve que ser escorada, ou pelo guitarrista ou pelo baixista, ambos mais do que acostumados em manter um olho no instrumento e outro na vocalista.
Trust Me foi gravado na Austrália e finalizado em Berlim. Pra este disco Annica convidou seus músicos predilhetos, EffJott Kruger (Ideal) and Thomas Wydler (Nick Cave And The Bad Seeds) alem dos Devastations Tom Carlyion and Conrad Standish. Todas as musicas contam histórias pessoais de amor e perda em tres línguas: alemão, inglês e francêes. O disco é uma mistura de garage sounds com rock e punk ingredients temperados com boogie e jazz do jeito que só alemaes sabem fazer. Destaque pra “Cowboy”, “I Was Wrong”, “Guy le Super Hero e “Man on the Box”.