12/11/2007

Independência e vanguarda

Na falta de inspiração (e talento) pra escrever aqui, recorro a quem entende da coisa e posto dois trechos de dois livros que acabei de ler.

“O talento de Tim, maduro e eficiente, brilhava do início ao fim do LP. O repertório, os arranjos, a gravação e a produção fariam qualquer executivo discográfico babar de inveja e cobiça. Era um disco perfeito, feito para tocar no rádio, arrebentar nas lojas e abarrotar os cofres da gravadora. Mas, “distribuído” pela Seroma, quase de mão em mão, “Nuvens” foi para o espaço, jamais chegou ao grande público. Um dos melhores discos de Tim Maia se tornou um dos seus menos vendidos e mais desconhecidos.
Por todos os motivos, ele levava muita fé no disco e ficou bastante surpreso e abalado com o insucesso. E começou a refletir criticamente sobre as vantagens e desvantagens da independência musical:

‘É como quando você está com aquele tesãozinho e pensa em chamar uma puta, mas não quer gastar dinheiro. Você não chama a puta, toca uma punhetinha e goza e não paga nada – mas também não come ninguém. A produção independente é mais ou menos isso”’


Do livro “Vale Tudo – o som e a fúria de Tim Maia”, por Nelson Motta

comentário meu:
Um livro sobre o Tim não tinha como ser ruim e este não foge à regra. Altas e incríveis histórias do síndico punk funk do Brasil. Mas pra quem como eu é fã de biografias e está acostumado com aquelas biografias exaustivas que dissecam detalhadamente a história e a carreira do cara é um livro decepcionante e extremamente superficial. Prioriza o lado folclórico, deixando a parte musical em segundo plano. Pelo tamanho (literal e figurativamente) do personagem, o Tim merecia mais.




“É essa preocupação de ‘quem é mais moderno’, em vez de ‘quem está fazendo a música mais bonita, mais humana’. (A mais bonita) pode muito bem ser a mais moderna também, mas fazer da vanguarda o único critério acabou virando quase uma doença, especialmente no jazz”

Bill Evans, no livro – Kind of Blue – a história da obra prima de Miles Davis, de Ashley Kahn

Já esse é um livro perfeito, pra quem realmente gosta de música. Faz até um neófito como eu ter vontade de ir estudar essa porra pra entender direito o que os caras falam/contam. Examina em minúcias cada uma das duas sessões de nove horas (no total), take a take, que os caras precisaram para gravar esse monumento musical. E ainda descreve os antecedentes e os efeitos do trabalho de Miles e seus contemporâneos (Coltrane, Ornette Coleman). Obrigatório. E soube que agora ta saindo um do mesmo autor, sobre A love supreme. Vou atrás.

2 comentários:

Anônimo disse...

empresta esse livro ai ! pô, e um livro do love supreme deve ser bacana hein.. amanha (sexta) tem pleiade no korova

Anônimo disse...

empresto. claro. e o do Love Supreme tá sendo lançado dia 15. Se for no mesmo nível que o do Miles, é obrigatório.