12/28/2006

Ai, ai: é piada, sim: com a nossa cara

Ah, eu não resisti. O Jornal do Estado (www.bemparaná.com.br) tá bem bom de ler hoje, dá uma vontade incontrolável de rir, rir muito, da nossa própria cara e do que vem por aí em 2007 (e, infelizmente, não vai parar no 07). A parte política está “espicizi”, como diria um amigo. Vejam só: que o cara acusado de grampear gente em todo canto no Paraná, que trabalhava na sala próxima do excelentíssimo sr governador foi solto, “por engano”, numa sexta-feira que batia na porta do Natal, às 19h30 (como essa gente trabalha, não?!”). Se não fosse da nossa cara, o riso seria melhor, mas, a estas alturas do campeonato, tô optando pelo riso largo do que o choro, até porque isso não merece minhas lágrimas, então vou gargalhar da palhaçada. Em uma entrevista sobre os possíveis secretários da cultura, alguém intimou: “pô, a “classe artística” tem que se mexer, deixar de ser oportunista e se preocupar só em como garantir um pedaço do bolo”. E, olha, não fui eu que falei, não, foi um artista, uma pessoa, engajada que sabe do que tá falando muito, mas muito mais do que eu, porque tá nas mesas de bar, nas reuniões a porta fechada, nas conversas entre amigos.... o problema é que não é só os artistas, é pra todo lado essa esculhambação. O paranaense adora falar mal do Lula, mas não olha o próprio rabo, não vê o que acontece bem alí no Centro Cívico, na capital, faz vista grossa pro descalabro, pra arrogância, pro pedantismo e pro gangsterismo, porque isso que se falou no começo é crime, não é brincadeirinha, não...
Mas, vamos rir mais um pouco. A coluna Toda Política, do JE, alerta: não é piada: policiais em guarapuava colocaram cerca elétrica pra defender as sedes da polícia e a PF contratou empresa de segurança... Ah, vai dizer que não é engraçado isso? É sim, eu dei muita risada, foi bom, comecei o dia em alto astral, pensando que eu posso ficar bem sossegada: hoje tá um dia bom, 2006 tá acabando. Pode saber, tudo vai ficar piorar... por isso a Regina Casé, no Central da Periferia de sábado passado (eu gosto dela sim, e desse programa, gosto do jeito que ela mostra outras realidades, gosto mesmo!)fez bem em desejar a todos CORAGEM, MUITA CORAGEM. Faço minhas as palavras dela, porque é do que vamos precisar para ENCARAR esse nosso futuro de frente!!!!.

Ps. André, li em Parati, um belo livro do Henry Miller, ano passado.
Big Sur e as Laranjas de Hieronymus Bosch é meio briográfico, sobre um lugar lindo,próximo de penhascos, onde ele viveu. Foi o gancho dele pra falar espetacularmente bem de pessoas incríveis. gostei. agora faltam os clássicos dele...

12/26/2006

o natal já foi... agora é 2007

Terça-feira. O céu de curitiba tava tão bonito hoje de manhã, antes das 9. parecia aquele céu de um azul tranquilo de quando a gente tá chegando, cedinho, naquela praia sossegada, fora de temporada, sem tumultos. Tinha umas nuvens, mas elas compunham perfeitamente. Ônibus nem tão cheio, consegui até sentar. E a relativa tranquilidade, me fez pensar nesses dias em casa, o primeiro natal na nosso canto, brigadeiro, heineken, cigarrinhos, tigra, lu, dogui e baby... meu vô querido já foi conhecer e deu sua (imprescindìvel, pra mim) benção. Vim pensando nisso tudo, no embalo do ônibus sem correria, um solzinho já meio quente pondo lenha na fogueira......
há exatos 11 anos entrei pra ficar numa redação de jornal. Meu primeiro emprego com tudo certinho legalmente. Tava apavorada, mas decidida a agarrar minha última chance – já tinha desistido, na verdade, mas nem a mim eu obedeço.... deu nisso.
O meu natal também teve mário bortolotto. Terminei de ler as suas crônicas, Atire no Dramaturgo. A maioria eu não tinha lido no blog. O mário é engraçado, mas não o engraçado de fazer rir. Um outro tipo de engraçado, um engraçado que às vezes fica entalado na garganta, porque não dá pra rir do que ele escreve,não. Mas, de vez enquando dá pra ficar irritada... só que daí, logo adiante, ele dá outra rasteira certeira em algum tipo de lembrança coletiva (nem somos da mesma geração, hein) e bota à tona certas sensações incômodas, quase sempre, porém, comoventes. e como não abrir um sorriso, meio torto, não querendo ser, para concluir que o filho da mãe tem razão...
Esse jeito de ser ele mesmo, é de doer. Fico confusa, em algumas passagens. Com um tanto de raiva, em outras, pra logo perceber que não é raiva, não, é só ser obrigada a concordar com ele que certos tipinhos humanos tão mesmo devendo à vida. Eu não trouxe o livro comigo e,portanto, não vou citar trechos, embora vários merecessem citações. Resumidamente, acho que é a vida, toda irregular e confusa que salta das páginas de Atire no Dramaturgo, carregadas de verdades que não valem pra todos, mas que são preciosas; arranhões, cortes profundos, mentiras sinceras, verdades distorcidas, olhares cansados, vontades renovadas... é muita vida, nem sempre do jeito como a gente gostaria.
Gosto principalmente do jeito que ele não julga exatamente aquelas pessoas que seriam as "genis fáceis". Como ele entende o pai, se solidariza com a mãe. Como ele ama os amigos (errados?), como ele se declara, discreto, e meio sem jeito, à Fernanda; como ele se condena e se redime sob sua própria ótica, dolorida e dolorosa, mas sempre muito viva, muito vida. Não gosto de tudo, tudo o que o Mário escreve no blog, não. Gostei muuuuuuuiiiiiiiiito de vê-lo no palco e também gosto muito de Bagana na Chuva. Se troquei uma dúzia de palavras com ele, até hoje, foi muito. Mas,já tomamos cervejas na mesma roda de amigos – e tive(mos) o prazer de tê-lo lá em casa no primeiro churras. Até achei que não terminaria seu Atire no Dramaturgo. Pois, terminei. E gostei, gostei muito das suas palavras tão reais, tão sorrateiramente paupáveis. Agora sinto esse gosto de vida no céu da boca, nem sempre doce, nem sempre amargo. Também procuro meu silêncio, quero não falar, quero olhar. Não importa, os dias seguem. E outro ano está batendo a porta e espero sinceramente que tenhamos CORAGEM pra encará-lo de frente, olhos nos olhos, cheios de amor (e de ódio, também, sim, se preciso for).
Adri perin

12/19/2006

É natal?

Como ando totalmente sem inspiração e ânimo para escrever, e já que poucos parecem dar atenção ao que aparece por aqui, vai mais uma citação, aproveitando o clima "natalino". E de um cara que eu aprendi a admirar depois de ganhar de um colega de trabalho o livro "Breviário da Decomposição".

A fuga da Cruz

Aquele que pensou ser o filho de Deus apenas duvidou no último momento. Cristo duvidou realmente não na montanha, mas na cruz. Estou convencido de que na cruz Jesus invejou o destino dos anônimos e, pudesse tê-lo feito, haveria se retirado para o canto mais obscuro do mundo, onde ninguém lhe implorasse por esperança ou salvação. Posso imaginá-lo a sós com os soldados romanos, pedindo a eles que o apeassem da cruz, que arrancassem os cravos e o deixassem escapar para onde os ecos do sofrimento humano não o alcançassem mais. Não porque subitamente cessasse de crer em sua missão - era iluminado demais para ser um cético -, mas porque a morte pelos outros é mais difícil de suportar do que a própria morte. Jesus sofreu a crucificação, porque sabia que suas idéias só poderiam triunfar mediante seu próprio sacrifício.
(...)
Jesus poderia ter escapado facilmente à crucificação ou poderia ter se rendido ao demônio! Aquele que não fez um pacto com o demônio não deveria viver, porquanto o demônio simboliza a vida mais do que Deus. Se tenho do que me lamentar, é que o demônio raramente me tentou... mas também Deus não me amou. Os cristãos ainda não entenderam que Deus está mais distante deles do que eles de Deus. Posso perfeitamente imaginar a Deus se aborrecendo com os homens, que sabem apenas implorar, exasperado com a trivialidade de sua criação, igualmente desgostoso tanto do céu quanto da terra. E o vejo em fuga para o nada, tal como Jesus escapando da cruz... O que teria acontecido se os soldados romanos houvessem atendido à súplica de Jesus, se o tivessem descido da cruz e o tivessem deixado escapar? Certamente ele não iria para outra parte do mundo a fim de rezar, mas apenas para morrer, sozinho, fora da simpatia ou das lágrimas do povo. E, mesmo supondo que, pelo seu orgulho, ele não implorou por liberdade, acho difícil crer que esse pensamento não o tenha obsedado. Ele deve ter acreditado verdadeiramente que era o filho de Deus. Não obstante sua crença, ele não teria como não duvidar ou não ser tomado pelo medo da morte na hora de seu sacrifício supremo. Na cruz, Jesus teve momentos em que, se não duvidou de que era o filho de Deus, se arrependeu disso. Aceitou a morte unicamente para que suas idéias triunfassem.
Pode muito bem ser que Jesus fosse mais simples do que o imagino, que tivesse menos dúvidas e menos pesares, pois duvidou de sua origem divina apenas na hora da morte. Nós, por outro lado, temos tantas dúvidas e arrependimentos que nenhum de nós, sequer, ousaria sonhar ser o filho de um deus. Odeio Jesus pelas suas pregações, pela sua moralidade, pelas suas idéias e sua fé. Amo-o pelos seus momentos de dúvida e pesar, os únicos realmente trágicos de sua vida, embora não os mais interessantes nem os mais dolorosos, pois, se tivéssemos de julgar pelos sofrimentos, quantos outros antes dele não teriam sido mais dignos de serem chamados de filhos de Deus!

Emil Cioran - On the heights of despair - tradução de Renato Suttana

12/08/2006

"Daí veio um poste, algo bem mais convincente que um anjo ou um alien, me avisar pra viver cada dia, cada hora. De parar de antecipar os erros ou lamentar os acertos. Simplesmente, ir"

Alexandre Matias
Trabalho Sujo

12/07/2006

Força da capoeira





Neste sábado recebo outra corda na capoeira, desta vez a marrom e verde, o que me deixa orgulhosa e feliz. Claro, que ficaria mais feliz ainda se visse meus amigos lá... portanto esse post faz as vezes deum convite. Também vou dar uma de Maria Bonita, numa coreografia de xaxado. Vai ser no Memorial de Curitiba, dia 9 , às 14h30. O ingresso é R$2 (+1 kg de alimento)

aproveitando a deixa, tem texto novo meu, sobre este assunto, no Overmundo (www.overmundo.com.br)
Aí tá o link.
http://www.overmundo.com.br/revista/a-forca-que-vem-da-capoeira

A foto aí de cima é de uma tarde linda de sol, em um dos encontros pra treino extra do grupo. Quem tá jogando é o Boneco Milho e o Léo. No berimbau, ao lado do atabaque, está meu Mestre, o Kinkas e, logo depois do atabaque (tocado por mim, escondida atrás do Léo) estão Gabriel e a Áurea, outros dois "membros fundadores" do Grupo digamos assim, a esposa, amiga e parceira - e uma ótima professora de capoeira, xaxado, maculelê, samba, coco, frevo, etc...- e o filho dos dois, que também já é um capoeirista de prima.
Já me cobraram fotos minhas em ação, andaram até dizendo que essa história de eu fazer capoeira é engodo (risos)..... muito simples: é só aparecer em uma roda e verão...
mas, tudo bem, prometo em breve postar mais fotos e achar alguma comigo. Só deixa passar essa correria... mas, sábado é a grande chance de ver ao vivo e a cores (se minha pernoca deixar, porque ela anda me incomodando bem na semana do batizado...).
A festa vai ser linda!!!! té mais.
Iê: capoeira!

12/01/2006

E hoje...

...tem Folhetim Urbano no Porão, com Charme Chulo e outras bandas. vamo lá. e no Plano B tem uma entrevista legal com os caras.

11/26/2006

"Aquelas canções fizeram realmente a diferença"

"... E estou eu um domingo na casa da mesma namorada, deixando algumas músicas tocarem enquanto outras coisas se desenrolavam, e vem um arranjo simples e envolventemente belo me seduzir os sentidos, enquanto uma voz grave mas nada imposta murmurava: "são os dias engolindo as idéias / tempestade que não passa mais / ontem eu vi alguém que se ama / isso é raro e já não me toca mais". Aquilo pegou. Pegou como "Jukebox", do La Carne, pega - ou seja, é uma apertada firme e impiedosa no âmago, uma coisa que tortura aquele farrapo bem remendado que chamamos de alma. E que, ainda assim, enternece.

Não demora muito, uns "ooh... oo-ooh" tal como um U2 rasgado vêm me chamar a atenção para uma explosão que gente bacana já definiu como ingênua: "não feche os olhos pra sonhar / não pare para descansar / a vida segue e procura o fim / sozinha". Talvez seja ingênua mesmo, mas o que os farrapos do parágrafo acima tentam esconder é a ingenuidade de quem, mesmo não sendo tocado pela visão de "alguém que se ama", ainda se permite ver o hoje com um tesão e até uma esperança que fazem com que a palavra "futuro" possa até deixar de ser figura de linguagem. Algo poderoso, involvidável, urgente, preciso. E emocionante e necessário."

trecho do belo e tocante texto do Leo Vinhas sobre o disco do Folhetim Urbano, e do porquê da música ser tão importante pra certas pessoas, como a gente.
Lembro de um dia um amigo perguntando retoricamente: "cara, porquê será que a gente gosta tanto de som". Sei lá. acho que a música tem o poder de "aprisionar", guardar certos sentimentos, emoções que te atingem de forma indelével em determinados momentos da tua vida, como uma pequena cápsula sonora que a cada vez que você abre, te traz de novo aquelas sensações que te invadem e te jogam em uma espiral do tempo há ponto de certas canções se tornarem parte da sua vida, como se a tua vida fosse um filme e essas canções compusessem uma trilha sonora particular. Sobre a pergunta que o Leo faz: "O que é para alguém saber que, em algum lugar, alguém está pautando uma decisão baseada naquilo que aquela canção lhe trouxe? Ou mesmo saber que as emoções, sonhos e outras coisas se desenham no imaginário e no coração de quem está ouvindo algo que você compôs e gravou junto com amigos ou até desafetos?".

Não posso responder pelo Carlão e o Renatinho, mas posso dizer que se eu fosse eles estaria muito contente com o que você escreveu, Leo, como fico muito contente pela forma carinhosa a que você se refere a "Dizem". Com certeza, saber que a tua música tocou alguém dessa forma e a esse ponto é a melhor coisa que a gente poderia querer. É como se o ciclo que começa na inspiração que te vem, se concretiza na feitura e produção da música se completasse ao provocar essas emoções no ouvinte. (sei lá, não liguem se eu estou viajando demais na maionese, mas é o resultado de um fim de semana agitado pós-Kerouac do Bortolotto, churrasco na casa do Marcelo e da Paulinha, vômito na saída e um domingo tedioso de plantão no jornal). Faz valer cada segundo de perrengue, frustração, impotência e inadequação que a gente tá tão acostumada a enfrentar nesse caminho que as vezes até esquece o porque de se insistir em algo que parece muitas vezes tão sem sentido pra maioria.
Particularmente, e sem qualquer falsa modéstia, tudo o que eu queria com a minha música hoje e sempre sempre foi isso mesmo: causar nas pessoas o mesmo sentimento "quente" e avassalador que eu sentia quando ouvia as canções que me tocavam pessoalmente, como aquelas produzidas por gente que me é tão cara como Tindersticks, Arnaldo Baptista, Morphine, Mercury Rev e tantos outros. Sempre disse que o dia em que eu conseguisse isso, poderia morrer feliz. Sinceramente ainda não fiquei totalmente satisfeito com nenhuma das nossas gravações e tal (papo de músico, eu sei, mas eu não sou músico, então posso). Mas fiquei sim, muito satisfeito com a reação de certas pessoas (mesmo que não tantas assim), pessoas cuja opinião me é muito mais cara do que a da maioria dos "criticuzinhos-profissionais-descolados" que têm por aí. Porque são pessoas que eu sei, jamais falariam (ou escreveriam) certas coisas apenas para agradar (até porque não teriam nenhum motivo para isso, pois a maioria delas a gente sequer conhecia pessoalmente ou tinha uma relação de amizade próxima).

E também faço questão de dizer que hoje em dia, boa parte dessa trilha sonora emocional da minha vida é composta por canções de pessoas que eu tenho o maior orgulho não só de conhecer como partilhar da amizade e da parceria, como "Cachorro Magro" (Íris), ou "Simples" do Deus e o Diabo, várias do Blanched, e tantas outras que agora eu não lembro de cabeça agora. Por isso, sem qualquer tipo de demagogia posso dizer que hoje, entre as minhas principais "influências" (o palavrinha horrível), estão caras como Rubens K, Igor Ribeiro, Marcos Gusso Coelio, Camarão, Linari (La Carne), e por aí vai. Porque são caras que eu não só aprendi a conviver e respeitar e desfrutar da imensa generosidade, mas que principalmente, produziram canções que eu não consigo ouvir sem sentir um "travo" no peito, e uma mistura de sensações de ternura, angústia e terna melancolia, que preenchem os meus dias como uma moldura sonora, contando as nossas histórias, pra quem quiser e tiver a coragem de mergulhar nelas.
abraço Leo, e obrigado por fazer meu domingo melhor.

Leiam a íntegra do texto no blog do Leo. Vale a pena.

11/24/2006

Tomô, papudo!

Essa eu pesquei no blog do Douglas Dickel (Blanched). Achei muito legal:

Numa recente feira de informática (Comdex), Bill Gates fez uma infeliz comparação da indústria de computadores com a automobilística, declarando: "Se a GM tivesse evoluído tecnologicamente, tanto quanto a indústria de computadores evoluiu, estaríamos dirigindo carros que custariam 25 dólares e que fariam 1000 milhas por galão (algo como 420 km/l)".

A General Motors divulgou o seguinte comentário:
Se a Microsoft fabricasse carros:

01 - Toda vez que eles repintassem as linhas das estradas, você teria que comprar um carro novo.

02 - Ocasionalmente, dirigindo a 100 km/h, seu carro morreria na Auto-estrada sem nenhuma razão aparente, e você teria apenas que aceitar isso, sem compreender o porquê! Depois, deveria religá-lo (desligando o carro, tirando a chave do contato, fechando o vidro saindo do carro, fechando e trancando a porta, abrindo e entrando novamente. Em seguida sentar-se no banco, abrir o vidro, colocar a chave no contato e ligar novamente). Depois, bastaria ir em frente.

03 - Ocasionalmente a execução de uma manobra à esquerda poderia fazer com que seu carro parasse e falhasse. Você teria então que reinstalar o motor! Por alguma estranha razão você aceitaria isso como "normal".

04 - A Linux faria um carro em parceria com a Apple, extremamente confiável. Cinco vezes mais rápido e dez vezes mais fácil de dirigir. Mas apenas poderia rodar em 5% das estradas.

05 - Os indicadores luminosos de falta de óleo, gasolina e bateria seriam substituídos por um simples "Falha Geral ou Defeito Genérico" (permitindo que sua imaginação identifique o erro!).

06 - Os novos assentos obrigariam todos a terem o mesmo tamanho de bunda.

07 - Em um acidente, o sistema de air bag perguntaria: "Você tem certeza que quer usar o air bag?"

08 - No meio de uma descida pronunciada, quando você ligasse o ar-condicionado o rádio e as luzes ao mesmo tempo, ao pisar no freio, apareceria uma mensagem do tipo "Este carro realizou uma operação ilegal e será desligado!"

09 - Se desligasse o seu carro utilizando a chave, sem antes ter desligado o rádio ou o pisca-alerta, ao ligá-lo novamente, ele checaria todas as funções do carro durante meia hora, e ainda lhe daria uma bronca para não fazer isto novamente.

10 - A cada novo lançamento de carro, você teria de reaprender a dirigir. Coisa fácil: voltaria à auto-escola para tirar uma nova carteira de motorista.

11 - Para desligar o carro, você teria de apertar o botão "Iniciar".

12 - A única vantagem: Seus netos saberiam dirigir muito melhor do que você!

11/22/2006

Distância

Onde vai dar
essa distância
que alimento há tanto tempo
e me esqueço
como voltar
quem vai achar
a diferença
se a verdade se despede como farsa
no fim

vivo a cata de motivos pra estar vivo
só o existir me empurra pro abismo
as vezes o viver também
sabemos disso
os dias passando só pra preencher o tempo
como rabiscos num caderno antigo
não me interessam mais
embora me atropelem quase sempre

onde vai dar
essa distância
que alimento há tanto tempo
que me esqueço
como voltar
quem vai achar
a diferença
se a verdade se despede como farsa
no fim

o fim que chega toda manhã
quando você fica na cama dormindo sozinho
a tv ligada, as vozes, as luzes na janela aberta
mas eu só queria te contar uma história
voltar pra casa e lembrar cada detalhe escondido
seria belo e rápido como tudo que a gente
construiu e ruiu, no instante seguinte

onde vai dar
essa distância
que alimento há tanto tempo
que me esqueço
como voltar
quem vai achar
a diferença
se a verdade se despede como farsa
no fim

Texto de Ivan Santos, com Adri Perin e Rubens K para música do OAEOZ

11/21/2006

Hoje tem...

Jam Session com leitura de textos no Porão Loquax

Então, terça feira, 21/11 vai ter Jam Session com leitura de textos no Porão Loquax, espaço anexo ao Wonka Bar. Inicialmente a bagaça toda seria com o Mário Bortolotto, mas ele teve de voltar pra São Paulo resolver uns compromissos e só estará em Curitiba quinta-feira, 23/11, para Kerouac. É uma pena, mas isso acontece. Queria dizer que os livros do Mário vão estar à venda durante a Jam toda – É só falar com o Régis, que ele é o cara. Ficou assim:Terça-feira, 21/11, Jam Session com leitura de textos (o microfone estará aberto pra quem tiver alguma coisa a dizer), no Porão Loquax, espaço anexo ao Wonka Bar. Estão todos, músicos e poetas e quem mais vier, convidados.

Serviço:Jam/TextosA partir das 22:00Ingresso: R$ 1,99Espaço Porão Loquax fica anexo ao Wonka Bar: Trajano Reis, 326

informações/reservas: Fones – 3026-6272 / 3014-6252.


a gente vai tá lá
todo mundo intimado

11/17/2006

"Nova" internet

a frase é manjada, mas continua atual. "Cada vez que um deputado deixa de ter uma idéia, o Brasil melhora". A mais nova é essa história de "controle" da internet. O comentário mais legal que eu vi sobre isso ta aí nesse link abaixo. Uma charge que ensina "passo a passo" como usar a "nova internet". hilário. fiquei com preguiça de copiar então entra lá e confere. ótimas risadas.

http://d00dz.org/~gwm/internetbr.html

11/14/2006

Kerouac, Bortolotto, santos e desertores em Curitiba


Daqui até semana que vem, Curitiba finalmente terá a oportunidade de conferir in loco o trabalho do Cemitério dos Automóveis, grupo de teatro encabeçado pelo Mário Bortolotto, e que há dez anos não se apresenta na cidade. Eles vão apresentar duas peças “Keroauc” e “Homens, santos e desertores”. Faz tempo que eu tô a fim de ver isso. Já chegamos várias vezes a planejar ir até Sampa pra ver, mas os problemas de sempre (grana, trampo, tempo), acabou não rolando. Agora não vai ter desculpa. E com certeza vai ser muito legal.
Além disso, até lá também vão acontecer várias festas e tal que vale a pena conferir. O lance começa hoje à noite, no Porão Loquax, com o Marcelo Montenegro – ator do grupo – acompanhado pelos brothers Rubens K, e o Carlão (Folhetim/OAEOZ). Na semana que vem vai ser com o próprio Mário no mesmo local. Abaixo mais detalhes da história toda.

CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS EM CURITIBA
O Grupo “Cemitério de Automóveis” fundado em Londrina e atualmente radicado em São Paulo volta a Curitiba depois de 10 anos e traz dois espetáculos dos mais recentes.
O Grupo “Cemitério de Automóveis” é dirigido pelo Dramaturgo, Diretor e Ator Mário Bortolotto, mas o irônico é que justamente as duas peças que estarão sendo apresentadas em Curitiba não tem a sua assinatura na direção.
São dois espetáculos muito elogiados pela crítica paulistana.

HOMENS, SANTOS E DESERTORES
Um homem vive recluso em casa, cercado de livros. Um Garoto sente uma profunda identificação com o Homem e passa a freqüentar a sua casa. O Homem reluta em aceitar as visitas do Garoto por saber que não há saída para pessoas como ele.
A peça foi escrita em 2.002 e estreou em 2.003. Mário Bortolotto sempre afirma que trata-se do seu texto preferido. A direção ficou por conta da atriz Fernanda D´Umbra e os atores são Mário Bortolotto e Gabriel Pinheiro.

FICHA TÉCNICA
Texto : Mário Bortolotto
Direção : Fernanda D´Umbra
Elenco : Mário Bortolotto e Gabriel Pinheiro
Iluminação : Fernanda D´Umbra
Sonoplastia : Mário Bortolotto
Operação Técnica : Marcelo Montenegro
Direção de Palco e contra-regragem : Régis Santos
No Auditório Glauco Flores de Sá Brito (Mini-Auditório do Teatro Guaíra)
Rua Amintas de Barros, s/n – Centro
(próximo a Praça Santos Andrade)
De 16 a 19 de Novembro
Quinta a Sábado : 21h
Domingo : 20h
Ingresso : R$ 20
Estudante, Aposentados e classe artística : R$ 10

KEROUAC –
“Kerouac” é um projeto antigo da dupla Mário Bortolotto & Mauricio Arruda Mendonça. Os dois são escritores e fãs do escritor beat. Enfim eles conseguiram realizar o projeto.
“Kerouac” é um monólogo escrito por Mauricio Arruda Mendonça especialmente para o amigo Mário Bortolotto interpretar. Mostra o escritor Jack Kerouac, já velho e no final de sua vida. Ele está inchado de tanto beber e profundamente amargurado. Está casado com Stela Sampas, e mora na casa da mãe Gabriele, que está paralítica. Kerouac não é nem de longe o herói beat e com sede de vida do começo de carreira. É sim, um sujeito angustiado que não soube administrar todo o sucesso que teve depois da publicação de seu clássico “On the Road”. Está detonado, batido pelo peso dos anos, pelo fracasso literário, pela solidão, pelo álcool e pelas drogas. No começo da peça, Kerouac acaba de voltar de sua última viagem de carona, uma tentativa mal sucedida de repetir as façanhas de sua juventude. É madrugada do dia de natal e ele está tentando lembrar os fatos da viagem para escrever um novo livro e vender rápido para conseguir algum dinheiro. Durante o curto monólogo (a peça tem cinqüenta minutos), um cansado Jack Kerouac parece se empolgar às vezes com a história que está contando, mas logo cai em depressão. Ele alterna estados de ânimo que varia entre inocência, entusiasmo, paranóia e fúria alcoólica. A peça se passa na casa sombria onde Kerouac viveu seus últimos dias. Na peça Kerouac se queixa dos escritores, dos amigos, escancara seu lado francamente reacionário e religioso, sofre com a morte do amigo Neal Cassady e acima de tudo nos oferece um personagem demasiadamente humano, contraditório e por vezes, comovente.
Para dirigir o monólogo, Mário convidou o também amigo Fauzi Arap, diretor que já é um mito do teatro paulistano, tido como especialista na direção de atores. É dele por exemplo a primeira direção profissional do clássico “Navalha na Carne” de Plínio Marcos. “Kerouac” é o primeiro monólogo na carreira de Mário Bortolotto, que está com 44 anos e se sentiu muito à vontade na pele do personagem Jack Kerouac no fim de sua carreira. Kerouac morreu com 47, sozinho e abandonado. Totalmente ignorado em vida após o repentino sucesso de “On the Road”, hoje o escritor tem sua obra revista e cultuada por milhares de leitores que encontram em sua prosa espontânea uma das obras mais originais da literatura americana.

FICHA TÉCNICA
Kerouac
Texto de Maurício Arruda Mendonça
Direção : Fauzi Arap
Com Mário Bortolotto
Iluminação : Fauzi Arap
Sonoplastia : Mário Bortolotto
Operação Técnica : Marcelo Montenegro
Direção de Palco e contra-regragem : Régis Santos
Serviço : No Auditório Glauco Flores de Sá Brito (Mini-Auditório do Teatro Guairá)
Rua Amintas de Barros, s/n – Centro
(próximo a Praça Santos Andrade)
de 23 a 26 de Novembro
Quinta a Sábado : 21h
Domingo : 20h
Ingresso : R$ 20
Estudante, Aposentados e classe artística : R$ 10

PORÃO LOQUAX
Dois integrantes do Grupo que também escrevem e interpretam poesia irão aproveitar a estadia para fazerem apresentações com seus poemas no Porão Loquax.
No dia 14 – Marcelo Montenegro lê seus poemas acompanhados por Rubens K (Terminal Guadalupe/Iris), no contrabaixo e Carlos Zubek (Folhetim Urbano/OAEOZ), na guitarra.
No dia 21 – é a vez de Mário Bortolotto ler poemas de sua autoria, também acompanhado por Rubens K (Terminal Guadalupe/Iris), no contrabaixo e Carlos Zubek (Folhetim Urbano/OAEOZ), na guitarra.
Mário estará lançando, em Curitiba, seu livro “Atire no Dramaturgo”, com crônicas e poemas escritos no blog de mesmo nome, mantido pelo autor .

- Livro ''Atire no Dramaturgo'' de Mário Bortolotto. Atrito Art Editorial, 240 páginas, R$ 30,00.

Serviço:
A partir das 22:00
Ingresso: R$ 1,99
Espaço Porão Loquax fica anexo ao Wonka Bar: Trajano Reis, 326
informações/reservas: Fones – 3026-6272 / 3014-6252

Rubens,

meu, eu, outra vez meio atrasada. meu ritmo anda mais lento e tô gostando disso, quando não consigo desacelerar me cobro, e assim vou caminhando. quando esses escritos bonitos chegam perto, eu fico até meio assim, me mexendo na nostalgia e pensando que algumas lembranças valem mesmo muito, esses barulhos que são a gente, essas conversas sem sentido (?) que mostram um pouco mais do que somos, mesmo que a gente não saiba nada muito direito.
eu penso muito nos meus amigos, meus amores, minhas saudades, esses buracos que esses cachorros magros fazem nos corações da gente enquanto a gente larga, descuidados, nossos sentimentos pelos botecos desse "nosso"mundão...aliás, na esquina de casa tem o seu Kavo... também tem uma praça onde onde quero fazer uma roda de capoeira. tem vizinhos simpáticos e nos domingos a tarde alguns jovens encostam seus carros em frente a uma loja e, pelo jeito, gostam de funk carioca. as pessoas conversam com você no ponto de ônibus (agora não sou eu sempre a puxar conversa....) e parecem tão solícitas, cuidadosas.... gosto do meu novo bairro... o Abranches... joguei fora muitos papéis, mas muitos foram comigo. remexi pensamentos, encerrei fases e abri a janela pra nova estação da lua ("tenho fases como a lua"... né Cecília!)
eu também penso muito em alguns planos, em ter algo na vida. mas, sinceramente, acho que já tenho muitas coisas na vida, as mais importantes, inclusive, mesmo que as vezes até elas escapem sob essas nuvens cinzas que também fazem meus olhos arder e eles ardem quando leio um recado de amizade que tambem sabe ser de amor.
eu penso em canções, nas belas canções largadas no meio do caminho que passam despercebidas para muitos, mas não por mim. elas sempre dão um jeito de me acertar, as feitas pra mim, e me deixam assim, como as tuas palavras inspiradas nos nossos dias... querendo escrever, querendo cantar, querendo tocar baixo... querendo e sendo...desse jeito mesmo, do meu jeito desajeitado, demodê tantas vezes, acelerado que quer parar um pouco. elas, canções e palavras largadas, me servem de combustível pra encarar tanto papel na minha frente e as caixas de papelão parecem não querer me largar nunca mais, e as árvores então... nem vou falar muito delas.... hoje elas embalam mais ainda os meus dias, cantando entre os vãos da janela fazendo um lindo backing para a roquidão dos ventos
ah... os ventos, claro que o meu canto tinha que ser com vento e a chuva cantando pra mim... um dueto incomparável, são eles que quebram meu sossego... não lembro de tantas conspirações pra dar tudo certo em minha vida, como as de agora... claro que não tá tudo perfeito, mas, na real, tá sim....


e hoje começa a temporada Cemitério de Automóveis em Curitiba, no Wonka, com Marcelo Montenegro (Rubens e Carlão). Vamos ver duas peças de Mário Bortolotto que há tempos ensaiamos, né ivan, ir pra sampa ver, Kerouack e Homens, Santos e Desertores, a partir de quinta. Imperdível, no mini auditório do guaíra, um teatro bem simpático. Nos vemos lá.

abços com cheirinho de amizade. (ps. inspirados na Geisa).
adri

11/09/2006

As histórias não são iguais


“Quem aqui pode me dizer o quanto se morre pra poder viver?
Pensa que você pode ver quanta mentira consegue te convencer? (...)
Quem aqui que pode se lembrar da última vez que teve medo de chorar?
Quem sabe como é que se faz pra uma vontade se curvar? (...)
Quem aqui pode me dizer o quanto se paga por não esquecer?”

Uma das coisas que considero mais importante pra gente que tá nessa de música, de produção cultural e tal é o registro daquilo que se produz e vive nesse caminho. Sim, porque, muitas vezes a gente tá tão envolvido na feitura da coisa que não se toca da importância de registrá-la. Ou até porque não se dá valor suficiente para achar que esse registro seja importante. E isso muitas vezes faz com que coisas extremamente importantes e de grande valor/relevância artística caiam no esquecimento ou se percam no tempo, sem que tivesse ficado um registro com o mínimo de qualidade para que outras pessoas depois pudessem tomar conhecimento daquilo. O problema é que no Brasil, um País tradicionalmente sem memória, e que sofre da síndrome de vira-lata, esse tipo de registro sempre foi precário, para não dizer, quase inexistente. Ainda mais quando se trata de música pop (ou rock) – um gênero bastardo por excelência e até hoje visto como algo “menor” em termos artísticos. E se é assim com coisas já consagradas, pelo menos pela crítica, imagine então o que acontece em relação a manifestações contemporâneas, como a cena rock independente de uma ou duas décadas atrás, da qual a gente, queira ou não, fez ou faz parte.
Por isso, trabalhos como o livro “La Carne: Desconhece o rumo mas se vai”, escrito pelo jornalista Fernando Lalli, ganham uma relevância tão grande e mostram que apesar de mesmo a gente não se tocar ou não botar fé, o fato é que a história não é um livro embolorado sobre figuras mortas. A história se faz aqui e agora, todo dia. E as nossas histórias não só valem a pena, como devem ser contadas, nem que for pra que a gente mesmo se reconheça e se descubra. Pra quem ainda não sabe, o livro foi escrito como trabalho de conclusão de curso pelo Lalli e conta a história da banda osasquense da qual a gente virou fã, irmão, parceiro desde que conhecemos e tivemos a oportunidade de dividir o palco e mesas de bar. Mas o mais legal é que o Lalli (mais conhecido como Boi) teve a competência e sensibilidade para fazer um livro reportagem que vai muito além do que simplesmente contar a história da banda. Com um texto fluente, claro e ao mesmo tempo emotivo, o Boi conseguiu fazer um livro que interessa mesmo para quem nunca ouviu falar ou não gosta do La Carne. Sim, porque o texto consegue ir à fundo em questões que vão desde o imaginário das populações que vivem nos subúrbios dos grandes centros urbanos brasileiros, a formação cultural dessa população, o choque entre gerações de jovens adolescentes nascidos crescidos ainda no período da abertura e da ética do trabalho de seus pais carregada de repressão e incompreensão. É muito legal, por exemplo, saber um pouco mais da história de Osasco, e de como o Linari, filho de pai alagoano, resistiu de todas as formas em aceitar os planos que a vida de filho de classe operária conformada tinha pra ele, representada pela escola do Senai, destino de quase todos os que estavam na mesma condição. E lembrar que eu mesmo saí de situação análoga, filho de cabelereira que planejava pra mim o destino de escriturário do Bradesco, uma casa do BNH na periferia de Paranavaí, e um fusquinha e uma mulher barriguda de preferência Testemunha de Jeová. Ou de quando o Linari pela primeira vez sentiu o gostinho do palco fazendo uma peça de teatro no colégio, e recebeu como reação a hojeriza da família, para quem ter um “artista” em casa era motivo de vergonha. Me lembrei da minha primeira “peça” na 5ª série em Jacarezinho, e de quando eu pedi um violão pra minha mãe mas ela disse que antes de comprá-lo eu teria que aprender a tocar (como aprender a tocar sem ter o instrumento é coisa que eu até hoje não entendi). Enfim, o mais legal de ler esse livro – além é claro da emocionante história desses caras – é poder perceber que a gente também tem muitas histórias pra contar. E que elas estão por aí, a espera de alguém que tenha sensibilidade para percebê-las, recolhe-las e trazê-las à tona. O problema é que a gente mesmo as vezes não percebe isso, porque não se dá valor, não acha que a nossa história seja relevante, tenha alguma importância. Que história mesmo é aquela coisa Pedro Alvares Cabral e tal ou de figuras já consagradas. E deixa essas histórias morrerem na penumbra do tempo, esquecidas.
Por isso desde que a gente começou a fazer o Rock de Inverno, colocou como prioridade registrar tudo em vídeo e de preferência também em áudio – o que depois acabou se transformando em três videos-documentários das três primeiras edições do festival, além de outros dois que a gente ainda pretende produzir e lançar assim que puder. E pra mim, particularmente, isso é tão ou mais importante do que o evento em si. Porque os festivais, os shows, é aquela coisa, que foi, tava lá viu, beleza. Agora o registro fica pra sempre e pode atingir muito mais gente que nem sabia que isso existia. E se no futuro, daqui sei lá 50/100 anos, alguém quiser saber algo sobre um pouco do que um grupo de malucos tava fazendo pra espantar a mediocridade nessa cidade, vai poder ter acesso esse material.
Voltando ao livro do Boi, me deixa muito orgulhoso também saber que a gente humildemente fez e faz parte da história dessa que não é só uma das melhores, ou a melhor banda de rock do Brasil, mas mais do que isso, um grupo de caras que faz a gente ainda ter esperança de que a humanidade não seja apenas um bando de cães brigando pela sobrevivência e querendo ver o oco dos outros, querendo se dar bem a qualquer custo, mesmo que isso signifique pisar nos outros. Foi muito bom ler os trechos em que ele fala do La Carne tocando aqui com a gente, e mesmo depois de todo o perrengue do Rock de Inverno 4, terem ficado ainda mais próximos justamente por saberem da sinceridade de tudo o que a gente sempre quis fazer:

“O festival Rock De Inverno 4, que aconteceria nos dias 30 e 31 de agosto em Curitiba, foi cancelado. Por falta de alvará de funcionamento, a casa onde aconteceria o festival não poderia abrigar os shows daquele fim-de-semana. Depois de uma viagem desgastante, de Osasco até a capital paranaense, com um congestionamento de 40 km devido a um acidente na Rodovia Régis Bittencourt, essa seria a pior recepção possível para o La Carne. No entanto, os organizadores Ivan Santos e sua mulher Adriane Perin conseguiram, no mesmo dia, mudar as apresentações para outro local, a casa Motorad. Eles tocariam no domingo, seriam a segunda banda da noite.
A despeito dos problemas inesperados com o festival, a solicitude e amabilidade com a qual o La Carne foi abraçado em Curitiba foi algo que marcou a banda – mesmo antes dela subir ao palco: na casa de Ivan, alternavam-se jam sessions ao violão e no estúdio, churrascos, bebidas e muitas histórias contadas por gente calejada pelos palcos da vida. E quando chegou a noite no Motorad, veio a recompensa em um show que a banda lembra como um de seus melhores.
E que Ivan também lembra com carinho:

– Foi uma catarse geral, porque por todos os problemas que aconteceram com o festival, o show deles acabou “lavando a alma” e nos aproximando ainda mais desses caras.

Mas restava um problema: Carlos e Sidney, que trabalhariam no dia seguinte, tinham passagens compradas para o ônibus das 23h20 – e o show terminara pouco antes das 23h. E a rodoviária estava do outro lado da cidade. Ambos jogaram seus instrumentos de qualquer jeito em seus bags, correram para a carona que os esperava do lado de fora do bar e partiram, cruzando sinais vermelhos e pervertendo todos os limites de velocidade das ruas de Curitiba. Os dois chegaram ao ônibus quando as três últimas pessoas da fila embarcavam. Sentaram em suas poltronas, encharcados de suor do palco e, ainda ofegantes, partiram para São Paulo. Seus respectivos empregos os esperavam a partir das 8h da manhã seguinte.”
(La Carne: Desconhece o rumo mas se vai - PARTE QUATRO: Contra a Corrente)

Ou dele falando do retorno triunfal da banda no Rock de Inverno 6 (a vingança):

“Mas, em um universo onde platéias em números de três dígitos são muito comemoradas, pode-se dizer que o La Carne é, sim, uma banda idolatrada em Curitiba. Idolatrada por um público que ansiava por bandas que não seguissem padrões da moda, que foi cultivado pelos festivais Rock De Inverno. Também teve importância nesse processo o próprio selo De Inverno, que apoiava inúmeras bandas de talento pouco reconhecido – incluindo a banda do “patrão” Ivan, OAEOZ, cujo disco Às Vezes Céu, lançado em 2005, foi unanimemente elogiado por sites na internet, e jornais e revistas locais. Era um foco onde a música verdadeiramente independente de convenções acontecia, onde o La Carne se sentia em casa.
Rubens K, o primeiro disseminador do som da banda entre seus amigos no Paraná, esteve a quase todos os shows que seus amigos fizeram em sua terra natal, e, assim como Leonardo, foi testemunha ocular da catarse que os shows produziam no público. – O que eu me lembro? Do barulho de todos no bar cantando. De todas as pessoas pulando e se abraçando. De uma mina comprando cerva e jogando na cabeça. Do Carlinho emocionado, porque deve ter achado que as coisas que ele faz não mexem com o coração dos outros, e via que estava enganado. Do amplificador pedindo “arrêgo”. Da voz do Linari sumindo, mas a gente continuou o refrão.”

Enfim, são essas coisas que fazem a vida valer a pena. Parabéns ao Fernando “Boi” Lalli por ter encarado essa tarefa e a desempenhado com louvor. E aos La Carnes, que foram capazes de superar muita coisa pra que essa história pudesse existir e ser tão bem contada. E que todos nós tenhamos a força pra continuar produzindo e quem sabe, em um futuro não tão longínquo, também colocarmos no papel (e em vídeo, e em fotos, e em áudio) as nossas próprias histórias, nem que for só pra mostrar pros filhos e netos.
Ivan

11/08/2006

Cascadura no Jô

Olha só o aviso que eu recebi:

"AMIGOS,HOJE, DIA 08/11/2006, QUARTA FEIRA, O CASCADURA ESTARÁ SE APRESENTANDO AO VIVO NO PROGRAMA DO JÔ.NÃO PERCAM!!!!"

Para os dias de mudança...

(do nosso irmão e parceiro Rubens K)

A maior parte dos problemas deixados pra lá, na poeira que molda o contorno dos móveis e das caixas com coisas que foram guardas há muito tempo, prevendo, quem sabe, o agora. Meus sapatos estão velhos. Estou como eles, cansado de pisar os mesmos caminhos de todo o sempre, mesmo que dê uma volta maior pela quadra. A porta aberta, o quintal quase sem plantas, a grama alta, meu bunker contra os estrangeiros que passam intrigados em frente ao portão. Acabou a minha munição. Ainda bem que não podem ver isso. Gosto que pensem que posso ser muito mais perigoso que a minha aparência. Também gosto de mulheres morenas, de cabelos curtos, de preferência que dê pra ver a nuca. Gosto de mulheres que vestem jeans descompromissados, que usam camiseta branca, sem nada escrito. Gosto disso, mas não implico com os vestidos, com as diversas blusas, com o excesso de peso abstrato que nunca vejo, com a tintura no cabelo. Não implico. Gosto quando elas riem e quando elas choram. Gosto quando elas envelhecem. Gosto dos extremos das suas personalidades. Isso é uma coisa que não acho que vá mudar. Tem muita coisa aqui dentro que não vai mudar, vai ficar aqui mesmo. Isso por um lado é bom, mas por outro... São coisa que juntamos uma vida inteira e quando partimos não sabemos o que fazer com elas. Sou uma grande casa velha cheia de ruídos que aprendi a gostar e não consigo mais dormir sem eles. Sou um quintal esburacado pelo cachorro. Sou uma janela suja que não abre mais. Sou a chaminé sem os dias de frio. Sou eu olhando pra fora agora.

Rubens K

11/01/2006

"Sad Days" - Wandula & Patti Smith



e aí, mais um belo trabalho do nosso sócio-honorário, Marcelo Borges. Wandula no Rock de Inverno 5, executando a bela e tocante balada psico-acustic-trance "Sad Days". Simplesmente um clássico. O som ainda tá meio estranho, mas mesmo assim vale a pena ver. E depois que a gente editar e mixar esse áudio, filho, vai ficar, muito, muito foda. quem viver (ouvir)verá.



e ontem, na pedreira, tivemos mais um daqueles encontros mágicos com a música. Patti Smith e seu grupo são daqueles caras que fazem você ter vontade de subir num palco. E de que um show nunca terminasse. simplicidade, bom gosto, cara limpa e coração nas mãos. ainda estou sob o impacto, não caiu a ficha direito. e o melhor de tudo, aqui, do lado de casa. muito bom.

10/25/2006

Uma fantasia rock n´ roll

Jornal do Estado

Cultura
Livro

A jornalista Ana Maria Bahiana, autora de Almanaque anos 70, é a convidada a bater um papo hoje

Adriane Perin

Foto: Reprodução

Brinquedos, novela, carros, a banda Vímana, o programa Vila Sésamo: boas lembranças

Ela não é uma mulher agarrada ao passado. Nostalgias e aquelas conversas que começam com “naquele tempo era melhor.....” não fazem a sua cabeça. Mas, ironicamente, é do passado que tratam as mais recentes em recentes empreitadas da jornalista Ana Maria Bahiana: no cinema, 1972, filme na qual divide produção, argumento e roteiro com o companheiro de longa data, o também jornalista, José Emílio Rondeau; e o livro Almanaque Anos 70. Este último é o mote da vinda dela para projeto Sempre um Papo, no Teatro da Caixa. O título faz parte de uma série da Ediouro e foi feito incrivelmente rápido, de junho a janeiro, contou ela em entrevista por telefone. Alto astral, Ana Maria é boa de conversa e parece que o papo poderia se estender tarde adentro. Mas, temos tempo limitado, então concentramos o conversê em seus projetos, inevitavelmente, passando pelo jornalismo.O trabalho no Almanaque começou junho e trouxe um mergulho no passado. “Fiquei full time nos anos 70, o que foi muito estranho porque não é da minha natureza, não sou saudosista, não penso no passado e quando começa aquela papo de ‘naquele tempo era bom’, corto imediatamente”, diz. Em agosto “se mudou” para o Arquivo da Cidade, no Rio, “graças a generosidade da diretora e com a proteção das bibliotecárias. Eu entrava às 8 e saia quando o segurança me achava”. Primeiro mandou descer tudo que diz respeito a tal década e foi fazendo uma varredura no que foi publicado entre 70 e 79. “Procurava caras, celebridades, anúncios, tendências, gíria, a minúcia - e assim nasceu o copião do livro”, conta, sobre o livro de quatrocentas e poucas páginas, um levantamento divertido dos psicodélicos anos 70. As emoções foram fortes e pararam, também, em dias tristes, cheios de lembranças de amigos que não estão mais aqui. “Foi uma geração muito sofrida, tanta gente foi embora cedo demais”. O mais incrível, diz, foi o “outro” Brasil. “Cada um vivia a sua turma, não importava a questão geográfica. Quando eu vi umas propagandas da Operação Pulso, Mobral foi fascinante porque era outro mundo, do qual a gente, na época, não queira saber mesmo. Não tomávamos conhecimento do mundo dos caretas”.


A exigência pela mediocridade

Não dá para conversar com Ana Maria Bahiana sem falar de jornalismo. A chegada da edição nacional da revista Rolling Stone - de cuja primeira versão ela foi secretária de redação - a deixou animada porque ela é do tipo que gosta de revista com texto de verdade. Mas, pondera, esta de agora é diferente da de 34 anos atrás. “Não teria sobrevivido sem mudar. A pedra rola, são outros desafios, o leitor é mais fugidio. Fazer uma revista em papel hoje é muito mais dificil”, nota. Pode não parecer, mas o mercado atual é menor, proporcionalmente falando. “A revista vendia 25 mil exemplares, que equivalem a 250 mil hoje. Eu mesmo, compro 3 revistas ao ano, antigamente eram 3 ao dia. Até me esforço, páro em frente as bancas e fico procurando, mas não acho o que me interesse”. Com isso pena também o jornalismo. “É uma tendência mundial, só que em nenhum lugar se manifesta como aqui. Olha que rodei o mundo e vejo muita celebridade, mas também encontro boas revistas de verdade. Aqui não”. A situação chegou ao ponto de uma jornalista do gabarito dela se considerar desempregada. “Estávamos até brincando - eu, Giron, Maria Lucia Rangel e Sérgio Augusto, nesse final de semana - que somos espécie em extinção. Deveríamos criar a fundação ‘mico leão dourado do jornalismo’, ter nosso corpos empalhados”, zoa ela. O jornalismo brasileiro que já foi capaz de grandes publicações - Realidade, Bondinho, Senhor, O Sol - hoje não dá espaço para a criatividade na escrita, avalia. “ Me dói ver que existe uma exigência de mediocridade. A realidade leva até o mais talentoso jornalista a baixar o nível para sobreviver. E a grande contradição é que a única maneira de sobreviver ao longo prazo é buscar a excelência”. Enquanto isso, ela vai escrevendo livros, “meu primeiro e mais antigo amor”, conta, adiantando que tem projetos até 2009. (AP)


Um filme sobre acreditar na vida e nos ideais

O filme 1972 também se passa nos anos 70 - e muito se falou que seria a história dela e Rondeau. Mas não é. Trata de um jovem casal descobrindo a vida. “É em super 35, uma geometria de imagem incomum no cinema brasileiro”, explica ela. “Os personagens são fictícios, nos conhecemos muito tempo depois, mas vivemos aquele tipo de vida”, completa. A vontade de fazer coisas que nunca fez é que a move. “Queríamos escrever um filme sobre rock nos anos 70, sobre Brasil, não tinha nada. Um dia virei pro Zé e disse ‘é mais fácil você fazer do que explicar para outro”, lembra. E assim a história foi tomando conta do casal e os personagens se tornando reais. “O mais difícil é levantar o dinheiro. Mas até nisso fomos abençoados, teve uns malucos que acreditaram, a Buena Vista, Petrobrás”, diz, sobre o filme que foi muito bem recebido.1972 não faz reverência a estética que anda dando o tom das produções brasileiras.. “Não é angustiado, nem pessimista. É sobre acreditar na vida, nos seus ideais - demodê isso, né? Também já vi críticas dizendo que é ridículo, isso faz parte. As pessoas vão a festivais esperando filmes cínicos e nós celebramos a juventude, o amor, a alegria, a esperança, mesmo com uma históri em um momento mais horroroso do Brasil. É uma fantasia rock’n’roll”, diz sobre o filme que deve chegar a Curitiba até janeiro. (AP)

Serviço: Sempre um Papo com Ana Maria Bahiana. Hoje às 19h30. Entrada franca. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280). Informações: (41) 2118-5233.

10/24/2006

Aos amigos de verdade

Nós temos o nosso próprio CBGB, e mesmo que ele também já não tenha sempre as nossas bandas no palco, continua sendo "o lugar" muito especial. Por isso mesmo é lá que quero celebrar a entrada em outra primavera. Então, não aceito não como resposta. Nos vemos logo mais a noite no 92 Graus. Tá todo mundo me perguntando quem vai tocar, quem vai tocar.... pô, vamo lá, daí a gente vê o que faz. Sabe que os vizinhos não tão querendo essa barulheira que a gente gosta,né? E cês tão com tanta saudade assim de alguma produção da de inverno que tão querendo me por pra trabalhar mais ainda hoje?E também tive coragem de intimar o JR, amarelei. À priori, quem tiver a fim leva uns discos pra gente por rolar.... Vamos lá, celebrar os amigos de verdade.

10/18/2006

O que resta é o futuro: o CBGB fechou




Eu nunca fui lá, nem na cidade dele, mas conheço um pouco do que fez sua história e conheço alguns equivalentes daqui, bem pertinho da gente. A Folha deu a notícia hoje: CBGB "o lugar" do punk em Nova Iorque fechou na segunda. A honra (com muita tristeza, é verdade!) de fazer o último show foi a diva que em breve veremos bem de perto, Patti Smith. Ela foi um dos que começou sua história lá e encerrou a fase acompanhada de bons amigos, o Flea e o Richard Loyd, do Television. Eu não pude evitarque um certo vazio invadisse meu coração, enquanto seguia para o trabalho, lendo o jornal,em pé dentro do ônibus. Algumas pausas, lembranças de livros lidos, de histórias contadas, do 92 Graus, do Lino's... é o tempo passando. Patti Smith diz que outros virão, que a meninada encontrará outros clubes.... é assim mesmo. fases se encerram para que outras entrem em nossas vidas. Também tô assim, na próxima terça completo mais doze meses viva, foram doze meses mais calmos, sem algumas coisas que se tornaram importantes pra mim, longe de algumas pessoas importantes nos meus dias, mas ao mesmo tempo uma linda, mas tão linda janela se abriu. Ela não tem mais as janelas azuis, ainda nem sei a cor, tô só levando... a única certeza que sinto é que outro ciclo começa. Que bom que continua sendo ao lado do meu amor, dos meus amigos (estão faltando alguns, né marcelinho - e outras que não querem mais falar comigo, né Lu: que triste, não tem nada de lindo, é só triste)... a vida é assim?
Parece que bateu na minha porta aqueles dias que precedem a virada, quero falar com pessoas importantes, quero estar com as pessoas que amo, quero só pensar no futuro,agora. Depois do seu show, o último do CBGB, Patti Smith entregou pro fãs buttons que diziam: "O que resta é o futuro". Depois do punk, depois de mais um ano, depois de tantos anos, depois de tantas histórias, de tantos sentimentos, alegrias, tristezas, raiva,frustração, só o que resta é futuro....

adriperin

10/11/2006

Um brinde ao OAEOZ

Flagrante de um dos primeiros (se não o primeiro) ensaios do OAEOZ no quartinho do meio da casa do Campina do Siqueira: notem a indumentária da figura.




exatos nove anos, o ivan, o camarão e o igor chegaram lá na casa das jabuticabas para o primeiro ensaio, nesse quartinho (aí ao lado), da casa onde o disco Dias foi gravado num super astral, com a gente cuidado pro calor não detonar o equipamento do Lúcio. Naquele 11 de outubro de 1997, provavelmente um sábado a tarde, nascia. Saia de cena (mas jamais das minhas melhores lembranças e da minha fonte de inspiração) o Dusty, embrião d’OAEOZ, que tinha o rubens k junto com o ivan e o igor. Sinto que a gente não esteja celebrando isso junto hoje, mas eu sei que tem várias pessoas que estão. Muita coisa mudou, mas eu não desisti de ver, pelo menos, mais um shows de vocês esse ano ainda.
Acordei pensando nisso. Aliás, ontem, também lembro de ter pensado nisso, antes de dormit. Eu que já vinha tendo idéias mirabolantes pra comemorar a primeira década da banda, me pego aqui lembrando que o ritmo está sendo lento demais neste 2006.
É frustrante sim, quando a gente se coloca desse jeito num projeto e ele pára, mas também é preciso pensar que é só a pausa que segue apertada.
De minha parte, eu só queria dizer que as canções dessa trupe - trio várias vezes, quarteto, quinteto - continuam no meu case, me acompanhando nas caminhadas embaixo das garoas frias de curitiba, sussurrando nos meus ouvidos doces palavras de aconchego e de ânimo em manhãs que não mereciam ter acordado; me empurrando pra outra empreitada; me dando vontade de fazer coisas, de sentir coisas, de viver coisas.
Deve ser o fim de um ciclo. Até a de inverno vai mudar de casa, vai pra sua própria casa, vai poder por parede abaixo, colorir até o telhado se quiser, plantar novas árvores... isolar paredes, impregnar novos bairros...

Foto divulgação do disco Dias, feita por Paulo Camargo, na janela do sótão da casa do campina: éramos tão jovens e tínhamos todo o tempo do mundo.


É isso que eu quero pro OAEOZ, que a gente possa conviver mais alguns anos juntos, com nossas novas descobertas, com as outras dúvidas que por certo virão, achando que achamos algumas respostas e perdendo todas as certezas logo ali adiante.
Porque quando eu ouço uma nova canção, fico num estado emocional tão forte, por vezes, devastador, mesmo, que me tira o chão, de deixa zonza, provoca um transe. E quando ouço aquelas primeiras e tortas gravações, então, na solidão do fone de ouvido indo pro trampo, andando de ônibus... é um negócio estranho, mistura tantas histórias, tantos momentos dos meus quase 36 anos, que é assustador, se dar conta da força de uma canção que é tão próxima da minha existência. É o que eles cantam e tocam. É o campo magnético, muitas vezes mágico até, que se cria – com a gente.
Acabei lembrando de tantas pessoas que passaram pela vida da banda nesse tempo, a primeira fã número 1, a Aninha (claro que eu deixei ela ser “fã n º 1” por um tempo, né). A passagem do Eduardo, as primeiras gravações, as primeiras capas de fita cassete, decidir imagem, acertar tudo (e sempre faltava alguma coisa nos créditos). Os fanzines (lembram disso?deliciosas viagens. Aliás, o melhor de todos, com o ivan contando a “nossa” história continua no boneco). Tardes e tardes inteiras em ensaios que se estendiam até a noite, desciam as escadas e se espalhavam pela casa e pelo jardim. Os cachorros novinhos; a manuela, passeando em cima dos cases de instrumentos (tem uma foto linda disso), a minha doce tatu... pra mim tudo isso é oaeoz. Se mistura com a minha vida. Os anos passaram e continua me dando vontade de fumar um cigarro e beber alguma coisa quando eu ouço uma cancã dessa banda, a mais especial de todas pra mim.
Enfim, hoje é o aniversário d’oaeoz. E eu não desisti de ver, pelo menos, mais um show de vocês, ainda este ano. Eu quero vida longa pr’OAEOZ.

adriperin

Onde é que está meu rock n roll (será que eu vou virar bolor?)

Como dizia aquela antiga propaganda, o tempo passa, o tempo voa... (e a poupança Bamerindus foi pra puta que pariu). Se fosse uma pessoa, o OAEOZ estaria hoje quase saindo da fase criança para entrar na pré-adolescência. Estamos completando nesta quarta-feira nada menos do que nove anos desde os primeiros passos da banda. Talvez isso explique a fase complicada que a gente vive hoje, já que é ao chegar a pré-adolescência/adolescência que em geral a vida parece ficar de ponta cabeça, e todos os complexos e incertezas da vida te atingem em cheio como um raio.
Foi lá no agora distante 11 de outubro de 1997, um sábado, que eu, o Igor e o Camarão nos reunimos pela primeira vez, na casa verde do Campina do Siqueira para a qual eu e a Adri havíamos na época acabado de nos mudar. Lembro que os primeiros ensaios foram no quartinho do meio da parte de baixo da casa. Mais tarde, iríamos passar a ensaiar no sótão, bem mais amplo e arejado.
Vista da parte da frente do quintal da casa do Campina do Siqueira, onde o OAEOZ "nasceu": tempos de ensaios longos, jams e ambiente bucólico.
No começo, como não tínhamos bateria, emprestávamos a batera do Rodriguinho (ex-Acrilírico, hoje no Gruvox). Nesse início também não tínhamos baixista, nem sequer nome para a banda, tanto que as fitas em que eu gravei os primeiros ensaios eram identificadas como “ICI” - ou seja, as iniciais de Igor, Camarão e Ivan. O nome só viria depois, escolhido de uma lista feita às pressas por mim e pelo Igor às vésperas do primeiro show, na lendária república da família peixe-cachorro. Lembro que entre as opções dessa lista tinha ainda “Os Arnaldos” (óbvia homenagem ao Arnaldo Baptista; depois fiquei sabendo que tem uma banda com esse nome em Porto Alegre).
O quartinho do meio da casa do campina, onde fizemos os primeiros ensaios do "ICI", depois OAEOZ: notem a sofisticação do colchoado pendurado em frente à janela para abafar o barulho.

Nessa primeira fase também tivemos por um período um violinista, o Eduardo, amigo do Igor, que saiu depois da gravação da segunda demo: De Inverno, de 1999. O Rodrigo Zóio entrou no início de 1998, e rapidamente se incorporou a banda e à nossa turma com seu jeito desencanado. Lembro ainda do primeiro ensaio com ele. No início, achei que não ia rolar, mas logo o cara foi se soltando e a coisa se encaixou perfeitamente.
O sótão da casa do campina visto de fora: espaço e ensaios embalados pelo vento e pela chuva. Também foi aí que a gente gravou o Dias (2001).
Foram bons tempos em que a gente tinha muito mais facilidade pra se encontrar e fazer música. Chegávamos a ensaiar três vezes por semana, e a fazer uma média de dois shows por mês, tocando em tudo quanto é moquifo ou lugar de Curitiba que abrisse espaço pra som próprio. (James, Café Beatnik, Café Curaçao, Cafénobule, QG Bar, Bills, e por aí vai). Fora que os ensaios de sábado eram verdadeiras jams que duravam até quatro horas.
Como eu disse, o primeiro show foi na casa da família peixe-cachorro. Aliás os dois primeiros foram lá, um deles abrindo para os Magnéticoss. Também fomos a primeira banda a tocar no James, quando o bar ainda tinha sido recém-aberto.

Os primeiros dois shows do OAEOZ foram na república da Família Peixe Cachorro: aí do lado uma coletânea de fotos de um deles, com direito a fogueira, malabares e tudo o mais.
Outra coisa que ficou na minha mente era a forma como o público reagia à música do OAEOZ nas apresentações ao vivo. Em uma época em que o underground de Curitiba era monopolizado por bandas de som “indie-guitar”, ou harcore, e psicobilly, a gente apareceu com um vocalista tocando violão e cantando “pra dentro”, geralmente sentado e também tocando teclado (heresia para os roqueiros mais “radicais”); um guitarrista esquizofrênico, um violino, um baterista que não tocava como um baterista convencional. Quando quase todo mundo cantava em inglês, nosso repertório era majoritariamente de letras em português falando de amores complicados, romances sem futuro, questões existenciais: nada de política, nada de “crítica social”, nada de lições de moral ou pose de fodão. Baladas melancólicas, que explodiam em longos trechos instrumentais e improvisos. Shows de mais de duas horas de duração. Também não tínhamos nada a ver com aquele lance que rolava muito na época de “fusão de ritmos regionais” na cola do mangue beat, raimundos, ou o funk-hardcore de Planet Hemp e Charlie Brown em voga então. Ou seja, tinha tudo ao contrário do receituário, tanto do underground quanto do mainstream.
Não à toa, a reação geralmente das pessoas nos shows era de um misto de incompreensão e perplexidade, quando não de desprezo puro e simples. Nunca esqueço de um show no QG – lugar que na época abrigava praticamente só bandas de hardcore e psicobilly. Até a quarta ou quinta música ficou quase todo mundo quieto de braços cruzados olhando a gente com uma cara tipo “qualé a desses caras”. Você terminava a música e era aquele silêncio constrangedor. Só então, em uma determinada música sei lá porque alguém aplaudiu e eu não tive como segurar um comentário: “vocês são um público bem curitibano mesmo, heim?”, brinquei.
Estúdio Luna, onde o OAEOZ gravou sua primeira demo, lançada em 1998: à direita, Eduardo, violinista que tocou com a gente no início.

Mas o legal é que apesar dessa frieza da maioria, sempre tinha um maluco desavisado que vinha conversar com a gente depois do show e comentar que tinha gostado, achado diferente e tal. E assim a gente foi seguindo, meio aos trancos e barrancos, um passo de cada vez, as vezes mais rápido, as vezes quase parando, mas sempre em frente.
Olhando para trás, eu sinto que o mais importante foi que independente de qualquer coisa (reconhecimento, espaço, sei lá), a gente conseguiu construir um trabalho que se não foi tudo o que sonhava ou idealizava, traz as marcas indeléveis de um período inesquecível das nossas vidas.
Foto tirada em frente à antigo estúdio Áudio Beltrão, onde gravamos a segunda demo, De Inverno, lançada em 1999: dá pra ver que era inverno mesmo.
Nossas histórias estão lá, contadas nessas dezenas de canções, que bem ou mal, são um retrato do que a gente é e do que a gente viveu. E mesmo que a gente não consiga nunca mais fazer mais nada pelo menos 43 delas estão lá registradas, gravadas e hoje disponibilizadas para quem quiser ouvir (www.tramavirtual.com.br/oaeoz) – além das duas versões ainda inéditas em disco que estão no my space (www.myspace.com/oaeoz). Fora o material inédito em áudio e vídeo, que eu ainda sonho em editar e lançar um dia, quem sabe quando a gente tiver completando uma década de banda.
2006 tem sido um ano difícil pro OAEOZ. Os compromissos de trabalho, vida pessoal, e o próprio desgaste natural de todo esse tempo fez com que a coisa travasse. Na verdade essa situação já vem desde o segundo semestre do ano passado, quando os ensaios foram ficando cada vez mais escassos, até pararem de vez esse ano. Com isso também, as gravações das novas músicas, iniciadas em novembro e que eu esperava lançar até meados deste ano, ficaram paralisadas e só recentemente a gente conseguiu retomá-las, mesmo assim em um ritmo muito, mas muito lento.
Não tenho como esconder minha imensa frustração com isso. Parece que tudo aquilo pelo qual eu sonhei, lutei e dediquei todas as minhas forças nesses anos todos não adiantou nada, não foi suficiente para fazer com que eu pudesse simplesmente continuar fazendo aquilo que eu mais quero, que é música. Mas como “não há mal que sempre dure”, ainda alimento esperanças de que as coisas possam mudar daqui pra frente. E mesmo que isso não aconteça, de um jeito ou de outro ainda vou continuar fazendo minhas musiquinhas, mesmo que seja pra ficar tocando sozinho no quarto.
Só posso deixar aqui meu abraço e agradecimento a todos os que nos ajudaram nessa estrada. A começar pelos comparsas Igor Ribeiro, Hamilton “Camarão” de Lócco, Rodrigo “Zóio” Montanari, Eduardo, André Ramiro, Carlão Zubek, que aguentaram meu mau humor, minha ansiedade, minha total e absoluta falta de tato; aos “sócios” e irmãos Rubens K e Marcelo Borges, parceiros eternos; e é claro, à minha musa, Adriane, a quem eu dedico esses nove anos ou 3285 dias de som e fúria.

Ivan
Curitiba, 11 de outubro de 2006.

10/09/2006

Polaca Azeda - Charme Chulo - Rock de Inverno 5



Confiram mais um vídeo do Marcelo Borges no Rock de Inverno 5
Desta vez é "Polaca Azeda", do Charme Chulo, que está para sair no primeiro disco "cheio" dos caras.
Que também estão em uma entrevista legal publicada esta semana pelo Scream Yell

9/28/2006

A MÚSICA ACABOU

O título acima pode parecer exagerado e incongruente pra alguém que toca em uma banda, tem um selo independente, produz um festival e respira música mesmo quando não a está ouvindo ou fazendo. Mas é exatamente assim que eu tenho me sentido ultimamente as vezes em relação a essa coisa que a princípio eu não dava a menor importância, mas que a partir de um momento invadiu a minha vida de tal forma que ocupou praticamente todos os espaços vazios. Mas o fato é que o excesso banalizou a música de tal maneira que hoje eu as vezes me sinto enfastiado dela, e não consigo mais ter aquela relação de êxtase que antes tinha com essa coisa tão importante e tão presente no meu dia a dia. É aquele lance, hoje em dia as vezes você só quer ir num boteco sentar pra tomar uma e conversar com os amigos. Mas os caras não querem saber, tem que colocar alguma música, de preferência num volume bem alto e em um aparelho de som horrível que deixa tudo estridente e inaudível.
Além disso, esse lance de internet e mp3 e tal agravou ainda mais esse processo. É claro que por um lado isso é ótimo, pois hoje você tem acesso a coisas que de outra forma difícilmente alcançaria ou porque custaria os olhos da cara ou porque simplesmente jamais chegaria até você. Mas por outro lado, parece que nunca a gente teve acesso a tanta coisa, e nunca houve tanta desinformação e indiferença. É claro que eu também me deslumbrei e sai baixando um monte de coisa que eu queria e outras que eu nem conhecia e tal. Mas a verdade é que ninguém (ou será que sou só eu) consegue absorver tanta informação direito. Sinto saudade daquele tempo em que você ficava esperando um ou dois anos pra tua banda preferida lançar um disco novo, tinha que esperar mais um tempo praquele disco chegar nas lojas da tua cidade, economizar uma grana e ir lá pegar aquele bolachão em vinil, com aquela capa grandona e quando colocava aquilo na vitrola e a agulha começava a girar, putz, era como se um novo mundo se abrisse na tua vida. Hoje, eu tenho um monte de cds e dvds com mp3s em casa, mas na maioria das vezes quando eu realmente quero ouvir alguma coisa que eu gosto, acabo voltando nas mesmas músicas e bandas. Sim, tem muita coisa nova legal, e eu gosto de descobrir coisas novas, mas é cada vez mais raro que elas me despertem aquele sentimento forte que eu tinha e ainda tenho com determinadas coisas.
Esse ano, por exemplo, teve vários discos muito bons por aí, como o do Cascadura – perfeito em suas canções e sua produção esmerada. O do Flaming Lips, com seu freak rock spacial. O disco do Morrissey também é muito bom. Mas na verdade, por mais que eu tenha gostado desses discos, pouca coisa me tocou realmente.
Uma delas eu já comentei aqui, o disco novo da Cat Power, com aquela voz grave e “quente” de fazer derreter as calotas polares. Maravilhoso. Tô viciado.


Mas ontem, eu procurei de novo pra ouvir uma banda que eu já conhecia um pouco e tinha ouvido rapidamente o novo trabalho deles mas ainda não tinha me tocado. To falando do Monodia, de POA, que conhecemos depois de fazer contato com o pessoal do Deus e o Diabo. É a banda da violinista do DEOD, a gente boa Desiré. E porra, as músicas novas dos caras caíram como uma bigorna na minha cabeça. Me deram aquele nó no estômago que só coisas que despertam sentimentos muito fodas me fazem. Como é bom isso. Como é bom saber que apesar de toda a banalização, toda a babaquice marqueteira, toda pose inútil que assola esse meio “musical”, seja ele mainstream ou udigrudi, ainda existe gente capaz de fazer canções que te emocionam de verdade. Que te fazem lembrar porque afinal você um dia se deixou envolver por isso de tal forma que parece que não sobrou espaço pra mais nada na sua vida.
Não que o som deles seja revolucionário ou traga algum tipo de grande novidade e i nditismo. Longe disso. Eles também não são virtuoses, e a produção, apesar de bem feita, e simples. Mas é justamente essa simplicidade que faz com que o poder dessas singelas canções te atinjam ainda mais em cheio. “Não tenho mais, não tenho mais, medo do escuro/não tenho mais medo de brincar/só”, diz a aterrorizantemente simples “Só”. “Quando o silêncio fala por nós dois, é porque já não há mais nada”, cantam na assustadoramente bela “Noite”.
E o vocal, putz, o cara canta como se tivesse sussurrando uma canção de ninar no seu ouvido. Maravilhoso. Alguns momentos lembram as conterrâneas Blanched e o próprio DEOD (e isso é um elogio, porque eu adoro essas bandas), e uma outra banda que provavelmente ninguém nem eles conhecem, que eu gosto muito, chamada lesionada, do Espírito Santo, e que nem deve existir mais. Mas enfim, não é isso o importante, o importante é que ouvir essas coisas me fazem de novo ter vontade de pegar o violão e pelo menos tentar arriscar minhas cançõezinhas, mesmo que ninguém esteja interessado ou disposto a dar qualquer atenção a elas. Mesmo que hoje fazer música pra mim está cada vez mais difícil, e que por um monte de motivos, eu nunca tenha me sentido tão vazio, frustrado e perdido em relação a minha banda e aquilo que eu tanto lutei e mais desejei fazer nunca esteve tão distante e inacessível. Mesmo que as vezes que sinta que tudo o que eu fiz se desfez como um castelo de cartas.
Foi só ouvir essas canções, e todo aquele desejo de fazer música se renovou e pareceu vir ainda mais forte. Como tava comentando ontem com a Adri, a gente não aprende mesmo, não tem jeito. Pois é Desiré e monodias, eu não sei se agradeço vocês ou os amaldiçoo. Mas acho que vou ficar com a primeira opção. Pelo menos até a próxima canção terminar. Valeu mesmo.

e se alguém estiver interessado em entender o que eu to falando (pelo volume de comentários por aqui duvido, mas sempre tem um maluco desavisado - né rubens)
o ep do monodia tá disponível na trama

http://www.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=108

Ivan

9/25/2006

Mordida – Judy – Rock de Inverno 5



E pra começar a semana em alto astral, mais um vídeo inédito do Rock de Inverno 5, feito pelo Marcelo Borges. Desta vez é o Mordida, tocando Judy, quando a banda ainda tinha a Tati Lemos nos vocais. Classe. Só lembrando que o áudio que está aí não foi mixado, portanto ainda vai melhorar muito. Mas nada que comprometa a audição. Dá para ter uma boa idéia do que foi o show.

9/15/2006

De lembranças (em vídeo), noitadas e comparsas



Noitada excelente, como só aquelas em que a gente se encontra com grandes e velhos amigos pode oferecer. O show do Folhetim foi perfeito. Nada como show em teatro para você ouvir de verdade todos os detalhes da música de uma banda. E os caras mostraram que fizeram a lição de casa direitinho. Show redondo, sem arestas, sem deixar cair a peteca em nenhum momento. Participações especiais de vários meliantes da “máfia”, entre eles este que voz escreve, mister Linari, Rodriguinho, o grande Paulinho Branco. Parabéns a todos os folhetinescos. E Carlão, depois de quinze anos nessa correria de show, festival, selo, produção, equipo, gravação, cartaz, etc, acho que tenho uma “parca” idéia do que você está sentindo. Entendo perfeitamente tua expressão meio perdida de quem parece não saber se está feliz por estar ali ou torcendo pra que tudo acabe logo. Já passei por essa de se quebrar tanto pra fazer a coisa, que quando acontece você tá tão cansado que as vezes nem consegue aproveitar direito. Mas fica frio cara. Foi muito bom. Tá feito. Tá registrado. Agora é história. Relaxa e aproveita, porque apesar de todo o perrengue ou justamente por ele, a gente tem que valorizar esses momentos especiais. Vocês merecem.
Mas o melhor (ou pior, dependendo do ponto de vista), veio depois do show, quando uma trupe inacreditável de mais de vinte pessoas invadiu o Pudim para o horror dos garçons da casa, e só saiu de lá a 1 hora enxotada. Parte dela rumou para o folclórico Japas Bar, que mais parece um cenário de um filme do Tarantino. Que que é aquele Japa? Pois bem, várias cervejas e chiboquinhas depois, nem o Japa aguentou a gente.
Muito bom ter mister Linari por aqui de novo. É incrível como esse cara ocupou um espaço tão grande em nossa pequena, estranha e barulhenta “famiglia”. É como se a gente conhece o cara a vida toda. Ver o Linari no palco, cantando com o Folhetim, faz a gente entender porque é que a gente insiste nessa história de música por tanto tempo (que diga o Rubens, com sua carteira da OMB de 1989), mesmo que isso custe um pouco do que resta de nossa sanidade mental e física, ou mesmo sem saber se algum dia vai chegar a algum lugar, ou sequer se existe algum lugar pra chegar. O cara foi feito pra isso, pra estar em cima do palco. Esse maldito tablado iluminado e sonorizado é a melhor droga que existe. E os poucos minutos que a gente consegue finalmente chegar lá e fazer o que tem que ser feito fazem valer toda uma vida de sangue, suor, lágrimas e ressacas, e frustrações e vontade de mandar tudo à merda, e desprezo e ...vontade de começar tudo de novo porque sempre tem uma canção perdida por aí precisando ser descoberta, trazendo um sentimento novo que te alimenta a vontade de seguir em frente.
Que venham outras. Enquanto a gente tiver força pra ficar de pé e segurar uma guitarra, vai ser assim.
Pra terminar, mais uma preza de outro sócio honorário dessa nossa pequena e insana “famiglia” rock n roll. Mister Marcelo Borges nos avisa de lá do outro lado do Atlântico e vocês podem conferir aí acima a estréia mundial do primeiro vídeo de uma música do disco “Às vezes céu”, do OAEOZ. Marcelinho nos deu a honra de videografar “Lembranças não valem nada”, com imagens de viagens dele de trem pelas terras da rainha, e pela Europa (Cracóvia, me parece, não me pergunte onde fica). E como em todos os vídeos que o Marcelo fez pra gente, é uma criação toda dele, sem qualquer participação da banda que não seja fornecer a música e a inspiração. E como sempre, ficou perfeito. Confiram, comentem, link em seus blogs e o scambau. A famiglia OAEOZ mais uma vez agradece ao nosso parceiro, que em breve, esperamos, estará de volta por aqui para armarmos mais algumas artimanhas.

9/14/2006

Histórias de um Folhetim Urbano no teatro

Jornal do Estado

Independente - disco

Adriane Perin

Foto: Jonas Oliveira
Renato, Carlos e Marcelo: primeiro disco na praça

O disco Cativeiro abre com um rock “funkeado”, margeado pelo saxofone falante do jazzista Paulo Branco e vocais devastadores de Marcos Linari, da paulista La Carne, tudo muito bem coberto pela base baixo-guitarra-bateria, na letra de pegada meio política de “Guerrilha”. “F de Todos nós”, a segunda faixa, mantém o clima nervoso para ceder espaço à bela “Avon”, homenagem póstuma ao avô de dois dos integrantes, que começa num clima bem U2, até a entrada da voz que da o tom ao lado de uma guitarra mais evidente para a letra: “Não feche os olhos pra sonhar, não pare para descansar, a vida segue e procura o fim sozinha”. Uma música bonita, comovente... e tão simples. É assim: intenso, simples e belo, o álbum Cativeiro, estréia da banda Folhetim Urbano, que faz hoje no Teatro do Sesi seu lançamento. Trata-se de um trio de “irmãos-amigos” que leva a risca a essência motriz do rock n roll: “fazer um som”. A atitude resume bem as intenções de Carlos e Renato Zubek e Marcelo Chytchy, que surgiram como Sabadá em 2001 e ano passado decidiram se dar uma cara mais de cidade. Sinceridade, cotidiano, autenticidade são termos muito usados, mas não, necessariamente, sinônimo de boa música. Mas aqui eles são eficientes numa tentativa de descrever o Folhetim. Entre os três existe, mesmo, uma autenticidade comportamental traduzida em canções, que destoa das “tendências indies” e não dá a menor bola para caras e bocas e poses. Eles parecem não precisar de nada mais do que fazer um som com os amigos, sem pretensões. Ops, outra dessas palavrinhas gastas em textos de apresentação de bandas. Então, empresto os dizeres do mestre Mario Bortolotto para uma correção. Quem aqui quer ser desprentensioso? Eles são pretensiosos, sim, afinal montar uma banda, fazer um disco e ter coragem de encarar um palco não é para quem gosta de ver a vida passar na janela. E a dedicação dessa trupe a este trabalho, é um caso desses. Folhetim não é banda que toca toda noite, mas quando promove uma balada, pode saber que além de música boa e poesia, vai ter muitos sorrisos abertos e pessoas se divertindo pra valer. Porque como bem diz o texto de apresentação do trio: “Se o teu negócio é caras e bocas, penteados da moda e promessas de salvação do rock, esqueça. Se é ouvir boas canções, de gente de carne e osso, pode vir nessa que tamo junto”.

Serviço: Lançamento do disco Cativeiro, da banda Folhetim Urbano. Dia 14 às 20h. R$10 e R$5. Teatro do Sesi (R. Pe. Leonardo Nunes, 180). Informações: (41) 9958-4000.

9/12/2006

Confraria Folhetim

Foto: Andy Avon
Folhetim Urbano é uma banda de Curitiba que faz música com a despretensão e a paixão de quem joga uma pelada de futebol de várzea. Rocks básicos com letras em português falando de gente que levanta cedo, pega ônibus, paga aluguel, e vive seus amores e desencantos longe de manchetes e telejornais. Por mais desgastada que possa parecer, a palavra aqui é autenticidade. E pra entender isso basta dar um pulo em uma apresentação dos caras ou ouvir esse CD que está nas suas mãos, e que será lançado com show no próximo dia 14/09, quinta-feira, no teatro do Sesi no bairro do Portão. O disco tem a distribuição do selo independente De Inverno Records, de Curitiba.
Mais que uma banda, o Folhetim é uma confraria, uma reunião de amigos e famílias que se encontram em torno desses três freak brothers Carlão Zubek (guitarra, voz, letras), Renato Zubek (baixo, voz) e do baterista Marcelo Chytchy. “Cativeiro” traz o registro de estréia dos caras em disco com cinco composições próprias da banda que nasceu em 2001, ainda como Sabadá, trocando o nome para Folhetim Urbano no ano passado. O clima de confraria é confirmado pela participação decisiva e intensa de várias figuras dessa “máfia”, como o baixista Rubens K, que faz a co-produção do disco. O vocalista da banda osasquense La Carne, Marcos Linari, cantando, e Rodrigo Genaro na bateria de “Guerrilha”. Paulinho Branco empresta seu saxofone à mesma ‘Guerrilha”, e ainda a “Fases, frases e tempestades”. Mr Carlos Codespoti comparece com as fotos da capa. A arte do CD e capa fica por conta de Zubartez.

Nas cinco músicas, o que se ouve é o que se percebe quando se conhece os caras. Uma banda que não faz pose de “cool”, nem está preocupada em parecer fashion, mas sim em contar suas histórias sem qualquer compromisso que não seja simplesmente fazer o som que curte com os amigos, e se divertir com isso. Esqueça essas bandas que prometem reinventar a roda. Em um mundo em que todo mundo quer ser celebridade e os roqueiros parecem mais preocupados com seus cabelinhos simetricamente desalinhados, ouvir Folhetim Urbano é descobrir que ainda existe gente de verdade, que trabalha, cansa, pragueja, se sente frustrada e luta contra tudo isso todo dia com um sorriso no rosto, uma guitarra nas mãos, uma boa melodia na cabeça, e uma vontade inexplicável de fazer algo mais do que apenas seguir a manada e sobreviver.
Nas canções do Folhetim cabem tanto rocks furiosos, quanto funks adrenalinados, ou baladas pop que poderiam circular tranquilamente nos ipods e rádios rocks da vida. Nas letras, experiências pessoais (“ontem eu vi alguém que se ama, isso é raro e já não me toca mais”), romantismo ingênuo (“não feche os olhos pra sonhar, não pare para descansar, a vida segue e procura um fim sozinha), crônica social (“cê lembra daquele menino que batia em sua porta lhe pedindo uma chance?), e porque não, crítica política (“quem pegar mais americano, vence o show, business...”). Mas tudo isso com a naturalidade e desencanação de quem dá um passe pro amigo completar pro gol. Ou bate um pingado com pão e manteiga na esquina antes de encarar mais um dia de trampo.

Se o teu negócio é caras e bocas, penteados da moda e promessas de salvação do rock, esqueça. Se é ouvir boas canções, de gente de carne e osso, pode vir nessa que tamo junto.

SERVIÇO:

Show de lançamento do CD Cativeiro
Banda Folhetim Urbano
quinta-feira 14/09/06, às 20 horas
projeto Quinta do SESI
Teatro SESI do Portão
Rua Padre, nº 180
Próximo ao BIG do Portão
Ingresso: R$ 10,00
e R$ 5 (estudantes e industriários


Contatos:
www.folhetimurbano.com
fu@folhetimurbano.com

8/28/2006

GIANOUKAS PAPOULAS - Panorâmica - Rock de Inverno 5



e pra começar bem a semana, o Marcelo nos avisa de mais um vídeo do Rock de Inverno 5 saído do forno. Desta vez, dos nossos amigos paulistanos do Gianoukas Papoulas, com a música "Panorâmica", que está no novo disco dos caras e pode ser baixada junto com as demais faixas do disco na página do Gianoukas.
Só é importante explicar que esse áudio que está no vídeo ainda é provisório. A áudio definitivo ainda vai ser mixado depois que todos os vídeos estiverem prontos, e deve melhorar bastante.
por enquanto é isso
boa semana e aproveitem

8/24/2006

N.Y.C.



e eu pensava que esse ano não ia rolar de assistir nenhum show de gente grande de fora, porque eu não ia ter grana pra viajar pra sampa ou outro lugar, e o CRF/sonora, sei lá o que, tá vai não vai. Mas hoje de manhã a Adri me ligou contanto que vai ter Tim Festival na pedreira, dia 31 de outubro, com ninguém nada menos que a lenda viva do punk novaiorquino Patti Smith, e de quebra, os Beasty Boys. Excelente. Oportunidade única de ver ao vivo por aqui uma mulher porreta, parceira e companheira de Fred Sonic Smith, frequentadora do palco do CBGB ao lado de Ramones, Television, Richard Hell...
Aí em cima, um videozinho pra ir esquentando.

8/16/2006

Cascadura: sem ilusões e com os pés no chão

Jornal do Estado de hoje

Fábio Cascadura, o compositor e criador da banda, conversou com o Espaço 2
Adriane Perin
Já está nas bancas a mais nova edição da revista Outra Coisa e junto com ela um delicioso presente sonoro, Bogary, o disco novo da banda baiana Cascadura.
O grupo, que tocou em Curitiba no festival Rock de Inverno 6, quer voltar ainda este ano. Bogary é o quarto álbum e tem a tarefa de ocupar o lugar do excelente Vivendo em Grande Estilo. A diferença deste trabalho, diz Fábio Cascadura, criador do grupo que nasceu Dr. Cascadura, é a orientação artística musical que nos primeiros era mais voltada para o rock clássico. “Nosso som remetia a esfera que veio logo depois da primeira geração dos anos 50 e que culminaria nos anos 70”, comenta. A sonoridade setentista foi uma das marcas do grupo no disco anterior, mas a banda já havia, nas palavras de Fábio, “esgotado aquele formato e queria agregar referências mais contemporâneas”. “Agora é nosso momento de ruptura completa, já que no anterior começamos a emular uma personalidade mais nossa”, avalia.
Para este disco foi tudo mais simples, de certa forma. “Os produtores foram capazes de criar a atmosfera em que a banda expõe suas influências sem ser obliterada por elas”, comenta sobre Bogary que foi feito em parcos 22 dias em estúdio. “Não foi corrido, aconteceu naturalmente. Nos outros discos ficamos muito tempo ensaiando e ainda nos demoramos no estúdio porque queríamos reproduzir o que havia sido ensaiado. No Vivendo, não ensaiamos nada até entrar no estúdio e também foi bem bacana, em 40 dias”, diz, reforçando a importância dos produtores, andré p. e Jô Estrada. “Foi uma troca mesmo”. A única coisa que ele pediu à dupla foi: não vamos usar nem piano nem violão. “Foi tudo na guitarra, baixo e bateria e estamos muito satisfeitos. Nunca gostei tanto de um disco. Em geral, depois que gravo me desinteresso como objeto artístico, mas desta vez esta sendo bem diferente”, diz.
O disco está mais pop e o termo não incomoda a banda. “Se é para usar um rótulo, acho esse apropriado. É um disco mais digerível. Já me perguntaram se a banda faz pós- rock. Eu acho que é só um rock”.
O grande lance é estar encartado numa revista que vai levá-lo ao Brasilt todo, algo muito difícil para um grupo alternativo. Era para ser o relançamento do Vivendo, mas acabou surgindo um novo disco no caminho e o relançamento ficou com a Monstro Discos, o que também é bom, pois Vivendo merece ser mais conhecido.
A distribuição pela revista tira um peso das costas da banda, mas continua sendo necessário força e persistência. “Claro que é bom este apoio que nos leva para um novo lugar em um mercado que está se redefinindo. Não podemos nos acomodar como artista que só sobe no palco e toca. Nós gerenciamos nossa parte para dar satisfação aos parceiros. E da mesma forma eles com a gente”.
De qualquer maneira pode estar nascendo uma nova fase para o Cascadura. “Ano que vem fazemos 15 anos e conseguimos agora uma exposição que nunca tivemos antes, entrar em centros que nunca chegamos. Também, estamos num ponto em que não temos muitas ilusões acerca de estrutura e mercado. Sabemos onde estamos nos metendo. É uma nova etapa que começa sem ilusões e com os pés no chão. Não tem essa conversa de vamos estourar, aliás o que tenho ouvido muto e acho graça. Possibilidade existe, mas não vou ficar correndo atrás dela. Estamos mais preocupados em conservar a música que a gente faz”, garante.
Serviço
Em breve novo site da banda. Por hora, dá pra conferir o www.fotolog.com/dr.cascadura

“Não somos a melhor banda da última semana”

JE de hoje


Jornal do Estado — O que é ser uma banda nesses tempos de “maior banda de todo os tempos da última semana” para um grupo que tem quase 15 anos?
Fábio Cascadura — Não ser a maior banda da última semana. A gente não quer ser uma dessas. Já temos nossas maiores bandas de todos os tempos e posso te assegurar que nenhuma delas é de fora do Brasil. Nós só queremos ser uma banda de rock, mesmo.
JE — E o que é ser independente agora que o termo virou grife?
Fábio Cascadura — É estar envolvido com todos os períodos e detalhes da construção da carreira. Pra mim independência significa meter a mão na massa de verdade. É fácil se dizer independente, mas ser de verdade, é outra história.
JE — Porque um disco físico, num tempo em que a internet está mais forte do que nunca e dizem que “ninguém compra mais ”
Fábio Cascadura — É fundamental, porque nem todo mundo tem acesso à internet. E tem o lado da satisfação, eu sou do tempo do vinil e preciso desse retorno visual, tátil e não só auditivo.
JE — Porque o rock na terra do Axé?
Fábio Cascadura — É a terra do axé que está no planeta do rock. A Bahia tem um histórico de lançar rock e produzir ícones – a cada dez anos surge um Raul Seixas, Camisa de Vênus, uma Pitty. Nós fazemos parte de uma geração – com Dead Billies e Brincando de Deus – que ajudou a criar uma situação mais consistente na cidade, que permite que uma Pitty seja revelada ao grande público.
JE — Quem é cascadura no circuito independente brasileiro de hoje?
Fábio Cascadura — Pra mim é inevitável não citar o Cachorro Grande, que primeiro quando vi pensei que fosse só uma brincadeira. Quando notei que era banda de verdade, achei a melhor coisa do mundo. Também tem a Monstro Discos que passou a fase de ser independente por falta de opção, ela é, mas não de qualquer jeito.

Jornal do Estado de hoje A memória da música paranaense

Já está disponível para pesquisa o acervo do Musin – Museu do Som Independente, em Curitiba. Trata-se do material coletado ao longo das duas últimas décadas pelo pesquisador Manoel Neto. Ele trabalha para transformar o endereço oficialmente em um Museu, processo lento que corre junto com o trâmite para que seja tombado como bem histórico cultural do Estado.
São 10 mil folhetos e cartazes de eventos culturais, 1500 vinis, cassetes e cds de músicos locais, mil publicações, como fanzines, livros e informativos, e mais de 3 mil fotos relacionadas ao tema. “Técnicos da Secretaria da Cultura já avaliaram o material para dar entrada no processo, só que isso é demorado”, comenta. O pesquisador explica que o problema por hora é o espaço não ser institucionalizado. “É difícil conseguir verba para dar continuidade. Mas, estar sendo usado como fonte de pesquisa já conta pontos, porque é utilidade pública”, esclarece ele que, enquanto isso, vai trabalhar com Leis de Incentivo como pessoa física.
Não é de hoje que o material recolhido por Neto tem sido fonte bibliográfica para o crescente número de projetos acadêmicos que se debruçam sobre o assunto - e também para a imprensa. Este é o único acervo organizado da história da música paranaense de que se tem notícia. “O acervo não está inventariado e isso custa caro. É a velha lição punk de romper algumas questões e dar um jeito de fazer o que precisa ser feito”, completa. O setor de Patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura confirmou que o trâmite está correndo e agora só depende de Neto cumprir as contrapartidas exigidas. Neto, que também vem participando de discussões de política cultural nacional, está bem otimista com o momento. “O mais difícil é ter base consistente e nisso, pelo que tenho visto, estou a frente no Brasil inteiro. A idéia de que já fiz o mais importante, me deixa tranqüilo, agora tenho que organizar”. Ele sabe também que agora é que o bicho vai pegar. Afinal, organizar mais de 40 mil páginas de documentos não é bolinho. “É engraçada: a gente faz a pesquisa e pensa que ela é a questão, mas não. O uso dela e a institucionalização do acervo é a questão. Eu achava que o trabalho estava feito, e é agora que começa”. (AP)
Serviço
MUSIN - Museu do Som Independente (Av Luiz Xavier 68, conjunto 1618 - Galeria Tijucas,). Para visitar é preciso marcar hora antes. Informações: (41) e 41 9604 3992 ou pelo email manoel_umbigo@-yahoo.com.br.